sábado, março 28, 2015

András Schiff entre os séculos XVIII e XIX

* Terça, 24 Mar. 2015, 19:00 - Fundação Gulbenkian, Grande Auditório
> András Schiff (piano)
- Últimas Sonatas III
*Joseph Haydn
Sonata nº 62, em Mi bemol maior, Hob.XVI:52
*Ludwig van Beethoven
Sonata nº 32, em Dó menor, op. 111
*Wolfgang Amadeus Mozart
Sonata nº 18, em Ré Maior, K. 576
*Franz Schubert
Sonata em Si bemol maior, D. 960

Se outras razões não houvesse para celebrarmos o admirável concerto do húngaro András Schiff na Gulbenkian, a interpretação do segundo andamento (Arietta: Adagio molto, semplice e cantabile) da Sonata nº 32 de Beethoven seria mais que suficiente. Nesta "música de charneira que resume o passado e prepara o futuro", para usarmos a feliz expressão de Francisco Sassetti no programa, redescobrimos a fascinante vacilação de um mundo de pensamento e estruturas musicais em que tudo parece possível, à beira da decomposição, e ao mesmo tempo de uma consistência dramática que transcende qualquer contexto em que escutemos tais sons.
Vogámos, assim, entre 1789 (Mozart) e 1828 (Schubert), passando por 1794-95 (Haydn) e 1821-22 (Beethoven), revisitando esse turbilhão de invenções que liga — e, afinal, separa como dois corpos estranhos — os séculos XVIII e XIX. Nesta perspectiva, Schiff voltou a desenhar um mapa em que as peças interpretadas, sem nunca alienarem a sua identidade, parecem sustentar uma narrativa em que, de facto, em última instância, a sonata de Schubert emerge como a síntese paradoxalmente em aberto. Como sempre, a serena postura do pianista impôs-se como inseparável das convulsões para que nos convoca — momentos inesquecíveis, por certo dos mais depurados de toda esta temporada.

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>>> Os 24 Prelúdios de Chopin, op. 28, interpretados por András Schiff.


>>> Site oficial de András Schiff.