domingo, janeiro 15, 2017

Debussy... em San Francisco



Profundo admirador de Claude Debussy (1862-1918), o maestro norte-americano Michael Tilson Thomas – que é atualmente o diretor artístico da San Francisco Symphony, orquestra que, além das gravações de Beethoven e Mahler, tem vindo a criar através da sua SFS Media uma das mais estimulantes discografias recentes com registos da música para orquestra do século XX – dedica um dos melhores discos deste ano a um conjunto de obras orquestrais do compositor francês.

Já com importantes edições dedicadas a Debussy em Le martyre de St. Sebastien (gravado pela Sony Classical em 1993 com a London Symphony Orchestra) e um trio de sonatas registadas em conjunto com elementos da Boston Symphony Orchestra (editado pela Deutsche Grammophon em 2007), neste seu novo disco com a San Francisco Symphony aborda obras compostas entre 1905 e 1913 (posteriores portanto às mais “emblemáticas”, e mais vezes gravadas, Prélude à l’après-midi d’un faune, de 1894, ou La Mer, de 1904 ), entre as quais sublinha a riqueza e complexidade do trabalho para diversos instrumentos que estas peças convocam, mostrando a gravação como a orquestra tão bem depois as executa.

O tríptico Images (que corresponde a um conjunto de peças que surgiram num intervalo de tempo entre 1905 e 1912), o bailado Jeux (estreado em 1913 com uma coreografia de Nijinsky) e La Plus Que Lente (versão orquestrada de uma peça para piano estrada de 1910) fazem o alinhamento de um disco que confirma no maestro e na orquestra uma referência do nosso tempo que não se esgota apenas nas aclamadas abordagens a Mahler (como chegámos a ver há poucos anos na Gulbnekian), nem nos grandes compositores contemporâneos norte-americanos . E aqui vale a pela recordar que obras como West Side Story de Leonard Bernstein e Harmonielehre, de John Adams, tiveram recentemente na SFS Media, por Tilson Thomas e a San Francisco Symphony, gravações de primeiríssima linha.