terça-feira, janeiro 31, 2012

"Na Cama com Madonna" em Blu-ray

Na árvore genealógica das muitas contaminações documentário/ficção, Truth or Dare — ou In Bed with Madonna, entre nós Na Cama com Madonna — ocupa um lugar pioneiro, incontornável. Surgiu há mais de vinte anos, mais precisamente no Festival de Cannes de 1991, extra-competição: registando a Blond Ambition Tour, o realizador Alek Keshishian trabalhava a partir de um contrato tácito com Madonna, por assim dizer desafiando os limites da verdade que é possível inscrever na própria matéria cinematográfica. O lema "See the truth" (à letra: "Veja a verdade") condensa exemplarmente tal desafio — a partir do próximo dia 3 de Abril, será possível reencontrar a sofisticação de tudo isso em Blu-ray.

Oscars para quê?

A esmagadora maioria dos discursos jornalísticos sobre os Oscars de Hollywood confunde-se com uma banal bolsa de apostas. Na prática, a crescente visibilidade mediática dos prémios que antecedem os Oscars gerou uma conjuntura perversa, estranha a qualquer gosto cinéfilo: trata-se de saber até ponto os prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas "confirmam" ou "desmentem" as distinções já atribuídas. Na prática, os filmes contam cada vez menos... Triunfa o espírito competitivo de um qualquer reality show. Ou ainda: a cultura televisiva dominante é, cada vez mais, anti-cinema.

Telenovela com muitas vírgulas

No mundo das telenovelas a retórica é tanta, e tão primária, que até se acrescentam vírgulas para separar (?) os elementos de uma frase que deviam estar ligados ao verbo... Na campanha de Doce Tentação, além do exemplo que aqui se reproduz ("Amor que dá frutos, semeia invejas"), há também este: "O desejo escondido, é o mais apetecido".
Como alguns autores de telenovela gostam de defender a dimensão sociológica (???) do seu trabalho, só falta agora algum deles vir defender, emocionado, a integridade da língua portuguesa. Tudo é possível — mesmo se o poder (económico e mediático, numa palavra, cultural) conquistado pela telenovela reduz, drasticamente, as possibilidades do audiovisual português.

NOTA: Na imensa campanha de cartazes que sustenta esta mediocridade, há uma outra frase, esta com a vírgula no sítio certo: "As aparências enganam, o coração não". Em todo o caso, convenhamos que o nível de excelência filosófica se mantém intacto.

MDNA, aliás, Madonna

Nos tempos primitivos da fotografia, algures em meados do século XIX, os mais poderosos encomendavam a sua imagem, atribuindo ao fotógrafo a responsabilidade de ilustrar e, num certo sentido, legitimar a sua diferença na hierarquia social: eles tinham algo — a imagem, precisamente — a que os mais pobres não podiam aceder, a não ser pela arte (dos outros).
Os tempos mudaram. E muito. No século XXI, com a proliferação de canais virtuais, qualquer um, entre os extremos do narcisismo banal e da arrogância identitária, pode expor a sua imagem como um efeito de assinatura: este é o meu corpo, diríamos, se o pudor a tanto nos autorizasse.
Resta saber se não nos perdemos nesta ilusão de dizermos que estamos onde está a nossa imagem. Madonna, hélas!, nunca se enganou nessa aventura. Da idade heróica em que "duplicava" Marilyn Monroe até ao presente irónico dos seus juvenis 53 anos (nasceu a 16 de Agosto de 1958), a eterna Material Girl sabe que a exposição envolve sempre elaboradas formas de ocultação.
Assim acontece, uma vez mais, na distanciação festiva (contradição exemplar do seu universo) da capa do novo álbum, MDNA. Reencontrando alguns talentosos cúmplices — Mert Alas & Marcus Piggott na fotografia, Giovanni Bianco no design — Madonna é, de uma só vez, um rosto reconhecível e um fantasma inacessível. Daí a admirável perversidade formal do título: ao lermos "MDNA", refazemos mentalmente a palavra "M-a-D-o-N-n-A", compreendendo, afinal, que o celebrado mundo das imagens é apenas uma variação material sobre o primado da escrita. Diz-me como me lês...

Novas danças (com velhos temperos)

Chama-se Willy Moon, chega da Nova Zelândia e apresentou recentemente I Wanna Be Your Man, canção que cruza ecos de memórias e referências de memórias rock'n'roll dos cinquentas com linhas e formas da produção dos nossos dias. Aqui fica o teledisco.

'Música para Filmes' n'O Sétimo Continente

Chama-se Música para Filmes e é uma nova rubrica de minha autoria no blogue O Sétimo Continente. No dia em que se assinalam os 75 anos de Philip Glass dedicamos esse espaço a um dos mais inesquecíveis dos trabalhos de Philip Glass para o grande ecrã. Em concreto a música que assinou para o filme de 2002 As Horas, de Stephen Daldry.

Podem ler o texto aqui.

Novas edições:
2 Bears, Be Strong


2 Bears
"Be Strong"
Southern Field
3 / 5

São dois ursos, mas podiam ter sido três. Por ocasião de festas com o Greco Roman Soundsystem, um amigo sugeriu que o produtor Raf Rundell, Jo Goddard (dos Hot Chip) e Joe Mount (dos Metronomy) criassem um projeto ao qual poderiam chamar Three Bears (ou seja, os três ursos). A ideia avançou, mas sem Joe a bordo e o nome acabou reduzido para 2 Bears, desde 2009 o par tendo assinado várias atuações como DJs e remisturas, começando inclusivamente a editar música de sua autoria numa sucessão de singles e EPs que, na verdade, não chegaram para além da atenção de alguns. Já este ano Work, um novo single, deu-lhes outra visibilidade e agora a chegada do álbum coloca-os definitivamente sob os focos dos que gostam de seguir os caminhos cruzados da música de dança com os terrenos da canção. Sem a “obrigação” de corresponder a um qualquer plano de espectativas (que foi certamente elemento em conta para os Hot Chip entre Made In The Dark e One Life Stand), os 2 Bears apresentam em Be Strong um discreto manifesto de luminosidade em tempo de sombras. Assim acontece, revelando o alinhamento do álbum uma viagem, não necessariamente arrumada ou sistematizada, por referências que fazem parte das vivências da música de dança dos últimos vinte e poucos anos, de assimilações da cultura house (a linha de piano com sabor italo house em Work é irresistível, as heranças deep house em Bear Hug convivem com saboroso refrão pop) e ecos de modelos de produção de outros tempos (Ghosts & Zombies lembra a sofisticação polida da pop dançável de finais dos oitentas) às evoluções mais recentes das genéticas two step e periferias, não faltando elementos R&B e outros temperos que sugerem mesmo assim uma certa ordem de unidade entre a diversidade. No fundo, até o aparente ovni (muito ao estilo Blancmange) de Time in Mind tem razão de ser entre esta coleção acontecimentos que são como bálsamo pela alma de um tempo algo magoado no mundo real. Não há aqui um One Life Stand, muito menos um I Feel Better... Mas a coerência do alinhamento garante a Be Strong a noção de rumo que faltava ao mais recente álbum dos Hot Chip. Que daqui sigam boas sugestões na hora de arrumar as ideias para o seu sucessor, que está prometido para este ano.

O regresso de Ferris Bueller



O poder dos apetites da nostalgia dá nisto. E, partindo de uma evocação do filme de 1986 Ferris Bueller’s Day Off, de John Hughes (estreado entre nós como O Rei dos Gazeteiros), um filme publicitário da Honda levou Matthew Broderick a revisitar, 26 anos depois a personagem que então criou. Já houve quem criticasse a superficialidade da abordagem na forma como o filme se limita a revisitar a figura de Ferris Bueller sem implicar que o tempo passou, ao ator restando assim a tarefa de, com a ajuda da maquilhagem (e bem... fazendo por esquecer uns quilitos a mais), tentar replicar o que em tempos foi... É uma opção. Assim como a de envelhecer Ferris seria outra, narrativa e visualmente mais interessante até, obrigando o exercício do reconhecimento das imagens ao assimilar de um novo contexto. Mas o certo é que desta ideia nasce um exemplo interessante (nem que pelo facto de lançar o debate) de como a memória do cinema pode ser reinventada no contexto de um filme publicitário.


O motivo para este reencontro com Ferris Bueller é uma campanha para o modelo Honda CR-V. E a ocasião, a Super Bowl (no próximo domingo, dia 5). O filme publicitário, realizado por Todd Phillips (o mesmo de A Ressaca), coloca MatThew Broderick numa sucessão de situações que evocam diretamente o filme de 1986, em desviando o ponto de partida de sua casa para um hotel, trocando as ruas de Chicago pelas de Los Angeles e, claro, o Ferrari pelo Honda. Há planos que citam claramente o filme e a sequência de imagens condensa uma história sem, contudo, nada lhe acrescentar nada senão o efeito da satisfação da memória (o efeito da nostalgia, certeiro, portanto) e a chamada de atenção para o verdadeiro protagonista desta operação: o novo carro. Enquanto ideia de cinema, falta à personagem de 2012 a verdade que o passar do tempo lhe daria. Mas enquanto foco de atenção numa mensagem a passar, o filme não falha nos objetivos de fazer o objeto que o justifica a peça verdadeiramente nova do conjunto. É publicidade, lembremo-nos. Apesar de recorrer às linguagens (e memórias) do cinema.


Estreado em 1986, O Rei dos Gazeteiros ficou registado como um dos grandes momentos da comédia americana dos oitentas. Matthew Broderick veste a pele de Ferris Bueller, que finge estar doente para faltar à escola, vivendo um dia bem diferente pelas ruas de Chicago com mais dois amigos. Com música dos Yello ou Sigue Sigue Sputnik e inesquecível cena de parada de rua ao som de Twist & Shout dos Beatles, tornou-se um clássico do seu tempo.




Imagens do novo filme publicitário da Honda.



Imagens do trailer original de Ferris Bueller’s Day Off.

Nos 75 anos de Philip Glass


Philip Glass nasceu em Baltimore a 31 de janeiro de 1937. Feitas as contas, faz hoje 75 anos. A “festa” está marcada para mais logo, no Carnegie Hall, com um concerto pela American Composers Orchestra, dirigida por Dennis Russel Davies, naquela que será a estreia da sua Sinfonia Nº 9. No programa será ainda ouvida Lamentate, uma obra recente de Arvo Pärt. Uma gravação desta Sinfonia foi entretanto hoje lançada para venda exclusiva no iTunes.

Na verdade as festividades já começaram a 3 de janeiro, com a estreia da mesma sinfonia em Linz, na Áustria. E esta semana, em Nova Iorque, músicos como o Kronos Quartet, Foday Musa Suso ou Zack Glass (filho do compositor) juntaram-se no Poisson Rouge, em Nova Iorque, para uma noite de tributo que cruzou a música de outros nomes com a de Philip Glass. Entre as suas obras evocadas conta-se um excerto de As Horas, o mais recente Pendulum (para violino e piano) e o arranjo para cordas que Glass criou para Don’t Think Twice, It’s Alright, de Bob Dylan (a integrar no álbum da Aminstia Internacional a lançar a 6 de fereveiro).

Nova Iorque não fica contudo por aqui num 2012 que celebra os 75 anos de Philip Glass. De 23 a 26 de fevereiro, o Armoury (em Park Avenue) acolhe um programa que inclui, no primeiro dia, obras de Glass com poesia de Allen Ginsberg como Hydrogen Jukebox, a Sinfonia Nº 6 – Plutonian Ode e a estreia de Kadish, esta peça a ser interpretada pelo guitarrista Bill Frisell. O segundo dia apresenta Philip Glass e Patti Smith juntos, uma vez mais com poemas de Ginsberg. A terceira noite propõe a interpretação integral de Music In 12 Parts pelo Philip Glass Ensemble e, na quarta, ouve-se Another Look At Harmony (Part 4).



Imagens de um pequeno filme promocional do concerto desta noite no Carnegie Hall. Philip Glass fala aqui sobre o seu trabalho como compositor de sinfonias e também do facto de fazer 75 anos. Sobre a idade diz que "75 anos costumava ser uma idade avançada para um compositor mas o Eliott Carter [que nasce em 1908 e está ainda ativo] faz-me sentir como se fosse um jovem". No mesmo filme elogia ainda o talento que reconhece na nova geração de compositores.

No centenário de Jackson Pollock (4)

'Verão: Número 9A' 
(1948) 


Um formato invulgar numa tela de 1948. Verão: Número 9A, 1948 mede apenas 84,5 cm de altura por 549,5 cm de largura e retoma linhas e movimentos do célebre Mural, de 1943. A obra integra a coleção da Tate Gallery, de Londres.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Pepe, Messi, a televisão e a Europa

METROPOLIS (1927), de Fritz Lang
Num mundo de crescente subserviência do discurso político à formatação televisiva, há quem pense que uma pisadela de Pepe a Messi é um assunto para o... Parlamento Europeu!!! — este texto foi publicado no Diário de Notícias (29 Janeiro), com o título 'Na Europa com Pepe e Messi'.

O défice de reflexão da maioria da classe política europeia sobre as imagens televisivas é gritante. Os agentes políticos ignoram, literalmente, os valores e poderes televisivos, confortando-nos com os sucessos mais ou menos atribulados da digitalização do continente e do planeta. Um sintoma recente de tal estado de coisas veio do Parlamento Europeu, com dois deputados catalães (Ramon Tremosa e Raül Romeva) a mobilizarem-se para enfrentar um facto, no mínimo, decisivo para os destinos da nossa abalada Europa. A saber: a pisadela de Pepe a Lionel Messi no jogo Real Madrid-Barcelona!
Confesso que comecei por pensar que se tratava apenas de uma banal manifestação clubista, pelo que esperei pelo contraponto, ou seja, a denúncia da vergonhosa teatralidade de dor e sofrimento como um dos mais sofisticados recursos do “melhor jogador do mundo” (embora devamos reconhecer que, na arte do fingimento, o colega Mascherano possui um talento dificilmente superável). Mas não. Os deputados não estavam a brincar. De tal modo que formularam uma pergunta muito directa: “Pensa a Comissão Europeia que factos tão graves, vistos por milhões de pessoas, entre as quais crianças, devem ficar impunes?”. Mais ainda: inquietos com a “violência no desporto”, lembraram que “se Pepe não for sancionado, isso será entendido como uma acção neutra da sociedade.”
Estaríamos perante uma brilhante comédia do absurdo, não se desse o caso de depararmos, assim, com uma miséria de pensamento cujos efeitos se fazem sentir todos os dias, da cena política às esferas mediáticas. Temos mesmo uma classe política que, há décadas, assiste na mais absoluta boçalidade à degradação brutal do espaço televisivo. Por norma, o triunfo das atrocidades humanas e morais do modelo “Big Brother” (do entertainment às notícias) não suscita a mais ténue dúvida existencial. Bem pelo contrário, defende-se o funcionamento institucional da Europa como um gigantesco “Big Brother”: Pepe pisa Messi e só nos resta correr a tapar os olhos e ouvidos das nossas indefesas crianças...
Escusado será lembrar que o grau de intencionalidade de tão homérica pisadela nada tem a ver com assunto: convenhamos que a consciência de Pepe não justifica a abertura de um dossier político. O que está em causa é de outra natureza: intervenções deste teor enraízam-se numa ideologia de patético voluntarismo em que se reduz o todo social a um colectivo determinista, momento a momento vigiado pela “justiça popular” de um aparelho legislativo inquestionável (leia-se: a televisão). Sobre essa consagração abstracta de uma ordem sem rosto, vale a pena rever Metropolis (1927), de Fritz Lang, memória europeia cuja actualidade permanece. Em atenção aos mais susceptíveis, garanto que Lang não está na lista de futuras transferências para o Real Madrid.

Michael Oswald: corpos digitais

Michael Oswald não será um prodígio estético. Podemos até considerar que o seu universo visual se esgota num imaginário new age algo desgastado e previsível. Em todo o caso, nos seus melhores momentos, as suas fotografias digitais reflectem as muitas convulsões figurativas a que estão a ser sujeitos os corpos — e, num certo sentido, a própria ideia de corpo. Vale a pena visitar o seu site, ou descobri-lo através de um portfolio publicado no blog FashionProduction.

Madonna e a imprensa

A propósito da estreia do seu novo filme, W.E., Madonna deu uma entrevista ao The Wall Street Journal, respondendo a algumas perguntas sobre a sua leitura das personagens do Duque e da Duquesa de Windsor, sobre o seu novo disco e ainda sobre a sua relação com o que, sobre ela, se escreve na imprensa. Citação:

(...) Portanto, de facto não lê nada na imprensa sobre a sua pessoa?
Não. Ainda nem sequer li nenhuma crítica ao meu filme, e não quero ler.
Quando decidiu ignorar tudo isso?
Quando adoptei o meu filho de África e fui acusada de o raptar. Fiquei devastada com aquilo que escreveram sobre mim, basicamente acusando-me de ter feito algo de criminoso. Esse foi o meu ponto de viragem.

Actores/actrizes de 2011

Elizabeth Olsen
Em tempos de prémios cinematográficos dados pelas mais diversas entidades, assiste-se a uma exacerbação beata das "consagrações". Dir-se-ia que o ambiente favorece a imagem fútil da corrida ao "sucesso", minimizando a simples possibilidade de sentir a vitalidade dos filmes... Vale a pena, assim, dar uma vista de olhos ao portfolio de Mario Sorrento para a revista W., celebrando uma notável galeria de actores e actrizes — o título adequado é 'Best performances'.
Brad Pitt
Rooney Mara

Efeitos colaterais (de uma banda sonora)

O filme pode estar a milhas do que de mais interessante se tem feito por aí (há quem discorde e ainda bem, que ter gostos diferentes só enriquece uma população e a sua atitude crítica perante as coisas). Mas Drive tem um mérito que não podemos deixar de reconhecer. A sua banda sonora é notável e se já obrigou a uma reedição de um máxi de Kavinsky, agora coloca no mapa das atenções os Desire. Trio feito de dois elementos dos Chromatics, aos quais se junta a voz de Megan Louise, viram o tema Under Your Spell ser incluído na banda sonora de Drive, necessariamente cativando atenções. Agora apresentam um teledisco para Don't Call, tema do álbum II, que haviam editado em 2009 e que então tinham passado longe da atenção de muito boa gente. Aqui ficam as imagens, captadas quando Miami foi fustigada por um furacão em Outubro do ano passado.

Novas edições:
Lana del Rey, Born to Die


Lana del Rey 
“Born to Die” 
Polydor 
4 / 5

Foi há apenas alguns meses. E ao som de Video Games e Blue Jeans a estreia de Lana del Rey era acolhida com a surpresa de quem saboreava não apenas os encantos de uma descoberta mas também aquela sensação de estar perante uma eventual next big thing. Os meses (na verdade poucos) passaram. Juntou-se a estas canções o teledisco (mais caro e sofisticado) para Born To Die. E perante a constatação de uma biografia com episódios de mudança e construção de uma persona, uma cisão afastou da legião original de seguidores alguns primeiros céticos, outros juntando-se agora que o cenário parece de iminente sucesso (que isto de conviver com o triunfo dos outros ou com aquela coisa da partilha com uma multidão daquilo que nascera como um segredo “nosso” não é de digestão fácil para alguns). Vamos então por partes. Tem pai rico? Não tem pai rico? Desde quanto esse foi argumento a favor ou contra uma carreira? Os Strokes nasceram nos bairros favorecidos de Nova Iorque. Os Ramones nem por isso. Mas são ambos nomes-chave na história rock’n’roll da cidade. A conta do papá não parece ser argumento standard... Chamava-se Lizzy Grant? Pois também David Bowie era David Jones, Bono chama-se Paul e Nick Rhodes é Nicholas Bates... Nem todos têm sorte da mãe lhes ter chamado Madonna Louise... Construir um nome é “tradição” antiga. E faz mal? OK, adiante... A música da jovem Lizzy era diferente? Também o era a de Stefanie Germanotta pré-Gaga, por exemplo. E Scott Walker começou como teen star, muito longe do que apresentou quer nos Walker Brothers ou nos seus marcantes discos a solo dos sessentas... Não é de ficarmos satisfeitos pela evolução? Não precisamos na verdade de evocar outros para escutar o caminho de segura e inteligente mudança que transformou Lizzy Grant em Lana del Rey (e convenhamos que a soma de metade do nome de Lana Turner com a evocação do modelo Ford del Rey tem mais pop appeal). Fazemo-lo apenas para mostrar como uma atitude chamada preconceito por vezes tolda as avaliações do que escutamos, vemos ou lemos. Lana del Rey não inventou, na verdade, nada que antes não tivesse sido feito antes por outros (e não quer isto dizer que a coloquemos ao nível de um Bowie ou Walker, naturalmente). Talvez o tropeção recente no Saturday Night Live mostre que há ainda fragilidades vocais a corrigir. Mas alguém se recorda daquela “fífia” constrangedora de Simon Le Bon no final de A View to a Kill, em pleno Live Aid, em 1985, já os Duran Duran eram, desde 81, um fenómeno global? Eu lembro... E se a afinação exemplar de uma Celine Dion é modelo a admirar, então não falamos do mesmo...

Mas, arrumados os argumentos exteriores ao álbum, e cabendo agora a cada um, ouvidas as canções, decidir se gosta ou nem por isso, falemos do disco de estreia de Lana del Rey (que das comparações com Lizzy Grant tratarmos com outra propriedade quando se confirmar a recentemente prometida reedição do seu álbum de estreia). Chama-se Born to Die e é, simplesmente, o primeiro “caso” de 2012. As canções que conhecíamos de 2011 são um ponto de partida. Um espaço. Mas não um template. E o que o disco mostra é que há mais por aqui que apenas uma encenação gourmet de melancolia com ares de coisa nostálgica e boa direção artística. Se caminharmos entre o que nos conta Lana del Rey o disco dá conta de quem é, do mundo e do tempo em que vive. Vem do hip hop, não do punk, canta em Blue Jeans quando revela o clima em que cresceu, essa verdade traduzindo-se nos temperos que moldam National Anthem, afinal nada mais senão a expressão de marcas do genoma do ambiente em que tomou consciência da música ao seu redor. De resto, pelos caminhos de Born to Die, e sem que tal manche a persona, há mais luz pop que a cenografia de escuridão que assombrava os cartões de visita com que a descobrimos em 2011. Se Dark Paradise, Million Dollar Man, Lucky Ones ou Summertime Sadness seguem mais de perto o “cânone” definido por Video Games e Blue Jeans, já Radio ou Lolita abrem janelas a outros ares que deixam pontas soltas para eventuais cenas dos próximos capítulos... Born to Die é pois coisa pop. Uma pop refletida, atenta a formas, capaz de suportar a construção de uma estrela com uma mão cheia de boas canções (se bem que Off To The Races ou Carmen podiam ter ficado pelo chão da sala de montagem e a menor This Is What Makes Us Girls parece algo caída, sabe-se lá de onde, para o alinhamento de outro disco que não este). Há aqui ecos da elegância sinfonista de uma Nancy Sinatra e do apelo cinematográfico de uma Julee Cruise (na etapa em que trabalhou com Angelo Badalamenti). Há escuridão, mas também brilho. Melodrama. Onde anda a verdade no meio de tudo isto? No fundo as fronteiras esbatem-se. As fronteiras entre a ficção e o real, entenda-se, tal e qual a própria sugere a dada altura em National Anthem. Não procuremos por isso aqui as “verdades” de uns Dardenne, mais as visões um David Lynch... A verdade maior é a da capacidade em fazer de uma mão cheia de canções um instante de fantasia. Não escapista, mas plástica e emocionalmente envolvente. Não o fizeram sempre, e cada qual à sua maneira, os nomes maiores da música pop? Ou temos todos de responder pela mesma agenda?

Leonard Cohen, segundo Philip Glass


Apesar do permanente trabalho vocal que a música de Philip Glass tem vindo a conhecer nas suas muitas experiências para os palcos da ópera, há muito que não o víamos a escrever canções. Na verdade a sua obra só conhecera mesmo um ciclo de canções, que em 1986 registara no álbum Songs From Liquid Days, que assinalou não apenas um importante espaço de diálogo com figuras do universo da música popular como representou uma importante janela de comunicação com novos públicos.

Em meados da década dos zeros Philip Glass voltou a ter pela frente o desafio da criação de um ciclo de canções. De novo, face ao que propusera em Songs From Liquid Days (que tinha entre os letristas figuras como David Byrne, Suzanne Vega ou Paul Simon), surgia o fechar das atenções nos poemas de um livro de Leonard Cohen. Surge assim Book of Longing (precisamente o título do livro de Cohen), que parte de uma seleção de poemas para várias vozes, a do próprio Leonard Cohen surgindo a dados momentos, recitando algumas das palavras que escreveu.

Philip Glass começou por apresentar em palco o projeto Book of Longing, que acabaria depois por registar em disco, editado no formato de duplo CD pela Orange Mountain Music em 2007.

No centenário de Jackson Pollock (3)

'Autumn Rhythm: 30 - 1950' 
(1950)


Com o título Ritmo de Outono: Número 30 – 1950, esta é uma das telas mais célebres da obra de Jackson Pollock. E talvez o facto de estar exposta nas salas do MoMA, em Nova Iorque, contribua para o assegurar desse estatuto. Juntamente com outras obras que assinou nesse mesmo ano, são resultado de um período de alguma tranquilidade na vida do pintor, os episódios de alcoolismo regressando apenas no final desse 1950. Nesse mesmo ano o pintor tinha visto uma obra sua ser comprada por este museu, participou num protesto contra o Metropolitan Museum e esteve representado na Bienal de Veneza.

Steve Reich reescreve Radiohead


Mais uma colaboração entre os universos da música clássica e os da cultura popular ganha forma. Steve Reich vai criar uma peça tendo por base dois temas dos Radiohead. Com o título Radiohead Rewrite, a peça vai ter como ponto de partida os temas Everything In It’s Right Place e Jigsaw Falling Into Place, ambos incluídos no alinhamento de Kid A, álbum editado no ano 2000. O interesse de Reich pela música dos Radiohead surgiu em 2011 na sequência de uma atuação de Johnny Greenwood num festival na Polónia no qual o músico dos Radiohead interpretou Electric Counterpoint, do compositor norte-americano. A estreia de Radiohead terá lugar no quadro da programação do Southbank Centre, em Londres, em 2013. Caberá à London Sinfonietta a estreia desta obra.

domingo, janeiro 29, 2012

"O Artista": sucesso made in USA

As repetidas consagrações de O Artista, de Michel Hazanavicius — a mais recente vem do sindicato dos realizadores americanos, isto é, a Directors Guild of America —, vão por certo gerar a tradicional avalanche de insultos contra aqueles que consideram o filme um divertimento banal, simpático na sua futilidade, retórico no seu kitsch de muitos simulacros. É uma mitologia demasiado forte que quase todos aplicam sem sequer olharem à sua volta: a "crítica" ataca os filmes que têm prémios... Enfim, cada um diverte-se com os equívocos que mais lhe agradam.

* * * * *

Lembremos, a propósito, que logo em Cannes/2011, foi possível pressentir as perversas potencialidades comerciais do filme, aliás in loco confirmadas pelo facto de O Artista ter sido adquirido pela Weinstein Company, entidade de invulgar talento de marketing.
Ao mesmo tempo, importa recordar que o impacto de O Artista nos EUA é apenas o efeito mais próximo de todo um processo económico e cultural que a França tem sabido desenvolver através de políticas cujas lógicas vêm dos tempos de Jack Lang como ministro da Cultura.
Entretanto, sendo também uma tradição difamar Hollywood e os Oscars, não deixa de ser curioso observar como, em situações deste género, subitamente tudo o que vem da América para consagrar o cinema europeu ganha valor de caução intocável.

Sócrates & Cavaco: a luta continua!

PIET MONDRIAN
Composição com vermelho, amarelo e azul

1921
Infelizmente, o espaço televisivo continua privilegiar o fait divers em detrimento das exigências e dos valores do conhecimento. Quem perde? A inteligência de todos nós — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 Janeiro), com o título 'Eu agora sou "cavaquista"'.

O facto de considerar que a degradação da imagem pública de José Sócrates resultou, em parte, da demagogia argumentativa de algum jornalismo televisivo, valeu-me a acusação de perigoso “socratista”. Se esse é o preço a pagar por não aceitar a lógica de muitas mediocridades, porque não? Em todo o caso, pressinto que entrei numa crise mais dramática: estou a transformar-me num empedernido “cavaquista”.
Tudo começou com a proliferação de notícias televisivas sobre o facto de o Presidente da República ter sido “vaiado”, em Guimarães, na noite de abertura da Capital Europeia da Cultura (à qual estou ligado como programador). Quanto mais assistia à repetição ad nauseaum das respectivas imagens e sons, mais confirmava uma triste certeza: com frequência, o jornalismo passou a ser substituído pela fabricação grosseira de fogo de artifício para usar e deitar fora (nada a ver, entenda-se, com o talento de La Fura del Baus).
Acontece que, desta vez, eu estava na Praça do Toural, em Guimarães, a cerca de 20 metros das célebres “vaias” e vi (e ouvi) aquilo que faz parte do folclore: entre as cem ou duzentas pessoas que realmente podiam ver o Presidente a entrar para o seu carro, uma metade delas aplaudiu-o, enquanto algumas dezenas terão feito aquilo que alguns cidadãos gostam de fazer (assobiar), seja porque algum político vai a passar, seja porque Ronaldo falhou mais um golo (força, Cristiano, não desistas!). Aliás, ouviu-se o mesmo tipo de aplausos e assobios para Durão Barroso, mas o facto, estranhamente, não chegou às notícias. Em boa verdade, para os milhares de pessoas que estavam no Toural, um e outro evento não terão passado de uma agitação efémera, lá ao longe.
Como é possível que um fait divers como este adquira o peso e a gravidade de um facto político? Como chegámos a esta triste conjuntura em que alguma informação televisiva parece só viver em função da celebração grotesca do ruído ou da confusão? Ainda e sempre, o meu espanto redobra perante a cobardia intelectual da maioria da classe política, tanto à esquerda como à direita: porque é que os nossos políticos não enfrentam este estado de coisas como o mais prioritário dos nossos problemas culturais?

As vozes de Brahms


Obras corais de Johannes Brahms (1833-1897) em gravações pela Orchestre des Chams Elysées e pelo Collegium Vocale Gent, dirigidas por Philippe Herreweghe e lançadas na sua própria editora: a Phi.

A ideia de criar etiquetas ligadas a um músico (ou a uma orquestra) tem caracterizado algumas das grandes opções que os espaços da música clássica têm visto nascer nos últimos anos. Se há ainda quem opte por se integrar em grandes editoras (o compositor Nico Muhly edita agora pela Decca Classics, Gustavo Dudamel é um dos rostos mais visíveis da Deutsche Grammphon), outros são os nomes que decidiram tomar os seus destinos nas suas mãos. Michael Nyman ou Philip Glass editam pelas suas próprias etiquetas. John Eliot Gardiner criou a Soli Deo Gloria. Orquestras como a London Philharmonic Orhestra ou Chicago Symphony Orchestra têm as suas próprias editoras. E em 2011 o maestro Philip Herreweghe juntou-se a estas fileiras, apresentando a Phi, etiqueta que integra o grupo Outhere (que representa também a Ricercar, a Alpha ou Aeon) e que tem como objetivo a gravação e edição dos trabalhos do maestro com a Orchestre des Champs Elysées e o Collegium Vocale Gent.

O catálogo estreou-se com uma gravação da Sinfonia Nº 4 de Mahler. Juntou depois motetes de Bach. E, como terceiro título, apresentou recentemente um conjunto de obras corais de Johannes Brahms. O alinhamento abre com um magnífico Schicksalslied Op. 54, obra de 1871 para coro e orquestra que em tudo materializa uma visão que o compositor procurou (e que foi de resto ponto de partida para um olhar diferente num ciclo de gravações da integral das sinfonias de Brahms por Gardiner). Junta depois Rhapsodie “Alt-Rhapsodie”, Op. 53; Warum ist das Licht gegeben, Op. 74/1; Begräbnisgesang für gemischten, Op. 13 e Gesang der Parzen, Op. 89. Herreweghe, profundo conhecedor da obra de Brahms assegura coerente abordagem a este conjunto de obras que registou em Varsóvia e que contou com a presença de Ann-Hallenberg (mezzo-soprano) na Rhapsodie.

Nos tempos do vinil


Um olhar hoje por capas de discos de Philip Glass que se transformaram em peças de coleção. Todas estas obras existem hoje em gravações (estas mesmas ou outras) nos formatos de CD e download. Mas aqui recordamo-las nas gravações originais, lançadas nos tempos do vinil. A capa que abre o post recupera de resto aquele que foi o segundo disco lançado por Glass na Catham Square Productions, em 1973, juntando Music in Similar Motion a Music in Fifths.

As três outras capas representam, por ordem, o disco Solo Music (Shandar, 1975), que inclui Music in Contrary Motion e Two Pages, North Star (Virgin, 1977) e Dances 1 – 3 (Tomato Records, 1980). Os restantes lançamentos deste período já aqui foram apresentados nas últimas semanas. Foram eles Music With Changing Parts (Catham Square Productions, 1970), Music in Twelve Parts (Parts 1 & 2) (Virgin, 1974) e Einstein on The Beach (Tomato Records, 1979).

E as árvores brilharam...

Discografia David Sylvian - 4 
'Brilliant Trees' (álbum), 1984 


O álbum de estreia de David Sylvian definiu novas linhas e horizontes, mas não representou necessariamente um episódio de rutura total face ao que eram os caminhos que a música dos Japan vinha a tomar (aliviando todavia a carga “oriental” que tanto havia caracterizado Tin Drum como inéditos entretanto surgidos no duplo ao vivo Oil on Canvas e na antologia Exorcising Ghosts, ambas edições já posteriores à notícia da separação do grupo). Na verdade Brilliant Trees mantém uma atenção para com o formato da canção e pela ideia de uma estrutura rítmica pronunciada, traduzindo contudo ecos de novos pólos de interesse, nomeadamente nos caminhos do jazz (presença sobretudo notória em Red Guitar), funk (escute-se Pulling Punches) ou os patamares de uma música ambiental focada na exploração de texturas e silêncios (com o belíssimo Nostalgia revelando-se assim como peça central do alinhamento).

O disco foi gravado nos estúdios Hansa, em Berlim, na reta final de 1983, com créditos de produção repartidos entre o próprio David Sylvian e Steve Nye. Entre os músicos que colaboram no disco contam-se dois ex-Japan (Steve Jansen e Richard Barbieri), Holger Czukay, Ryuichi Sakamoto, Mark Isham ou Jon Hassell. A capa mostra uma foto assinada por Yuka Fuji.

Nos 100 anos de Jackson Pollock (2)

'Mural' 
(1943/44)


Conta-se que foi criado numa noite e na manhã seguinte, perto do Natal de 1943. Era uma encomenda de Peggy Guggenheim (a filha de Solomon Guggenheim, o fundador do museu que ostenta o seu nome) e representou o primeiro trabalho de Jackson Pollock (1912-1956) pensado para ser observado de perto. “Com o Mural, Pollock, na altura pouco mais do que um artista provinciano tentando alcançar reconhecimento em Nova Iorque, foi de repente catapultado para a primeira categoria da arte contemporânea internacional”, diz Leonhard Emmerling no volume da Tachen dedicado ao pintor. A tela, com 2,47 m de altura e 6,05 m de comprimento, está na coleção do The University Of Iowa Museum of Art.

Eiko Ishioka (1939 - 2012)

DRÁCULA (1992), Gary Oldman
Oscarizada pelo seu trabalho de concepção do guarda-roupa de Drácula (1992), de Francis Ford Coppola, Eiko Ishioka foi uma designer japonesa cujas formas exuberantes e elegantes deixaram marcas fortes no cinema, teatro, ópera, publicidade e artes gráficas — faleceu em Tóquio, no dia 21 de Janeiro, contava 72 anos.
Formada em Belas Artes e Música pela Universidade de Tóquio, Ishioka teve a sua primeira consagração internacional no Festival de Cannes, em 1985, quando a concepção cenográfica de Mishima, de Paul Schrader, lhe valeu o prémio da melhor contribuição artística (distinção partilhada com o director de fotografia e o autor da música do filme, respectivamente John Bailey e Philip Glass). No cinema, para além do emblemático Drácula, de Coppola, trabalhou diversas vezes com o realizador Tarsem Singh, em A Cela (2000), com Jennifer Lopez, Um Sonho Encantado (2006), Imortais (2011) e Mirror Mirror (2012) — este último, uma recriação da história de Branca de Neve, tem estreia internacional marcada para o mês de Março. No domínio do guarda-roupa, entre as suas criações de palco mais conhecidas incluem-se O Anel dos Nibelungos (1999), para a Ópera holandesa, a digressão "Hurricane" (2009), de Grace Jones, e Spider-Man: Turn Off the Dark (2011), encenado na Broadway por Julie Taymor, com música de Bono e The Edge. Desenhou os fatos para a organização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e assinou mesmo a realização de um teledisco: o fabuloso Cocoon, de Björk, do álbum Vespertine (2001). Miles Davis entregou-lhe a concepção gráfica do seu álbum Tutu (1986), tendo como base fotografias de Irving Penn.
MISHIMA (1985)
TUTU (1986), foto de Irving Penn
COCOON (2002), capa do single
Grace Jones (digressão 2009)
Spider-Man: Turn off the Dark (Broadway, 2011)
>>> Obituário no New York Times.

sábado, janeiro 28, 2012

No centenário de Jackson Pollock

Foto: N.G.
Há 23 anos, quando publicava a crítica ao álbum de estreia dos Stone Roses, um semanário britânico (não me recordo se o NME ou o Melody Maker) apresentava por título 'Never Mind The Pollocks'. Jogo de sentidos, evocando por um lado o clássico álbum de estreia dos Sex Pistiols, por outro citando o nome do pintor norte-americano Jackson Pollock, cuja técnica de pintura por "salpicos" era claramente referência para a obra de John Squire (um elemento da banda) que servia então de ilustração à capa do disco. Esta é apenas uma entre as muitas situações em que o nome de Pollock e a marca tão pessoal da sua pintura surgem assimiladas por outras formas e outros tempos. Fazendo uma busca rápida na Internet vemos, por exemplo, alguém que explica que resolveu criar uma decoração para bolos. Ou descobrimos uma aplicação que permite criar uma imagem ao estilo "faça-você-mesmo o seu Pollock"...


Um dos nomes maiores da pintura do século XX, Jackson Pollock nasceu a 28 de janeiro de 1912, há precisamente cem anos. Assinalamos o seu centenário com estas imagens. E ao longo desta semana evocaremos algumas das suas obras de referência.