terça-feira, novembro 29, 2011

A bela (e os monstrinhos)


O concerto passou por nós há perto de um ano. E deixou claro junto dos que encheram o Pavilhão Atlântico que, mais que apenas uma executante competente das suas canções e uma performer de versátil relação com o palco, Lady Gaga é, sobretudo, uma grande comunicadora. Chamou então “pequenos monstrinhos” aos que ali estavam, o seu discurso vincando uma valorização de todos os que se julgam menorizados ou diferentes. Agora, tanto para os que ali marcaram presença, como para os que não couberam na sala, a edição em Blu Ray (também disponível em DVD) de Monster Ball Tour mostra um retrato de uma digressão que muito terá contribuído para o firmar do estatuto de sucesso global que a cantora hoje goza.

Filmado em Nova Iorque, na recta final de uma residência de cinco dias na mais mítica das salas da cidade, The Monster Ball Tour: At Madison Square Garden resulta de um especial rodado pela HBO. Em palco encontramos a sucessão de quadros cénicos que vimos em Lisboa, com alguns extras que o tempo entretanto juntou ao alinhamento. Mais próximo de uma ideia de teatro musical que de uma derivação do conceito de performance suportada por um trabalho em vídeo (que Madonna tão bem domina e outras não alcançam num patamar semelhante), o concerto de Lady Gaga junta às canções (essencialmente de The Fame e The Fame Monster, mais breves incursões pelo então ainda inédito Born This Way) um trabalho de coreografia, a presença evidente de músicos (que muitas digressões secundarizam) e uma protagonista que faz questão de ir além do argumento escrito, improvisando momentos, lançando palavras a quem na plateia a olha. Dialogando, num registo entre uma ideia de auto-ajuda e um era-uma-vez que recorda como, nos dias de escola, lhe disseram que nunca seria uma estrela... Tem por isso valor acrescentado para este registo do concerto em Nova Iorque o facto de na plateia estar Liza Minelli, figura inspiradora para Lady Gaga, a própria lembrando como, quando lhe traçavam esse cenário de não-futuro, encarava a figura da filha de Judy Garland como um exemplo motivador.

O filme alterna as sequências em palco com imagens de bastidores que deixam claro o feito de produção que um espectáculo destas dimensões implica. Realização e montagem têm momentos melhores, outros nem por isso... Boa imagem, bom som. E como extra há inclusivamente um breve documentário de bastidores, no qual assistimos ao momento do encontro entre Liza Minelli e Lady Gaga no camarim, antes do concerto. A veterana dá-lhe um conselho: knock’m down. E a antiga admiradora segue-o à risca.