segunda-feira, julho 13, 2015

Curtas 2015 [realismo]


[ rosto ]  [ baleia ]  [ cão ]  [ Technicolor ]  [ urso ]  [ corpo ]  [ insectos ]  [ memória ]  [ Caeiro ]  [ histeria ]  [ Anita ]

Decididamente, o realismo austero de um filme como A Bébé, do iraniano Ali Asgari, não está na moda — hoje em dia, a arbitrariedade das "experimentações" mais ou menos trapalhonas e auto-indulgentes tende a produzir um efeito social muito mais forte (como se a agitação audiovisual, tele-dependente, fosse sinal de um genuíno trabalho com as imagens e os sons). A Bébé parte do drama de uma jovem — onde deixar a sua filha, de modo a esconder a sua existência aos próprios pais? —, para construir uma visão que se cola às singularidades dos corpos e dos olhares. O realismo, entenda-se, não é a "espontaneidade" televisiva, antes se liga com uma exigência narrativa que desafia os próprios limites figurativos e conceptuais do facto cinematográfico. Além do mais, compreendemos que o filme de Asgari é cúmplice do labor de cineastas como Abbas Kiarostami, Jafar Panahi ou Ashgar Farhadi, correspondente a uma fascinante escola do olhar.