sábado, dezembro 01, 2012

'Thriller': 30 anos depois

Passaram esta semana 30 anos sobre a edição de Thriller, o álbum de Michael jackson editado a 30 de novembro de 1982 e que mudaria o cenário da música pop e o estatuto do cantor. Este texto é uma versão editada de um outro publicado ontem na edição online do DN.

Há muitos anos que Michel Jackson era uma voz sobejamente (re)conhecia. Não só pelo trabalho nos Jackson 5 em inícios dos anos 70 como por uma carreira a solo também encetada nesses dias em que foi uma das grandes vozes de uma nova geração de figuras reveladas pela Motwon. Mas em 1979, sob a produção de Quincy Jones, o álbum Off The Wall, que assimilava ideias entre o disco sound e a pop para propor novas formas de encarar as heranças do rhythm’n’blues, lançava novas ideias. Ideias que ganhariam forma maior (e definitiva) em Thriller, disco que Michael Jackson editou a 30 de novembro de 1982. Faz esta semana 30 anos.

Reduzi-lo à ideia de “álbum mais vendido da história” é reparar apenas nos números feitos por um disco que, na verdade, foi muito longe tanto no plano artístico como no espaço social no qual agiu de forma marcante, contribuindo para um progressivo esbatimento entre lógicas de separação pela cor da pele que, hoje parecendo coisa meio troglodita, eram ainda bem visíveis em muitos lugares em inícios da década de 80 e mais ainda tanto nos espaços de decisão e poder da época. Ao “coroar-se” rei da pop (OK, é estatuto que o marketing dele inventaria anos depois, mas assenta-lhe tão bem quanto a icónica luva que então usava), Michael Jacskon mostrou que um negro podia ser mais que apenas uma referencia de popularidade. Podia ser um ícone. E se era preto ou branco, como ele mesmo cantaria anos depois, isso não importava. Ou começava a deixar de importar.

Thriller representou o aperfeiçoar de uma visão pop que resulta da confluência de uma série de referencias e raízes, não apenas nos espaços da chamada música negra, mas entre o panorama pop da época. Contém uma invulgar coleção de canções irrepreensíveis, de Billie Jean a Beat It, de Wanna Be Startin’ Something ao tema-título e um dos dois duetos que na altura Michael Jackson gravou com Paul McCartney. E, apesar das experiências feitas nos dias de Off The Wall, é aqui que a relação de Michael Jackson com o teledisco se aprofunda, daí resultando episódios inesquecíveis como o foram os que vimos ao som de Billie Jean (caminhando naquela rua em que as pedras do chão se acendem passo a passo), Beat It (numa alusão ao clássico West Side Story) ou, naturalmente, Thriller, o filme de Michael Landis que mudou a história do teledisco.


Capas de três dos singles extraídos do alinhamento de Thriller. As capas de Billie Jean e Beat It correspondem às edições portuguesas. Wanna Be Startin' Somethin' não teve lançamento em single em Portugal.

Imagens do teledisco de Billie Jean