quinta-feira, outubro 27, 2016

Marilyn — memórias fotográficas (1/4)

FOTO: Milton Greene, 1954
Uma exposição em França, numa instituição de Aix-en-Provence, refaz a história de Marilyn Monroe através de algumas das suas mais emblemáticas fotografias — este texto foi publicado no Diário de Notícias (22 Outubro), com o título 'A arte de fazer pose segundo Marilyn'.

Será que ainda há fotografias inéditas de Marilyn Monroe? A pergunta envolve esse assombramento amargo e doce que associamos à memória trágica de algumas estrelas de cinema. Dir-se-ia que o nosso egoísmo visual favorece a ilusão de que o aparecimento de imagens desconhecidas é um evento mágico que corresponde a uma perversa forma de resgate: cada imagem acrescentada à mitologia relança a sua energia simbólica, afastando a certeza irreversível da morte.
Em todo o caso, sejamos práticos, ou melhor, realistas. Vale a pena repensar o assunto de modo menos crispado e celebrar as imagens, todas as imagens, que já conhecemos. Porque, afinal, o seu poder é tão ancestral quanto o dos bichos desenhados pelos homens das cavernas — cada uma dessas imagens regressa sempre igual, sempre diferente, como se o nosso extasiado olhar fosse o guardião de um saber cristalizado para todas as eternidades.
Assim se apresenta a exposição dedicada a Marilyn que, a partir de hoje [22 Out.] (até 1 de Maio de 2017), está disponível em Aix-en-Provence, no sul de França, a cerca de 150 km de Cannes. Quem a propõe é o Hotel de Caumont/Centre d’Art, instituição gerida pela Fondation Culturespaces que tem também a seu cargo, entre outros espaços culturais, o Museu Maillol de Paris e o Théatre Antique em Orange. O título contém uma demanda de amor — “Marilyn: I Wanna Be Loved By You” —, definindo também uma lógica informativa e didáctica: trata-se de dar a ver a trajectória dessa mulher que nasceu com o nome de Norma Jeane Mortenson (1926-1962) através dos olhares de alguns fotógrafos de eleição.

>>> Trailer da exposição de Aix-en-Provence.


[continua]