sexta-feira, julho 08, 2016

Beyoncé — palavras contra a violência

I. Na sequência das mortes de Alton Sterling e Philando Castile, dois cidadãos afro-americanos, Beyoncé publicou um testemunho no seu site. Reflectindo sobre a vaga de "assassinatos de homens e mulheres jovens nas nossas comunidades", a cantora lembra que se trata de uma "luta humana" que está para além da "raça, género ou orientação sexual" — o seu testemunho ecoa também o discurso multifacetado, estético e político, do seu Lemonade, em formato de "álbum visual".

II. Na Polónia, onde participou numa reunião da NATO, o Presidente Barack Obama comentou os tiroteios em que a polícia esteve envolvida, sublinhando que aquilo que está em jogo "está longe de ser apenas uma questão negra" — num caso como noutro, são elementos essenciais de reflexão para uma conjuntura em que, além do mais, a velocidade de informação e a proliferação de imagens (mais ou menos "amadoras"), mais do que elementos noticiosos, passaram a reflectir modos específicos de viver o quotidiano e habitar os lugares a que pertencemos.

III. Michael Eric Dyson, um professor de sociologia na Universidade de Georgetown, autor do livro The Black Presidency: Barack Obama and the Politics of Race in America, analisa a conjuntura de forma drástica, em artigo de opinião no New York Times, intitulado 'O que a América branca não consegue ver' — o ponto de partida diz mesmo que "é claro que vocês, América branca, nunca nos compreenderão". Entretanto, em editorial, 'Quando acabará a matança?', o jornal reflecte sobre o papel dos novos meios de registo e difusão (telemóveis, Internet) no conhecimento de factos tão dramáticos — esta imagem, da autoria de Justin Renteria, ilustra o editorial.