segunda-feira, abril 29, 2013

Memórias do "Não" chileno (2/2)

Com o filme Não, o chileno Pablo Larraín conclui uma magnífica trilogia sobre os tempos e as personagens da ditadura de Augusto Pinochet — este texto foi publicado no Diário de Notícias (24 Abril), com o título 'A política está sempre nas imagens'.

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Não é fácil aceitarmos o dispositivo técnico do filme Não, de Pablo Larraín. Recuperando o sistema das câmaras de vídeo (U-matic) usadas na época em que decorre a acção (1988), Larraín propõe-nos uma imagem “suja” e datada, como se assistíssemos a uma reportagem sobre um jovem publicitário (Gael García Bernal) que trabalha para os que defendem o “não” à ditadura de Pinochet. Há uma razão, técnica precisamente, para tal escolha: deste modo, as imagens verídicas da televisão apresentam-se, não como corpos estranhos, mas como algo que participa do visual de todo o filme.
Seja como for, a pouco e pouco, vamos integrando o efeito mais radical da opção de Larraín: o que ele filma é, justamente, uma conjuntura em que tudo é imagem. Em vez de aceitar o clássico imaginário de esquerda que reduz o enunciado de qualquer luta política a um confronto de palavras de ordem, Não mostra-nos como a luta pela “boa imagem” se tornou inerente a muitas formas de intervenção social.
Assim, Larraín consegue algo de admirável, pouco cómodo para qualquer visão panfletária ou moralista do jogo político. Por um lado, o filme expõe o lado insidioso de um regime ditatorial que, para além da força das armas, instala no quotidiano um misto de cinismo e medo que tende a desqualificar o factor humano; por outro lado, tal visão não favorece a criação de figuras obrigatoriamente “heróicas”, mais ou menos devedoras da herança da iconografia leninista.
No limite, esta é uma crónica, não sobre o poder político das mensagens publicitárias, antes sobre aquilo que no exercício da política se tende a confundir com as leis da publicidade. Resultado: um desencantado realismo que se recomenda, em especial, a políticos e publicitários que julgam habitar mundos separados.

Spielberg filma "biografia" de Obama

A célebre franja de Michelle Obama foi adoptada pelo marido?... Parece ser um daqueles exercícios de photoshop que, com mais ou menos imaginação, passaram a proliferam na Net, provenientes de fonte mais ou menos anónima. Mas não: o photoshop está lá (é mesmo muito sofisticado), mas a origem desta imagem é a Casa Branca. E quem a divulgou foi... Barack Obama!
O contexto é tudo, de facto. Aconteceu no tradicional jantar do Presidente dos EUA com os jornalistas que desempenham a função de correspondentes na Casa Branca. Num discurso de admirável humor, Obama falou da sua "colagem" à imagem pública de Michelle... Acima de tudo, cumpriu a tradição de elogiar a nobre função jornalística (num final de sereno dramatismo, evocando o tratamento noticioso dos recentes atentados em Boston), não sem previamente sujeitar os convidados a alguns salutares sarcasmos, tão implacáveis quanto elaborados: "O meu trabalho é ser Presidente. O vosso é fazerem com que eu me mantenha humilde. Francamente, acho que estou a fazer melhor o meu trabalho."
O grande momento da noite foi o anúncio da "biografia" cinematográfica de Obama, a ser realizada por Steven Spielberg. Está tudo explicado nos dois minutos deste delirante video. E sem querer estragar a surpresa para quem ainda não conheça o clip, não posso deixar de sublinhar como se consagra, aqui, um extraordinário entendimento entre a Casa Branca e uma das personalidades maiores da história moderna de Hollywood. Na prática, Spielberg acrescenta mais um episódio, desconcertante e divertido, a algo que a equipa de Obama veio transformar de forma radical e fascinante. A saber: a prática política é, hoje em dia, em parte muito significativa, uma continuada prática mediática. Além do mais, ficamos a conhecer ainda melhor o genial poder de transfiguração de Daniel Day-Lewis...

domingo, abril 28, 2013

Memórias do "Não" chileno (1/2)

Pablo Larraín
Com o filme Não, o chileno Pablo Larraín conclui uma magnífica trilogia sobre os tempos e as personagens da ditadura de Augusto Pinochet — este texto foi publicado no Diário de Notícias (24 Abril), com o título 'Pablo Larraín reencena o fim de Pinochet'.

Raras vezes um filme terá tido um título tão simples e tão eloquente: Não, de Pablo Larraín, revisita a sociedade chilena nos tempos atribulados em que a ditadura militar de Augusto Pinochet tentava um último golpe para encontrar algum tipo de legitimação.
Estava-se em 1988 e o regime saído do golpe que derrubara o governo de Salvador Allende, em 1973, confrontava-se com crescentes pressões, internas e externas, para pôr a funcionar as instituições democráticas. As perseguições políticas, o regime de censura, os milhares de opositores “internados” e torturados definiam um sistema de governação que, agora, tentava perdurar através de uma consulta popular. Daí a marcação de um plebiscito em que se pedia aos cidadão chilenos que escolhessem uma de duas opções em torno de um candidato único: “sim” e Pinochet seria empossado para um mandato de mais oito anos, com eleições parlamentares a realizar nove meses mais tarde; “não” e o candidato permaneceria no poder por mais um ano, de modo a realizarem-se eleições (para a presidência e o parlamento) três meses antes do final desse período. Os chilenos votaram a 5 de Outubro de 1988 e o “não” venceu (com 55,98 por cento). Na prática, Pinochet terminou as suas funções a 11 de Março de 1990, sucedendo-lhe na presidência o democrata-cristão Patricio Aylwin.
Para Larraín, a evocação desta conjuntura tão particular e tão decisiva para os destinos do seu país não pode ser dissociada de um trabalho que tem tanto de histórico como de simbólico: o filme Não encerra uma trilogia cinematográfica centrada nas memórias da ditadura de Pinochet, revisitada não exactamente através da sua política, antes fazendo o retrato de algumas singularíssimas personagens. Assim, Tony Manero (2008) colocava em cena um homem que, numa sociedade cada vez mais asfixiada, tentava manter o seu culto da personagem de John Travolta (“Tony Manero”) no filme Febre de Sábado à Noite (1977); por sua vez, Post Mortem (2010) centrava-se num funcionário da morgue de Santiago do Chile que ia compreendendo a amplitude do extermínio levado a cabo pela junta militar. Em ambos os casos, o protagonista era Alfredo Castro, figura lendária do moderno teatro chileno.
O caso de Não é tanto mais surpreendente quanto Larraín centra a sua história numa personagem directamente afectada pelo processo de preparação do plebiscito de 1988: René Saavedra, interpretado pelo mexicano Gael García Bernal, é um criativo de uma agência publicitária cujo director (de novo Alfredo Castro) trabalha para o “sim”; ao ser solicitado para colaborar com as forças do “não”, Saavedra vai protagonizar uma odisseia em que a vulnerabilidade da sua situação profissional é apenas um sintoma da encruzilhada vivida por todo um país.
Estamos, portanto, muito longe de uma mera “reconstituição” histórica. No limite, Larraín questiona as alianças entre os valores políticos e os discursos publicitários, recusando reduzir a história colectiva a um mero confronto de “bons” e “maus”. Por isso mesmo, este tem sido um objecto capaz de gerar apaixonadas discussões, desde logo na própria sociedade chilena. Para a história, fica ainda uma proeza: Não foi a primeira produção do Chile a obter uma nomeação para o Óscar de melhor filme estrangeiro.

A China está próxima

"A China está próxima", dizia Marco Bellochio no título de um belo filme de 1967, espelhando as convulsões intelectuais e emocionais de uma geração seduzida pelos ventos que sopravam do Oriente mais longínquo...
Agora, em tempos de bizarras aproximações entre a utopia "proletária" e o mais agressivo capitalismo, voltamos a olhar para a China com a sedução de sempre, e também com uma perplexidade que não é estranha a um temor mais ou menos racional. Para não deixar morrer a reflexão sobre tão persistente proximidade, são muitas as notícias, análises e estudos com que vamos deparando. Este fim de semana, "Le Mag", suplemento do Libération, conta a história trágica de um jovem da Guarda Vermelha maoísta que, durante a Revolução Cultural, denunciou e mandou executar a sua mãe — ou como o acerto de contas com a memória pode ser infinitamente doloroso. No plano iconográfico, uma fabulosa capa.

sábado, abril 27, 2013

George Jones (1931 - 2013)

Foi, para muitos, o maior cantor country de sempre: George Jones faleceu em Nashville, Tennessee, devido a problemas respiratórios — contava 81 anos.
Com quatro casamentos, os dois primeiros antes dos 24 anos, e longos períodos em que foi seriamente afectado por problemas de alcoolismo, Jones foi quase sempre uma personalidade polémica no meio artístico: a frequência com que adiava espectáculos valeu-lhe mesmo a alcunha de "No-show Jones". O certo é que isso não o impediu de obter nada mais nada menos que 14 primeiros lugares nas tabelas de venda da country, alguns deles com a sua terceira mulher, Tammy Wynette (1942-1998), e de construir uma impressionante discografia de seis dezenas de álbuns de estúdio. Os dramas amorosos e a dependência da bebida foram, não por acaso, assuntos de eleição em muitas das suas canções mais célebres. Tender Years, Love Bug, If My Heart Had Windows, Honky Tonk Song e One, este com Wynette [video], são alguns dos seus temas mais lendários. Integrava, desde 1992, o Country Music Hall of Fame.


>>> Obituário no New York Times.
>>> Evocação de George Jones na NPR.
>>> Site oficial de George Jones.

Suarez vs. Ivanovic: futebol & justiça

O espaço televisivo do futebol continua a ser formatado por uma pueril ideologia "justiceira". O dramático episódio da agressão de Suarez (Liverpool) a Ivanovic (Chelsea) mostra que há uma diferença inglesa. E para melhor — este texto foi publicado no Diário de Notícias (26 Abril), com o título 'Que justiça no futebol?'.

De que falam os comentadores de futebol quando falam de “justiça”? Em boa verdade, de uma ilusão pueril: quando concluem que um resultado foi “justo” ou “injusto”, injectam no tecido social (para uma audiência de milhões) a noção ridícula de que existe um aparato legal que pode ser aplicado na “normalização” dos resultados.
Que é a justiça? O esforço humano para encontrar um equilíbrio entre o que existe e a idealização daquilo que existe. Assim, por exemplo, um homem mata outro: é injusto e, por isso, admitimos socialmente que o prevaricador seja punido. E se uma “má” equipa ganha a uma equipa “boa”? É “injusto”? Manda-se repetir o jogo? Enforca-se o árbitro?...
O canal oficial da Premier League (SportTV) continua a dar-nos admiráveis exemplos da justiça de que, realmente, importa falar. Veja-se (e ouça-se) o que aconteceu no domingo, após o Liverpool-Chelsea. Num lance tão absurdo quanto real, Suarez (Liverpool) agarrou Ivanovic (Chelsea) e... mordeu-lhe um braço! Pois bem, na rubrica “Matchday”, logo após o jogo, os comentadores da Premier League ocuparam uma boa meia hora a pormenorizar o evento, unidos num mesmo apelo, precisamente em nome da justiça: o comportamento de Suarez tem de ser friamente analisado e penalizado.
Esta pedagogia televisiva é tanto mais importante quanto, em Portugal, se gastam horas, dias, anos... a lançar insinuações sobre os árbitros, enquanto que, por norma, são muito poucos os que se pronunciam sobre alguns lamentáveis comportamentos de jogadores. Mais do que isso: escamoteia-se quase sempre a necessidade de os próprios clubes assumirem posições críticas face aos desmandos dos seus profissionais.
No programa citado, todos os comentadores sublinharam a importância de o Liverpool, de forma rápida e concisa, tomar uma posição perante o comportamento de Suarez. Ao fim da tarde de domingo, o destaque da secção de desporto no site da BBC não era o resultado do jogo, nem as suas incidências na classificação: era, isso sim, a expectativa em relação à posição do Liverpool. Em matéria de futebol, os ingleses não brincam aos “tribunais”.

sexta-feira, abril 26, 2013

Rainy Milo: ter 17 anos em Londres

Rainy Milo, londrina, tem 17 anos. E canta desde os 14. A sua voz densa, de enigmático apelo poético, não nega as influências de Amy Winehouse, mas de The Clash a Tupac, passando por N*E*R*D, parece haver um pouco de tudo nas suas admiráveis performances. No seu site oficial, recheado de fotografias, cita Kate Moss, Audrey Heburn, e Brigitte Bardot em O Desprezo, de Jean-Luc Godard. Voilà!
O seu primeiro registo, Limey, está disponível para download livre [The Other Way é um dos seus temas] . O segundo, um EP intitulado Black & Blonde, tem Bankrobber (The Clash) como cartão de visita [video].



Homem de Ferro tem um GBO?...

Sexta-feira, a seguir ao feriado, pouco antes da uma da tarde, fui um dos destinatários a receber um mail de promoção do filme Homem de Ferro 3. Com este texto:

MAIOR ABERTURA DO ANO!

Homem de Ferro 3 protagoniza uma estreia heróica tornando-se a MAIOR ABERTURA DO ANO em Portugal.

O terceiro filme da saga atingiu 23 mil espectadores e gerou um GBO de mais de 137.000 euros, só no primeiro dia, tornando-se a melhor abertura do franchise Homem de Ferro.

Uma abertura de ferro!

* * * * *

Começo por esclarecer: em termos pessoais, não levo nada a mal que me enviem tal informação. Mais do que isso: nada me move contra as pessoas que, obviamente no exercício das suas competências profissionais, garantem este tipo de comunicação. Mesmo assim, não posso escamotear que continuo a não compreender porque é que, no sector da distribuição cinematográfica, há tantos profissionais a gastar tanto e tão precioso tempo de trabalho a produzir e enviar, com pendular dedicação, este tipo de mails.
Há uma explicação, eu sei. De facto (e não é culpa de tais profissionais), este género de dados encontra um eco automático em algumas formas rotinadas de jornalismo — incluindo o que é praticado por alguns blogs de "juvenil" incompetência — que confundem a actualidade cinematográfica com os números de bilheteira dos blockbusters americanos (e recordo também, pela milionésima vez, que não partilho nem alimento qualquer anti-americanismo primário perante Hollywood, muito menos perante a energia cultural dos EUA).
Não ignoro também que esta minha reacção suscitará junto do mais precipitados um patético lugar-comum: "os críticos não gostam de blockbusters..." De facto, faz parte da estupidez corrente nunca ter lido uma linha daquilo que algumas pessoas escreveram ao longo de várias décadas (quatro, no meu caso) para, depois, resumir tudo com frases que começam por "os críticos não gostam de..." Já não há paciência!
Dito isto, na minha douta ignorância, confesso que me vi compelido a ir confirmar o significado de GBO (gross box office), não sem compreender que, provavelmente, aquilo que está em jogo é uma deliciosa anedota freudiana. Ou seja: hoje em dia, no imaginário compulsivo do "sucesso", celebram-se os filmes a propósito dos quais se pode dizer "o meu GBO é maior que o teu!"

PS - Fica por pensar o que realmente interessa. A começar pela questão das frequências das salas que, por diversas  e muito pertinentes razões, a todos preocupa. Que é como quem diz: de um ponto de vista meramente comercial, como bem sabem todas as pessoas que trabalham no meio, 23 mil espectadores para qualquer blockbuster não passa de um índice parcial, por certo positivo, mas não concludente. Há blockbusters que, mesmo superando os 100 mil espectadores, estão longe de ser um grande negócio. No interesse da vitalidade do mercado, valerá a pena continuar a discutir frontalmente estas questões, se possível sem usar GPOs na lapela.

A verdade musical de Steve Earle

A história deste homem não cabe numa ficha da Wikipedia (embora lá se possa encontrar um esclarecedor resumo). Da fidelidade aos cruzamentos de country e rock até às atribulações pelo consumo de drogas, passando pelos seus sete casamentos, Steve Earle não é um tema simples nem linear. O certo é que, aos 58 anos de idade, a sua verdade musical permanece límpida e contagiante. Tem um novo álbum, sendo este o tema que lhe empresta o título: The Low Highway.


>>> Site oficial de Steve Earle.
>>> Crítica a The Low Highway no site PopMatters.

quinta-feira, abril 25, 2013

O Pulitzer da fotografia

© Javier Manzano / AFP
Durante o ano de 2012, Javier Manzano passou nove meses na Síria, fotografando um conflito que está longe da resolução. As suas imagens possuem aquele misto de frieza informativa e paixão pela natureza humana que define os grandes testemunhos históricos — uma delas, aqui reproduzida, valeu-lhe o prémio Pulitzer: são dois combatentes rebeldes, em Aleppo, mantendo a sua posição numa casa iluminada pela luz que penetra pelos buracos das balas. O prémio foi, assim, atribuído a um fotógrafo freelance, facto que não ocorria há 17 anos.

Miguel Veloso e o 25 de Abril

1. Na semana em que se comemora (?) o 39º aniversário do 25 de Abril, Miguel Veloso tem estado em evidência na chamada imprensa "cor de rosa" [exemplo aqui em cima].

2. O embaraço é o mesmo de sempre e, como é óbvio, nada tem a ver com os dramas pessoais do futebolista (cuja simples nomeação liminarmente rejeito). É um embaraço que decorre do facto de termos chegado a este ponto — simultaneamente jornalístico e cultural — em que a vida privada é tratada como espectáculo pornográfico para grande consumo. Que haja muitos protagonistas desta imprensa que o são de livre vontade e milhares ou milhões de leitores das respectivas edições, eis um "argumento" demagógico e falacioso. Porquê? Porque, se cada vez que nos confrontamos com um fenómeno de massas, já não podemos problematizar e discutir os valores (ou a falta de valores) que nele se arrastam, então estamos a ceder a um discurso populista, tendencialmente fascizante, que quer obrigar-nos a aceitar a "quantidade" do fenómeno como uma censura a qualquer forma de pensamento crítico.

3. Não foi para isto que se fez o 25 de Abril.

4. A sociedade humanista cujo ideal, com muitas atribulações e contradições, se formulou com o 25 de Abril de 1974 está a ser todos os dias minada por um imaginário social fundado em três horrores ideológicos: a fulanização anedótica de todos os eventos (das festas dos "famosos" aos confrontos políticos); o esvaziamento moral de todas as relações humanas (das festas dos "famosos" ao Big Brother); enfim, o menosprezo militante pelo prazer de pensar o mundo à nossa volta (das festas dos "famosos" à promoção de figuras anedóticas incapazes de enunciar uma ideia, mesmo raquítica, naquilo que dizem).

5. Onde está, então, a classe política portuguesa face a todos estes desmandos que minam a simples crença na imaginação democrática? Muitos dos seus elementos passam o 25 de Abril agarrados à régua e esquadro da sua vulgaridade filosófica, a tirar medidas ao tradicional discurso do Presidente da República, discutindo até ao máximo denominador comum do seu avassalador tédio ideológico se ele mandou ou não "recados", para "quem" e com que "efeitos"... Ensimesmados na sua mediocridade, não admira que assistam a sucessivas eleições em que cerca de 3 milhões de pessoas se abstêm de ir às urnas e continuem... sem dizer nada sobre o assunto. Estarão, por certo, ocupados a discutir se, na querela da família Veloso, apoiam o pai ou o filho.

quarta-feira, abril 24, 2013

O prof. Lazhar, as crianças e o cinema

Para além do simplismo paternalista de Morangos com Açúcar, há outras maneiras de lidar com as personagens mais jovens: o filme canadiano Professor Lazhar é um bom exemplo — este texto foi publicado no Diário de Notícias (23 Abril), com o título 'As crianças também são personagens'.

Numa sociedade em que um produto como Morangos com Açúcar tem tanto poder promocional e mediático (numa palavra, normativo), não é possível que a infância ou a juventude sejam, na área da ficção, valores verdadeiramente respeitados. Porquê? Porque a grosseira simplificação das vivências das personagens mais jovens, reforçada por um sistema narrativo estereotipado e moralista (dependente das leis do imaginário “telenovelesco”), só pode produzir um efeito: aquele é um universo de gente caricata que, na melhor das hipóteses, apenas pode suscitar um paternalismo hipócrita.
Que quase ninguém queira discutir tudo isso (a começar por quem tem responsabilidades políticas e educacionais), eis o que é bem revelador do estado de moribunda indiferença em a sociedade portuguesa vive face aos modelos dominantes de ficção audiovisual. Ainda assim, vale a pena sublinhar que, apesar de tudo, um olhar disponível pode encontrar alternativas. Desta vez, no circuito cinematográfico, através de um muito sério, e muito digno, filme de origem canadiana: Professor Lazhar, escrito e realizado por Philippe Falardeau.
Na altura em que está na moda demonizar Hollywood (em boa verdade, nunca deixou de estar...), vale a pena lembrar que a visibilidade internacional deste título resulta, em parte, das estruturas do cinema americano: Professor Lazhar foi um dos nomeados para o Oscar de melhor filme estrangeiro referente a 2011 (ganho por Uma Separação, do iraniano Asghar Farhadi).
Há, de facto, uma dimensão universal em Professor Lazhar, envolvendo a necessidade (educacional, afectiva e simbólica) de lidar com cada criança como um ser singular, impossível de reduzir a qualquer padrão abstracto de “infância”. Aliás, a perturbação desencadeada pelo filme de Falardeau é tanto maior quanto a história que nele se narra está marcada por elementos muitíssimo particulares: Lazhar (Mohamed Fellag) é um cidadão argelino que tenta ser legalmente reconhecido, no Canadá, como refugiado político; enquanto espera, dá aulas a uma turma cuja professora se suicidou recentemente, tendo escolhido a própria sala de aula para consumar o seu gesto trágico...
Escusado será dizer que esta peculiar conjugação de elementos empresta a Professor Lazhar uma carga emocional que, de uma maneira ou de outra, vai compelir cada personagem a enfrentar alguma verdade mais ou menos recalcada. Mesmo se algumas dessas personagens nos podem surgir a partir de estereótipos bem conhecidos, o filme desenvolve-se como um delicado processo de revelação das diferenças individuais. E se outras razões não houvesse para descobrir o trabalho de Falardeau, a sua notável capacidade para dirigir crianças seria mais que suficiente. Não é todos os dias que vemos seres tão jovens ganharem, no ecrã, uma tão comovente energia humana e também uma tão especial pertinência dramática.

Lana Del Rey na banda sonora de "Gatsby"

Decididamente, a promoção de O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann, está a passar (e muito!) pela respectiva banda sonora. Por um lado, há versões especialmente aguardadas, incluindo Back to Black (Amy Winehouse), por Beyoncé e André 3000, e Love Is Blindness (U2), por Jack White. Entre os originais, uma primeira pérola: Young & Beautiful, por Lana Del Rey.

A IMAGEM: Pablo Helguera, 2013

PABLO HELGUERA
Cartoon / NPR
2013

O regresso das CocoRosie

As CocoRosie estão de regresso e editam um novo álbum de originais a 27 de maio. Podemos ouvir (e ver) um avanço para o álbum neste After The Afterlife, que se aprtesenta neste teledisco de Mike Basich. Aqui ficam as imagens.

Novas edições:
Tomorrow's World, Tomorrow's World

Tomorrow's World
'Tomorrow's World'
Naïve / Popstock
4 / 5

Apesar das belas coleções de canções (e temas instrumentais) que nos deram em 2001 no álbum 10.000 Hz Legend e, três anos depois, em Talkie Waklie, a verdade é que desde 1998 os franceses Air vivem de sucessivas novas colheitas das visões retro futuristas que então nos revelaram em Moon Safari, sem dúvida um dos melhores entre os álbuns editados nos anos 90. Os mais recentes discos da dulpa natural de Versailles - incluindo o disco de 2012 com a música criada para o restauro do histórico Le Voyage dans la Lune de Meliès - foram inclusivamente propostas de calibre menor e algo desinspirados, traduzindo sinais de um eventual esgotamento de um entendimento a dois que, volto a sublinhar, já nos deu momentos suficientes para os colocar no panteão dos episódios maiores da história da música feita com eletrónicas (e, indubitavelmente, grandes responsáveis, juntamente com os Daft Punk, por um recentrar dos focos de atenção na música nascida em França após largos anos de desinteresse internacional). Nas temporadas de pousio a dois, Jean-Benoît Dunckel, um dos dois elementos do duo, tem procurado explorar outros terrenos, na verdade nunca se afastando muito de uma certa zona de conforto que tem vindo a construir nos Air. E agora, alguns anos depois de apresentar o projeto paralelo Darkel, eis que edita novo disco, desta vez sob o nome Tomorrow's World (nome de uma antiga série televisiva de origem britânica). O projeto é um novo duo, partilhando o protagonismo com Lou Hayter, vocalista dos New Young Pony Club. Manifesto de requintada elegância pop, Tomorrow's World é um disco feito de canções tranquilas, talhadas num melodismo clássico, como que imaginando um espaço de diálogo entre a linguagem pop habitual nuns Air com uma visão mais luminosa das canções assombradas que em tempos escutávamos quando David Lynch e Angelo Badalamenti trabalhavam com Julee Cruise. O alinhamento abre pontualmente frestas rumo a memórias mais remotas como quando, por exemplo, escutamos em Drive evidentes heranças dos melhores dias na obra de uns Human League. Plácido e requintado, Tomorrow's World é banda sonora perfeita para sedutora viagem pelas ruas de uma cidade depois da chegada da noite. Sem a carga dramática de uns Chromatics. Procurando antes uma certa doçura chique que, sem ter revoluções ou arrebatamentos maiores em mente nos dá mesmo assim o melhor disco nascido em terreno "distante" Talkie Walkie.

PS. Este texto foi originalmente publicado na edição online do DN de 23 de abril

Os filmes do IndieLisboa 2013 (5)

O que pode trazer-nos de novo um documentário do qual já conhecemos (nem que por alto) a “história” que nos conta ou o universo que nos mostra? Um ponto de vista, por exemplo... E é precisamente o que acontece em Leviathan, um dos mais surpreendentes títulos da Competição Internacional da edição deste ano do IndieLisboa. Assinado pela dupla Lucien Castaing-Taylor / Véréna Paravel, o filme procura olhar de outras formas e novos ângulos a faina de um barco de pesca algures nas águas da costa Este dos EUA.

As imagens foram captadas não apenas pelos realizadores, mas também por uma dúzia de pequenas câmaras colocadas ora entre os pescadores ora em pontos específicos do barco. Olham as águas, os cabos que se puxam, as redes que sobem, o peixe que delas sai... Imersivas, as imagens olham de perto. Observam os pés entre água que corre e os peixes que dançam naquele chão, entre o rítmico sobe e desce que a ondulação decreta. As mãos que trabalham e amanham. A quilha que corta a água (e a água que é cortada). Ao ritmo do trabalho que avança, a montagem transpira depois o esforço. Com inesperada pausa quando, por debaixo do convés, um dos pescadores descansa uns minutos enquanto come e vê televisão...

Leviathan é assim mais uma importante contribuição para a afirmação do cinema documental entre a linha da frente da criação cinematográfica do nosso tempo. Não tem palavras (salvo as que incidentalmente eventualmente escutamos, mas das quais mais captamos os sons que os sentidos). Não tem texto. Mas entre o contexto sugere-se uma narrativa. E, acima de tudo, partilha-se uma experiência.


Momento maior da programação da secção Indie Music deste ano, Charlie is My Darling, de Peter Whitehead e Mick Gochandour é um retrato precioso dos Rolling Stones que dá conta daquela fresta de tempo entre o instante em que o sucesso os começou a visitar e o estatuto de ícones globais que chegaria pouco depois. O filme foi rodado com câmara à mão durante a digressão de dois dias que os levou à Irlanda em 1965. As imagens seguem-nos nos comboios, nos palcos, nos quartos de hotel. E é particularmente nestes espaços de maior recolhimento que uma banda ainda próxima daqueles primeiros tempos de real partilha e convívio (sem os filtros que a fama depois aplica) que o filme ganha uma voz. Rodado na época e guardado na gaveta desde então, Charlie is My Darling foi recuperado recentemente, o festival apresentando agora uma nova montagem (mais longa e expressiva que a original) e com imagem e som restaurados. Não é preciso ser admirador profundo dos Rolling Stones para nos deixarmos encantar por tão franco (e ao mesmo tempo lúdico) olhar sobre o grupo.

As cidades de Nathan Walsh


Nada como visitar os arquivos de sites para (re)descobrir ideias e imagens. Em julho do ano passado a Flavorwire apresentava quadros do pintor hiperrealista britânico Nathan Walsh, que então expunha na Albemarle Gallery. Estes são alguns dos seus olhares sobre paisagens urbanas.

Podem ver aqui o site oficial de Nathan Walsh.
E aqui um ensaio sobre a sua pintura.

Na órbita de Plutão

A curta-metragem Plutão, de Jorge Jácome (Indie Lisboa), tem participação desta casa. Que é como quem diz: o Nuno Galopim assegura uma das personagens cuja importância começa na ausência da sua presença...
Eu explico: há um namoro de Verão (David Cabecinha/Joana de Verona) e há essa notícia bizarra, mas cientificamente objectiva, de que Plutão "deixou de ser considerado um planeta"... Entre a ressaca romântica e a reconfiguração das galáxias, emerge uma voz que interpela o protagonista masculino ou, talvez, acompanhe apenas a sua laboriosa memória de luto — essa voz (Nuno) possui o mistério envolvente de uma narrativa que nos faz hesitar entre o pendor descritivo da crónica e o apelo quase onírico da metáfora. E tanto mais quanto a sua dimensão corporal, sendo invisível, nunca desaparece do corpo do filme.
Servido por uma primorosa direcção fotográfica (Marta Simões), o filme corre constantemente o risco de se perder na própria perdição do protagonista, celebrando a agilidade do seu dispositivo e secundarizando as personagens. Mas é um risco que vale a pena partilhar, já que, em última análise, é a própria intimidade do tempo que aqui se encena — Plutão é, afinal, um estado de alma.

Richie Havens (1941 - 2013)

Figura emblemática da folk da década de 60, é também um dos ícones do Festival de Woodstock: Richie Havens faleceu vitimado por ataque cardíaco no dia 22 de Abril, em sua casa, em Jersey City, New Jersey — contava 72 anos.
Foi sempre, antes de tudo o mais, um compositor que interpretava as suas canções, sabendo também recriar de forma exemplar alguns temas de outros (por exemplo, Just Like a Woman, de Bob Dylan, ou With a Little Help from My Friends, dos Beatles). Já com alguns álbuns gravados antes de Woodstock (o primeiro, A Richie Havens Record, surgiu em 1965), seria o festival a emprestar-lhe uma dimensão genuinamente mitológica: a sua actuação, a primeira do evento, prolongou-se por perto de três horas, já que, devido ao atraso na chegada de muitos participantes, lhe pediram que dilatasse o mais possível a sua presença — o lendário Freedom [video] resultou, de facto, de uma improvisação sobre o espiritual Motherless Child. Cumpriu uma carreira de 45 anos, editando mais de duas dezenas de álbuns e várias compilações, sempre com presença regular nos palcos — o derradeiro álbum, Nobody Left to Crown, surgiu em 2008; em Março de 2012, anunciara o fim das suas digressões.


>>> Obituário na Rolling Stone.
>>> Site oficial de Richie Havens.

terça-feira, abril 23, 2013

Uma animação (em fundo rosa)

Esta é já a terceira canção do alinhamento de Shaking The Habitual, dos The Knife, a conhecer imagens concebidas para a acompanhar. Eis A Cherry On Top. Podermos chamar-lhe teledisco? Talvez sim. Trata-se de uma animação minimalista, assinada por Martin Falck.

Novas edições:
Yeah Yeah Yeahs, Mosquito


Yeah Yeah Yeahs 
“Mosquito” 
Universal Music 
3 / 5 

Se fizermos as contas já passaram dez anos sobre a edição de Fever To Tell e doze sobre Yeah Yeah Yeahs, o EP de estreia que, nesse animado 2001, fazia de Nova Iorque o centro de uma odisseia de redescoberta das guitarras e do fulgor primordial do punk (com o disco de estreia dos Strokes como a mais falada das revelações do momento). Pelo caminho os três músicos que fazem os Yeah Yeah Yeahs transformara-se em referencia do seu tempo, não só através da sua discografia conjunta, mas nas várias colaborações que cada qual tem assinado nas mais diversas frentes de trabalho. Em 2009 chegaram a It’s OK, o seu terceiro álbum, com uma carga de brilho disco, que juntava todos os ingredientes para os poder levar ainda mais longe. Zero transformou-se num clássico para as noites dançáveis de alinhamento mais gourmet. Mas com o mundo mais interessado noutras rotas e destinos, os mesmos três músicos voltaram a juntar-se para, sem uma agenda de obrigações lançada sobre si, procurar para que destino levariam o reencontro dos Yeah Yeah Yeahs com os discos... Assim nasce Mosquito, disco que evita claramente a relação mais vincada com as electrónicas e a música de dança do álbum anterior, mas que acaba algo dividido entre dois trilhos maiores, não se decidindo afinal por qual deveria seguir... Ao escutar a angulosidade rugosa e texturalmente bem defendida de Area 52 reencontramos ecos diretos dos seus primeiros discos. Ecos que passam também pelo desinspirado Sacrilege que serviu de cartão de visita. Em Buried Alive procuram uma plataforma que cruza um negrume à la Bauhaus com electrónicas e hip hop (e a presença vocal de Dr. Octagon) que está longe de ser das suas melhores ideias. Já em Take Your Path, Subway ou no cenicamente mais rico Always sentimos sinais (que são de resto presença dominante em grande parte do alinhamento) de uma busca em terreno de maior placidez, onde a melancolia impera (e, convenhamos, nascem as melhores das canções do disco). Entre tamanha dispersão de sentidos, e sob um claro exemplo de acoplamento de faixas pouco inspirado, Mosquito acaba algo desorientado como um todo. Uma arrumação mais cartesiana dos temas mais assombrados e melancólicos (os melhores do disco), votando os surtos animados pela pulsão rock’n’roll a uma das faces ou, melhor ainda, a um eventual EP, teria gerado um disco certamente mais cativante. No fim Mosquito parece o retrato de um momento de busca de caminho, “fotografado” ainda antes de alguém decidir “vamos por ali”... É por isso (pelo menos assim o parece sugerir) um registo de transição. Resta saber se apontando a um futuro em regime back to the basics, se aceitando o desafio de explorar a sua face mais frágil e melancólica ou se, na boa tradição do grupo, optam antes por algo completamente diferente... E se, já agora, arranjam quem lhes faça uma capa melhorzita para a próxima.

Os filmes do IndieLisboa 2013 (4)

Luke Haines... Para muito boa gente pode ser um nome que não significa nada (e é pena). Para outros será uma memória da qual há algum tempo não ouviam falar... Talvez haja quem ainda o siga atentamente, mais aos seus discos... Quem é? É um dos maiores autores de canções revelados nos anos 90, com primeiro álbum editado há precisamente 20 anos, então integrado numa banda (os The Auteurs – já agora o disco tinha por título New Wave e é uma das melhores coleções de canções para guitarras que podemos reencontrar na memória pop/rock dos noventas). Luke Haines é agora o protagonista de um filme que integra a secção Indie Music da edição deste ano do IndieLisboa. Com o título Art Will Save The World e assinado por Niall McCann, o documentário pode ser uma das melhores propostas de (re)descoberta que este lote de filmes tem para nos dar este ano. Mesmo sendo a sua música e personalidade mais interessantes que o filme em si...

Tentando retratar algum humor contido que passa mais pela personalidade do protagonista que pelas suas canções, Art Will Save The World junta memórias faladas, canções, comentários (seus e de outros, de Grant Gee a Jarvis Cocker). Recordamos essencialmente os The Auteurs, passando mais depressa sobre os seus outros projetos (e convenhamos que os Black Box Recorder mereciam mais tempo de antena). Há por vezes uma certa vontade de ajustar contas com histórias passadas, sobretudo com os dias do ‘brit pop’. E tantas são as vezes que Haines se tenta demarcar da coisa que fica claro que essa é ainda, vinte anos depois, uma pedra no seu sapato...


A ideia é fabulosa por principio. Dar a várias pessoas uma câmara e a cada uma pedir que filmem as suas empregadas domésticas. Da reunião das experiências, das histórias e das pequenas intimidades assim partilhadas nasce Doméstica, documentário de Gabriel Mascaro que integra a secção Pulsar do Mundo. São ao todo sete câmaras, entregues aos filhos das casas onde as “domésticas” trabalham, nascendo o filme da montagem destes olhares caseiros. Aqui se propõe um retrato possível do Brasil de hoje. Mas mesmo apesar dos momentos de genuíno humor que algumas destas protagonistas nos revelam, o filme acaba por ser mais interessante na ideia que na sua concretização. Na verdade, sob outra montagem, teria gerado uma “curta” mais intensa, mais vibrante...

A banda, o realizador e o candidato...


Mais um vídeo a promover a atuação de sábado dos Vampire Weekend na série anual de concertos Unstaged que liga habitualmente uma banda a um realizador. Steve Buscemi será assim o responsável pelas imagens da transmissão online e eis que nos apresenta mais um “episódio” de uma pequena ficção (porque já ninguém duvida disso) que nos mostra a história de um ator/realizador “famoso” a tentar convencer uma banda tímida e calada a fazer auto-promoção. Neste episódio contam com uma presença de Bill de Blasio, do Partido Democrático, que anunciou em janeiro a sua candidatura a Mayor da cidade de Nova Iorque.