sábado, agosto 05, 2017

Tarantino não passou por aqui

Esta nota sobre a estreia do filme Baby Driver (subtítulo português: Alta Velocidade) foi publicada no Diário de Notícias (3 Agosto).

Chama-se Baby Driver no original e é o mais recente exemplo de um certo cinema intelectual americano que, ao contrário da mais nobre tradição de Hollywood, confunde o espectáculo com a inventariação de cauções cinéfilas. A história do jovem condutor de automóveis (Ansel Elgort, tão expressivo como uma bica mal tirada) que aluga os seus serviços a quadrilhas de assaltantes é encenada como uma pretensiosa variação sobre Quentin Tarantino: muitos carros a acelerar e uma interminável colagem de canções na banda sonora...
Estamos perante o grau zero de um cinema que confunde a multiplicação de referências superficiais com a construção de uma verdadeira visão do mundo, das imagens e dos sons. Além do mais, o ponto de partida é uma cópia directa do excelente The Driver, com Ryan O’Neal, realizado por Walter Hill em 1978.