quarta-feira, abril 30, 2014

Novas edições:
Pixies, Indie Cindy


Pixies
“Indie Cindy”
Pixiesmusic
2 / 5

Não que todas as “tradições” sejam sempre implacavelmente cumpridas por tudo e todos, mas a verdade é que, desde que a ideia da reunião de bandas se transformou numa certa rotina – e é já quase uma situação esperada, como os encores no final dos concertos – raras foras as ocasiões em que daí surgiu música verdadeiramente interessante e ao nível do que os mesmos músicos haviam criado anos antes. Separados no início dos noventas, os Pixies reuniram-se em 2004 para dar concertos que não mais procuraram que devolver à vida as canções de uma obra registada em disco que, entre o EP Come on Pilgrim (1987) e o álbum Trompe Le Monde (1991) definiu uma referência maior em terreno indie rock, gerando descendências e um culto que reagiu com entusiasmo à reunião e encheu plateia atrás de plateia. Os concertos e as digressões sudederam-se, sem sinais de vontade em criar algo de novo além do single Bam Thwok, lançado em 2004 por ocasião do Record Store Day. Mas em 2013, poucos dias depois de tornada pública a saída de Kim Deal, lançavam novo single e, de então para cá, três EPs com temas inéditos. O primeiro EP até dava conta do recado. O segundo não mostrava muito mais. Mas reunidas agora num mesmo alinhamento, as canções mostram um grupo tecnicamente competente, mas pouco dado a ir além do que era uma certa assinatura pela qual fez as canções que inscreveram o seu nome na história da música popular. Um dos textos críticos publicados (nos EUA) chegou a comparar Indie Cindy a uma eventual banda de covers dos Pixies. Não iria tão longe. Em Andro Queen, do alinhamento do EP1 (e agora o melhor momento do álbum), apresentam mesmo uma das suas melhores canções de sempre, em temas como Greens and Blues, Ring The Bell ou Madgalena 318 recuperando o melodismo irresistível com o qual muitas vezes cantaram temas com palavras mais sombrias. Comparando o lote de temas com os que habitavam os álbuns anteriores verificamos não apenas a realidade de uma colheita menos vitaminada e uma dispersão de ideias entre as marcas de identidade de vários desses discos em detrimento de uma mais aprumada lógica de álbum que afinal definia, mesmo entre a diversidade de formas, discos célebres como Surfer Rosa ou Doolittle. Não dão o tropeção que os Bauhaus protagonizaram quando decidiram gravar novos inéditos. Mas convenhamos que, além de uma dúzia de canções, Indie Cindy nada de verdadeiramente novo junta à obra dos Pixies.