quinta-feira, novembro 21, 2013

Novas edições:
Flume, Flume (DeLuxe Edition)

Flume
“Flume (DeLuxe Edition)”
Transgressive
4 / 5

Tem apenas 22 anos e conta já com uns valentes meses de atenções lançadas sobre o seu nome. No passaporte apresenta-se como Harley Edward Streten, mas é sob a designação Flume que desde finais de 2012 mora entre os nomes da linha da frente de uma música electrónica que gosta de dançar mas que não fecha a porta ao diálogo com outras gentes, outras músicas e comprimentos de onda. Australiano de origem, com vida feita pelos lados de Sidney, Harley começou por tocar saxofone, compondo contudo temas de música electrónica por sua conta, que ia guardando em casa. Em 2011 resolveu apresentar algumas dessas competições num concurso, acabando com um acordo editorial, primeiros singles e, em finais de 2012, um primeiro álbum a que deu simplesmente o título do projeto. Flume chegaria a este lado do mundo já este ano, gerando uma natural onda de entusiasmo. Afinal, e tal como o tinha feito o magnífico Fin, de John Talabot (para citar apenas um bom exemplo recente), Flume revelava uma visão ecuménica das electrónicas ao serviço não apenas da pista de dança, mas também do gosto pela canção (não buscando aí todavia uma caução formal, antes procurando aí explorar ideias além das suas arquiteturas mais convencionais). A música que habita o alinhamento de Flume não vive contudo apenas centrada numa eventual utilização pela dança. Esta é na verdade uma música de dança que pode nem se dançar, o acoplamento dos temas e a variedade de caminhos que acabam por sugerir definindo antes um percurso que pode ser saboreado apenas pelo gosto de escutar. Apesar de algumas afinidades com um sentido de redescoberta de caminhos house (como o fizeram este ano os Disclosure, para quem, de resto, remisturou o belíssimo You & Me, com a voz de Eliza Doolittle), Flume propõe neste seu cartão de visita uma visão mais abrangente sobre as eletrónicas do presente que integra no corpo das suas composições tanto os espaços do dub-step como elementos da cultura indie ou marcas do universo R&B do nosso tempo. Se isso era já evidente no alinhamento original do álbum, o panorama mais vasto de temas que agora encontramos nesta versão “especial” alarga horizontes e confirma uma assinatura com o gosto da partilha, do diálogo, da experiência. Juntando alguns inéditos e remisturas (entre as quais a já referida de You & Me, ainda mais interessante que a leitura originalmente apresentada no álbum do projeto Disclosure), e convocando colaboradores como Twin Shadow ou How To Dress Well, Flume deixa aqui claro como vivemos hoje num mundo em que não faz mais sentido falar de fronteiras entre géneros. Afina, na era global, todos dialogam, tudo se cruza, tudo se transforma.