segunda-feira, setembro 23, 2013

Novas edições:
Elton John, The Diving Board

Elton John 
“The Diving Board” 
Mercury / Universal 
4 / 5 

Na música não há regras certeiras. E por isso os graus de imponderabilidade que nascem das atitudes dos músicos ou das reações dos públicos guardam sempre uma dose valente do fator surpresa para o momento da revelação do disco e de como com ele nos relacionamos. Há contudo entre os veteranos uma noção de que, muitas vezes, o regresso às origens – o tal “back to the basics” - costuma ser uma boa opção. Nem que pelo facto de devolver o músico a um terreno onde, muitas vezes, já foi feliz. Isto para não dizer que este tipo de opções devolvem também os músicos a formas e referências que lhes foram formadoras, que dominam bem e que, na generalidade dos casos, lhes terão dado alguns dos seus melhores discos (os Beatles são mesmo uma das raras exceções de carreiras em que a obra tardia supera a inicial). Elton John não tem gravado muito nos últimos anos. Mas convenhamos que data de 2001 aquele que é um dos seus melhores discos de sempre e, inexplicavelmente, um dos mais ignorados. Trata-se de Songs From The West Coast, um mergulho sóbrio e inspirado, com magníficas canções e a companhia de nomes como Rufus Wainwright ou Stevie Wonder por terrenos americanos. O disco passou longe das atenções. Mas não foi muito diferente o destino dos sucessores Peach Tree (2004), The Captain and the Kid (2009) ou o encontro com Leon Russell (editado em 2010), pelo caminho um novo 'best of' deixando claro que o seu nome ainda vale ouro... O álbum de 2009 ensaiava uma tentativa de regresso ao passado, nomeadamente através da busca de uma sequela para o álbum de 1975 Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy. Agora, quatro anos depois, e com T Bone Burnett na produção, a ideia de um reencontro com as suas raízes ganha ainda maior evidência num novo disco que aceitou o desafio de um reencontro com o piano, o baixo e as percussões. E a verdade é que, sob esse mais limitado elenco de sons à sua disposição, Elton John e Bernie Taupin criaram para The Diving Board o seu melhor disco desde esse já referido título maior de 2001, com ele fazendo o par dos seus melhores álbuns desde os anos 70. As canções são todas elas de recorte clássico, o vigor vocal e pianístico de Elton John revelando uma forma notável num alinhamento que merece ser referido entre os melhores da sua discografia. No fim, é este fulgor vocal e interpretativo, quem juntamente com as qualidades da escrita de Taupin, acaba por fazer deste um disco que, mesmo recuando no tempo rumo a formas instrumentais de outro tempo, acaba na verdade por projetar a música de Elton John num espaço adiante do grosso da sua obra. Tal como aconteceu no encontro de Neil Diamond com Rick Rubin, este pode ser o primeiro disco do resto da sua discografia.