terça-feira, fevereiro 28, 2012

Novas edições:
Hooray For Earth, True Loves


Hooray For Earth 
“True Loves” 
Memphis Industries 
4 / 5

O mapa indie parece estar a reconhecer o momento algo desinspirado (salvo as exceções, claro) que a música de guitarras tem vivido nos últimos tempos. E vão surgindo exemplos de casos em que aos sintetizadores (e demais artilharia electrónica) é conferido maior protagonismo em espaços de afirmação de descendências da cultura pop/rock (fação alternativa). Apesar de terem infletido o sentido da sua demanda num percurso de reencontro com ecos dos sessentas, os MGMT são cada vez mais um caso paradigmático dessa nova lógica, alguns dos temas centrais de Oracular Spectacular servindo de referencias que guiam novos talentos. Ainda recentemente encontramos nos escoceses Django Django um entusiasmante lugar de encontros entre uma pop contemporânea tão atenta à assimilação de elementos electrónicos (porém de escola mais próxima do que conhecemos nuns Hot Chip) com sabores mais remotos colhidos na memória do psicadelismo. Agora centremos atenções nos Hooray For Earth. Chegam de Nova Iorque (mas com pré-história em Boston) e contam já com um par de discos editados (um deles contando com a colaboração de Twin Shadow), porém sem sinais de terem chegado muito longe... Em 2011 um teledisco (com True Loves como banda sonora, canção que estabelecia eventuais afinidades com uns Late of The Pier) deu-lhes visibilidade maior em várias plataformas online. E, depois de editado nos EUA em finais do ano passado, o álbum True Loves conhece agora lançamento europeu através da atenta Memphis Industries. Trata-se de uma bela e sólida mão cheia de canções que, além de acreditarem nos valores da concisão (alinhamento de dez faixas, nem mais nem menos), apresenta expressões contemporâneas de fontes de inspiração menos habituais quando se evocam os oitentas, que vão das primeiras fases de uns Tears for Fears ou Talk Talk à memória ainda mais remota de uns New Musik (em Bring Us Together avançando pelo território menos gourmet de um power pop à moda de uns Go West). Pop luminosa, pungente, musculada, num disco que serve de seguro cartão de visita a uma banda que mostra interessantes novas formas de abordagem a ecos dos oitentas.