quinta-feira, agosto 27, 2015

Frank Zappa, opus 100

Digamos, para simplificar, que algures em 1993 Frank Zappa desembocou num trabalho em que a acumulação de sons (electrónica, ambientes, água a escorrer...) se conjugou com a visita de um grupo de cantores da República de Tuva, na Sibéria do sul. Isto para além de um apaixonado regresso aos sentimentos tradicionais (?) da guitarra, cruzados com o uso obsessivo do Synclavier e a presença clássica (?) do piano. Estranho? Muito estranho, caro leitor. E apetece dizer: tanto mais fascinante quanto mais estranho.
Na prática, aí está, finalmente editado no ano da graça de 2015, o álbum nº 100 da discografia oficial de Zappa, terminado pouco antes da morte do músico, a 4 de Dezembro de 1993 (contava 52 anos). Dizer que se trata de um exercício que encaixa no género experimental é quase uma ofensa, de tal modo aquilo que aqui acontece se distancia de qualquer noção estabilizada de género. Fiquemo-nos, para já, pela ideia de que se trata de um apelo/desafio à dança, festivamente formulado no título Dance Me This. E evitemos a facilidade de repetir que Zappa está sempre à frente do seu tempo. Acontece que o seu génio inventa a medida do seu próprio tempo — resta-nos acertar o relógio.


>>> Dance Me This no PopMatters.