quinta-feira, dezembro 11, 2014

O musical e a comédia em Cronenberg

Julianne Moore recebendo a notícia da sua nomeação
para melhor actriz de musical ou comédia...
Não tenho nenhuma posição de princípio contra os Globos de Ouro da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood — mesmo não os confundindo com representantes de toda a imprensa (nem eles reivindicam tal estatuto, como é óbvio), vejo-os como uma iniciativa que há muito encontrou o seu lugar simbólico na dinâmica do cinema americano, além do mais com a evidente simpatia de muitas individualidades da comunidade de Hollywood.
Dito isto, confesso que resisto à imagem — favorecida por muita imprensa, precisamente — segundo a qual os Globos são uma "antecipação" dos Oscars. Desde logo, porque as eventuais coincidências de prémios não resultam de qualquer relação (intelectual ou institucional) entre os cerca de 90 membros da associação e os 6 mil profissionais que votam nos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Além do mais, a divisão dos prémios principais através de duas áreas — "drama" e "musical ou comédia" — parece-me ter passado a funcionar menos como uma visão abrangente da indústria e mais como um estratagema de acumulação (como alguém já disse, com tantas nomeações é normal que, de uma maneira ou de outra, "acertem" em muitos Oscars...).
Ainda assim, o mais desagradável parece-me estar nas situações absurdas que, por vezes, encontramos nas nomeações. Exemplo? Julianne Moore. Ela é candidata na categoria de melhor actriz/drama (Still Alice), mas está também nomeada para melhor actriz/musical ou comédia. Com que filme? Mapas para as Estrelas, de David Cronenberg. Ficamos, assim, a saber que Cronenberg fez um musical ou comédia... Seja como for, cumprimentemos a associação por ter tido o bom senso de poupar toda a gente a um ridículo ainda mais embaraçoso, não nomeando Mapas para as Estrelas como candidato a melhor musical ou comédia. Oops.
Dito isto, registem-se as nomeações para melhores filmes:

DRAMA
BOYHOOD, de Richard Linklater
FOXCATCHER, de Bennett Miller
O JOGO DA IMITAÇÃO, de Morten Tyldum
SELMA, de Ava DuVernay
A TEORIA DE TUDO, de James Marsh

MUSICAL OU COMÉDIA
CAMINHOS DA FLORESTA, de Rob Marshall
BIRDMAN, de Alejandro González Iñárritu
GRAND BUDAPEST HOTEL, de Wes Anderson
UM SANTO VIZINHO, de Theodore Melfi
ORGULHO, de Matthew Warchus

>>> Lista integral de nomeações no site oficial dos Globos de Ouro.