terça-feira, novembro 27, 2012

Novas edições:
Claudia Brücken, The Lost and Found


Claudia Brücken 
“The Lost and Found” 
Sonic Seduction 
2 / 5
 
Apesar do grupo ter conhecido uma outra voz numa segunda (mas quase invisível) formação, Claudia Brücken será eternamente a voz dos Propaganda. Afastou-se do projeto após a edição do álbum de estreia A Secret Wish (um dos maiores monumentos pop dos anos 80), deu vida ao fugaz projeto Act (com Thomas Leer) e encetou logo depois uma bissexta carreira a solo da qual, em pouco mais de vinte anos, apenas no chegou um pequeno lote de gravações, entre as quais podemos contar colaborações com o compositor Andrew Poppy ou Paul Humphries, dos OMD. Parte da sua obra passa pela recriação de canções de outros autores. E, de resto, logo na estreia dos Propaganda escutámos uma versão de Sorry For Laughing, dos Joseph K, com a mesma banda tendo ainda gravado uma leitura para Femme Fatale, dos Velvet Undreground. No seu regresso aos discos apresenta, em The Lost and Found, uma coleção de versões de canções que, umas mais e outras menos “perdidas” a cantora reencontra e reinterpreta em arranjos trabalhados em conjunto com o produtor Stephen Hague, a segunda “voz” que completa o quadro criativo que aqui se desenha. Hague, que naturalmente associamos a alguns discos marcantes da pop britânica da segunda metade dos oitentas (com nomes como, entre outros, os Pet Shop Boys, New Order, Erasure ou Holly Johnsson) confere ao todo tonalidades algo atmosféricas que evocam a eloquência orquestral que os sintetizadores da época procuravam desenhar. O mais surpreendente do disco está nas escolhas, que vão de um Kings Cross dos Pet Shop Boys ou Everyone Says Hi de David Bowie a Mysteries of Love de Julee Cruise ou The Road To Happiness. Contudo, e se a aproximação à memória da versão original da canção de Julee Cruise e a natural familiaridade de Stephen Hague com King’s Cross (que produziu para o álbum de 1987 Actually) geram momentos particularmente cativantes, o resto do alinhamento do álbum não ultrapassa nunca o patamar da competência que naturalmente esperamos entre ambos os nomes envolvidos. No final, um álbum que não faz mal a ninguém, mas na verdade nada acrescenta senão um título à carreira de Claudia Brücken. E convenhamos que, desde o álbum que editou pela dupla Act, a música com que trabalhou não lhe deu, como aí e nos Propaganda, um palco para brilhar.