terça-feira, setembro 16, 2014

Novas edições: Simian Mobile Disco

“Whrol”
Epitaph
4 / 5

Surgiram como aventura em paralelo aos Simian quando James Ford e Jas Shaw, metade desse quarteto, se apresentava em DJ sets... Os Simian arrumaram as botas mas a dupla não se desmembrou, fazendo o upgrade da existência original por detrás dos discos à aventura de os criar, estreando-se com um primeiro álbum em 2007. Desde cedo mostraram uma filiação em terrenos electrónicos com vontade de dar ginástica às pernas e frequentemente chamando vários convidados aos seus discos onde temas instrumentais dividiam o alinhamento com canções, entre todas as faixas revelando-se contudo uma vontade evidente em criar música para dançar. Ao cabo de três álbuns, e dois anos após o mais recente Unpatterns, apresentam um quarto disco que os coloca num patamar diferente e que, em todos os sentidos, representa uma boa surpresa. Apesar de bons instantes aqui e ali – sobretudo no alinhamento de Temporary Pleasure (de 2009) – os Simian Mobile Disco tinham até aqui registado uma obra mais interessante em formato de máxi-single (seus e nas remisturas para terceiros que foram assinando), aos álbuns cabendo sempre o sabor de acontecimentos sem a mesma consistência de fio a pavio. Whorl marca a diferença. Não só no plano técnico e instrumental (uma vez que mudaram o mapa da maquinaria ao seu dispor) como na forma de criar música e com as novas composições sugerir um álbum que nos devolve o sentido de discos que, através de nomes como os Orbital ou Fluke, deram novos sentidos de obra maior à música electrónica com berço dançável nos anos 90. Contudo, e apesar dessas eventuais referencias, é entre sonoridades escutadas nos setentas e oitentas (chegando inclusivamente aos registos pioneiros da house) que os Simian Mobile Disco foram buscar os pólos de reflexão que os conduziram a este seu novo disco. Whrol é um percurso instrumental, de alma tranquila que se faz entre frequentes segmentos encantados por um gosto melodista e outros caminhos que valorizam noutros momentos as cenografias e texturas. Há sonoridades que evocam memórias de teclados analógicos, em alguns momentos revelando um gosto pelo detalhe na criação de uma música que gosta de criar paisagens antes de nela projetar acontecimentos. Não traduz o minimalismo nem revela acontecimentos no mesmo patamar gourmet em que Pantha du Prince desenhou o seu magistral This Bliss. Mas é um título a registar entre os acontecimentos electrónicos de pulsação marcada, mas com alma tranquila, do nosso tempo.