segunda-feira, maio 21, 2012

Novas edições:
Oberhofer, Time Capsules II

Oberhofer 
“Time Capsules II” 
Glassnote / Coop 
2 / 5 

Um produtor não faz um disco. E há alturas em que serve mesmo um efeito de terraplanagem que arruma ideias sob um menor denominador comum. Esse é um dos dramas que fazem de Time Capsules II de Oberhofer, um daqueles discos que cativam à faixa um, intrigam à segunda, desmotivam à terceira e desmoronam por aí adiante... Antes de mais o nome. Oberhofer é o nome de família de Brad Oberhover que hoje, aos 21 anos, faz de Brooklyn o seu habitat (a banda com o seu nome juntando três outros músicos que, a avaliar pela ficha técnica, não terão qualquer papel na escrita das canções). Se pelas canções não passa senão uma agenda muito característica de narrativas de amores, desamores e arredores, pelas referências que o disco sugere podemos encontrar uma pequena multidão de nomes. O primeiro problema do disco surge quando, em vez de as assimilar, Brad e seus três parceiros parecem antes mais dados a vestir as ideias que citam, como que fazendo um baile de máscaras onde, ora são Animal Collective (como, logo a abrir, no agradável, mas muito coisa de pastiche que escutamos em Heart), ora surf rock (em Cruisin’ FDR) ou, como alguém chegou a descrever, algo que ficaria entre um Ben Fold e um Wayne Coyne (ou seja, os Flaming Lips), sem esquecer uma luminosidade estival à la Beach Boys que cruza muitos dos momentos do disco (onde há mais “oooohs” concentrados por metro quadrado que na restante produção pop do ano, aplaudindo-se o que parece a auto-ironia de quem chama mesmo a um tema oOoO). O segundo problema chega com a produção de Steve Lillywhite que aqui nivela tudo num patamar de intensidade que retira à música a espaços de respiração e trégua. Ou seja, Brad Oberhofer tem uma interessante carteira de referências e capacidade técnica evidente. Resta-lhe tempo para que se encontre a si e não àqueles que aqui toma como os seus guias espirituais.