sábado, outubro 17, 2015

Real Lies — realismo britânico

Desde o lendário documentário Drifters (1929), de John Grierson, o realismo britânico é uma referência cinematográfica que, em boa verdade, circula pelos mais variados domínios. A música, por exemplo — e em particular a música britânica que, directa ou simbolicamente, persiste na sua vontade de integrar referências mais ou menos "documentais" às vivências do quotidiano.
O caso do grupo londrino Real Lies é exemplar — dir-se-ia a partir da magnífica capa do seu primeiro álbum, figurando personagens de uma infância em que a tristeza enigmática de um olhar pode coexistir com o frenesim de um telemóvel. Aliás, para que não restem dúvidas, o disco intitula-se Real Life, dissertando sobre um quotidiano que, num texto de The Guardian, era sugestivamente definido como uma confluência de "noites longas, ruas vazias e desgastado consumismo".
Com o seu mundo desenhado, algures, entre as electrónicas e algumas sugestões de spoken word, Real Lies tem suscitado as mais diversas associações, desde as estruturas narrativas de Mike Skinner e The Streets até às fanfarras dos Pet Shop Boys — são boas memórias para descobrirmos, por exemplo, Seven Sisters.