terça-feira, abril 21, 2015

Uma noite com os Kraftwerk
(que não se esgotou na tecnologia 3D)


Onze anos depois o regresso foi magistral. E quem reduz a experiência às projeções 3D então não ouviu a música, que foi mesmo a peça central do concerto, deixando claro que mesmo entre temas compostos entre 1974 e 2003 não é de nostalgia que se fala quando se fala dos Kraftwerk. Escrevi sobre o concerto na Máquina de Escrever. E começava assim...

Era um pequeno disco voador. Depois de cruzar o espaço para além do grande ecrã, cortesia das projeções 3D, encaminhou-se para a superfície do planeta. Instantes antes, e já ao som de Spacelab, as imagens, que antes mostravam a Terra como um todo, tinham focado atenções sobre a Península Ibérica, mais adiante claramente mostrando Lisboa como sendo o seu destino… A sala, à pinha, aplaudia entusiasmada com o cartão de visita… Mas ninguém estava ainda a imaginar que, segundos depois, o mesmo ecrã suspenso por detrás dos quatro músicos, mostrava aquele disco voador branco e polido a aterrar em pleno Rossio. Ou seja, ali mesmo a uma rua de distância do Coliseu de Lisboa. A estratégia de comunicação fez lembrar o uso da bandeira ou do cachecol da seleção nacional que frequentemente gera empatia evidente em tantos concertos pop/rock, embora aqui numa alternativa devidamente enquadrada no contexto dos sons, das imagens e da própria personalidade da obra e seus autores. Afinal eram os Kraftwerk quem. protagonizava a noite. E quem achava que eram banda sem humor ou a funcionar em piloto-automático, saiu dali desiludido. Na verdade deram um concerto magistral, com um alinhamento onde coube a surpresa, numa noite que ficou longe de ser uma viagem nostálgica pelas sonoridades que inventaram uma pop feita com electrónicas nos anos 70, mas onde todas essas recordações também ali couberam.

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