sexta-feira, novembro 28, 2014

Novas edições:
Neil Young

“Storytone”
Warner
3 / 5

Poucos meses depois de ter lançado um disco feito de versões de canções de autores como Bob Dylan, Bruce Springsteen ou Willie Nelson, Neil Young apresenta no seu segundo disco de 2014 um novo conjunto de canções onde explora, sobretudo, a relação da sua escrita com as várias possibilidades de arranjos que encontra na linha do horizonte, do trabalho com orquestra (que representa a esmagadora maioria do alinhamento) ao relacionamento com uma big band, não deixando de visitar, em dois instantes, o som mais “crú” e elétrico de uma banda de rock. Storytone é essencialmente um álbum tranquilo no qual, através de um conjunto de composições de recorte clássico, Neil Yong reflete sobre o mundo em que vivemos e os desequilíbrios gerados pelo homem, reafirmando uma consciência ambientalista que antes já expressara em diversas ocasiões. Não o faz contudo segundo um programa ideológico ou uma agenda ativista, não deixando, por exemplo, de celebrar (uma vez mais) a sua paixão pelos carros – a quem dedicou mesmo um livro recentemente – quando canta I Want To Drive My Car. Aos 69 anos, com uma voz de tonalidades frágeis – que contrasta com a segurança da escrita e a continuada vontade em não fechar a sua música numa redoma de formas repetidas – Neil Young aceita juntar em Storytone a “arte final” de um álbum a um olhar pela nudez das mesmas canções tal e qual saíram originalmente dos seus dedos, juntando numa edições do disco, e como extra, as versões em maquete acústica dos mesmos temas. Entre as duas leituras, além das narrativas e reflexões que as canções veiculam, passa assim uma possibilidade de contacto com o que de diferente pode nascer de uma ideia original para voz e guitarra, ocasionalmente piano ou harmónica e a visão final de uma canção.