domingo, julho 31, 2011

"Mistérios de Lisboa" estreia nos EUA

É o rosto da actriz francesa Clotilde Hesme que figura no cartaz americano de Mistérios de Lisboa. Objecto multinacional por excelência — realizado pelo chileno Raúl Ruiz, numa produção de Paulo Branco que toma como base a prosa de Camilo Castelo Branco —, o filme vai estar, a partir de 5 de Agosto, nas salas dos EUA. Este é o trailer made in USA.

Liszt num olhar transversal


Em 34 discos, recuperando gravações do catálogo da Deutsche Grammophon, 
um olhar transversal pela obra de Franz Liszt em 'Liszt - The Collection', 
caixa que assinala os 200 anos do nascimento do compositor.

Assinalam-se este ano, a 22 de Outubro, os 200 anos do nascimento do húngaro Franz Liszt. Compositor, mas também pianista virtuoso e professor, Liszt é um dos grandes nomes do romantismo e uma figura marcante na história da música. É sua a ideia da criação de concertos para apenas um pianista, sendo inclusivamente sua a designação de “recital solista” para os caracterizar e o estatuto de grande reconhecimento que conheceu em vida deve-se não apenas à música que assinou mas também à popularidade conquistada pelo seu trabalho como intérprete.

Entre a multidão de edições que assinalam em 2011 os 200 anos do nascimento do compositor conta-se esta caixa pela qual passa um olhar transversal pela sua obra, através da recolha de gravações dos arquivos da Deutsche Grammophon. A “arrumação” ordena, ao longo da caixa, os trabalhos para piano e orquestra (nove discos), peças para piano (12 discos), composições para órgão ( dois discos), lieder (cinco discos) e obras de música sacra vocal (seis discos).

O “elenco” de nomes convocados é de primeira linha envolvendo, entre outros, Seiji Ozawa (maestro), Krystian Zimeman (pianista), Giuseppe Sinopoli (maestro), Herbert von Karajan (maestro), Georg Solti (maestro), Bernard Haitink (maestro), Wilhelm Kempf (pianista), Claudio Arrau (pianista), Daniel Baremboim (como pianista) ou Dieter Fischer-Diekau (barítono) e orquestras como, entre outras, a Boston Symphony Orchestra, a London Symphony Orchestra, a Filarmónica de Berlim ou a Staatskapelle Dresden.

Belíssima selecção (com boas gravações e interpretações aclamadas), a caixa Liszt - The Collection peca apenas no booklet que, em 38 páginas, não mais apresenta senão a ficha técnica de cada disco (e do que cada um apresenta). Sem, portanto, uma contextualização que faria todo o sentido perante uma obra antológica desta dimensão.

Sound + Vision
hoje às 18.30 na Fnac Chiado

Hoje, pelas 18.30, os autores deste blogue estarão na Fnac Chiado para uma sessão especial Sound + Vision que assinala, no momento dos 30 anos da criação da MTV, a forma como o teledisco mudou a relação da música com a televisão.
Discografia Brian Eno – 25
‘Begegnungen’ (compilação), 1984


Uma antologia, reunindo gravações originalmente publicadas entre 1976 e 1983 em discos a solo ou em colaborações entre Brian Eno, Dieter Moebius, Hans-Joachim Roedelius ou Conny Plank (ou seja, orbitando em torno do projecto Cluster, nome central nos espaços do krautrock). Begegnungen não incluía quaisquer inéditos.

sábado, julho 30, 2011

Genéricos de filmes — uma história breve

George Méliès, Saul Bass e os outros... eis uma breve, brevíssima "história dos genéricos de filmes". Quem a conta é o designer holandês Jurjen Vesteeg, combinando elegância, ironia e uma admirável lógica simbólica. Ou como o pequeno filme-dentro-do-filme pode ser decisivo para o envolvimento do espectador.


>>> Os autores de genéricos citados por Vesteeg são:
- Georges Méliès (Voyage dans la Lune)
- Saul Bass (Psycho)
- Maurice Binder (Dr. No)
- Stephen Frankfurt (To Kill a Mockingbird)
- Pablo Ferro (Dr. Strangelove)
- Richard Greenberg (Alien)
- Kyle Cooper (Seven)
- Danny Yount (Kiss Kiss Bang Bang, Sherlock Holmes)

Pet Shop Boys, 1985


Continuando a evocar os 25 anos do álbum de estreia dos Pet Shop Boys passamos hoje pelo single que então deu visibilidade global à dupla Tennant / Lowe. A canção tinha já conhecido uma primeira versão em 1984, sob produção de Bobby Orlando, escutando directamente formas captadas na música de dança que então fazia o som das noites de Nova Iorque. Nova versão, mais arrumada, fez de West End Girls um caso de popularidade mundial e abriu caminho para o definitivo lançamento da carreira dos Pet Shop Boys.

Como quadros numa exposição

Discografia Brian Eno - 24
'Thursday Afternoon' (álbum), 1985


Herança directa dos ensaios sobre uma nova noção de música ambiente que havia experimentado dez anos antes em Discrete Music, Thursday Afternoon é na verdade a paisagem sonora pensada para a acompanhar imagens de um vídeo. São quadros visuais, que a música (que parte do processamento de sons de piano e de texturas electrónicas) acompanha discretamente, a música ganhando forma ao longo de uma faixa única com 60 minutos de duração, sendo o disco um dos primeiros exemplos de aproveitamento das potencialidades alargadas de duração do CD.

sexta-feira, julho 29, 2011

Polly Platt (1939 - 2011)


Cenógrafa, argumentista e produtora, Polly Platt foi a primeira mulher a integrar a Art Directors Guild: faleceu no dia 27 de Julho, na sua casa de Brooklyn — contava 72 anos.
Mary Marr "Polly" Platt começou no teatro, em Nova Iorque, na área do guarda-roupa. Foi nesse contexto que conheceu Peter Bogdanovich, com quem viria a casar-se (1962-1971). Depois de o ter ajudado no argumento da sua primeira longa-metragem, Targets (1968), assumiu a responsabilidade da cenografia dos filmes seguintes de Bogdanovich: The Last Picture Show/A Última Sessão (1971), What's Up, Doc?/Que se Passa, Doutor? (1972) e Paper Moon/Lua de Papel (1973). Na sequência do reconhecimento pela Art Directors Guild, foi também responsável pela produção de vários filmes, mantendo em particular uma relação regular com o trabalho do realizador James L. Brooks: no caso de Terms of Endearment/Laços de Ternura (1983), a direcção artística valeu-lhe uma nomeação para o Oscar. A sua versatilidade e dedicação conferiram-lhe um enorme prestígio no interior da comunidade de Hollywood. Em 1994, foi distinguida com o Woman in Film Crystal Awards.

A ÚLTIMA SESSÃO (1972)
LAÇOS DE TERNURA (1983)
>>> Obituário no New York Times.

E agora... em Lego


Os LCD Soundsystem podem ter desactivado a sua carreira, mas as suas canções ficaram entre nós e ainda geram novas ideias. Foi o que aconteceu ao som de All My Friends, que agora ganha uma nova visão num teledisco em Lego criado por Michael J. Green.

Agora é que se lembram que Amy era cantora?


Esta semana, na crónica publicada no site Dinheiro Vivo, deixo uma reflexão sobre Amy Winehouse. Da forma como os discos passaram a vender à hipótese do lançamento de um novo disco. Não esquecendo como, nos últimos cinco anos, o nome da cantora surgiu tantas vezes nos media, mas sem que se falasse da sua música...

Podem ler a crónica aqui.

Tudo começa numa boa história...


O nome de J J Abrams começa, aos poucos, a ser um sinónimo de uma ideia de cinema capaz de assegurar bela bilheteira e, ao mesmo tempo, não deixar o espectador que comprou bilhete com a sensação de que pouco mais ganhou que as pipocas que comeu às escuras e o refrigerante que as acompanhou. Dele nasceu a ideia que gerou Lost, um dos mais interessantes fenómenos da recente ficção televisiva. E a reactivação de Star Trek no grande ecrã, a sua prequela representando mesmo, a par com o filme original (de 1979) de Robert Wise, o que de melhor a saga criada em finais dos sessentas por Gene Roddenberry alguma vez nos mostrou no grande ecrã.

De JJ Abrams voltamos a falar agora que às salas de cinema portuguesas chega Super 8. Um blockbuster com todos os ingredientes que a palavra possa sugerir. Mas, e acima de tudo, um filme que reactiva uma ideia de entretenimento com pés e cabeça, no centro de gravidade de tudo isto morando, por um lado, uma admiração antiga pelo cinema de Steven Spielberg (que aqui é produtor) e, por outro, e claramente elemento chave neste filme, uma boa história para contar.


A história sugere-se em poucas palavras (e não se conta mais, que assim não se estraga o efeito surpresa). Algures em finais dos anos 70, numa pequena cidade no Ohio um grupo de miúdos têm o cinema como passatempo. Fazem filmes em fita Super 8. Com argumento escrito, director de fotografia, realizador, actores e tudo... Tudo entre eles, claro. Uma noite decidem rodar uma cena junto a um apeadeiro. Aproxima-se um comboio... Dá-se um tremendo acidente. Mas a câmara Super 8 continua a rodar, captando não apenas o aparatoso momento como algo bizarro que se sucede. Não menos estranho é o que se segue. Da cidade desaparecem cães, pessoas e objectos de metal... Uma unidade especial intervém e tenta evacuar o lugar. Mas entre os pequenos cineastas há mais informação... Algo não bate certo. E vão tentar saber o que será...



Super 8 recupera assim uma ideia de cinema de aventuras que fez escola nos oitentas, firme contudo na vontade de construir uma narrativa que não se fecha no que poderia ser uma colecção de citações. O que não nos impede de, todavia, poder apontar três “clássicos” que, entre finais dos anos 70 e inícios dos oitentas, ajudaram a definir este mesmo espaço. E cujas memórias poderão ter passado entre as referencias que ajudaram a criar Super 8.



De 1977, Encontros Imediatos de Terceiro Grau é um filme de absoluta referência na obra de Steven Spielberg. Sem deixar de lado uma ideia de retrato de uma família desmembrada (a ausência do pai sendo mesmo uma das marcas das narrativas que nos mostrou nessa etapa da sua carreira), o filme aposta numa visão positiva do contacto entre humanos e extra-terrestres. Contrariando a tendência ensopada a medo e terror de tantos outros “encontros” que a ficção científica criou desde A Guerra dos Mundos de H.G. Wells, aqui é pela cor e pela música que seres de dois mundos se encontram. O filme, que conta com uma presença de grande protagonismo de François Truffaut no elenco, junta uma história brilhantemente contada a um trabalho de imagem notável, sob belíssima banda sonora de John Williams.



De 1982, E.T. – O Extraterrestre é outro dos filmes-chave nessa etapa da filmografia de Steven Spielberg. Novamente estamos perante um encontro imediato, os “aliens” que nos visitam deixando entre nós, esquecido, um dos seus. Cabendo ao pequeno Eliott (em mais um exemplo de família com pai ausente) a “missão” de o tentar salvar das equipas que o tentam levar para um laboratório... O tom é de diálogo, descoberta e companheirismo. O extra-terrestre está perdido, com vontade de regressar a casa, procurando, com os meios (e tecnologia) disponíveis, o possível para garantir o reencontro com os seus... É mais um caso de narrativa apurada, com principio, meio e fim (e por essa ordem), com outro dos mais notáveis momentos de colaboração entre Steven Spielberg e John Williams.



Mais esquecido que os dois filmes antes citados (está, na verdade, longe de ter deixado uma marca na história do cinema), Os Goonies são um bom exemplo do modelo de filme de aventuras da época. Estrado em 1985, foi realizado por Richard Dooner e teve Steven Spielberg como um dos produtores executivos. O filme conta a história de um grupo de miúdos que se vê lançado numa aventura com gente má, navios de piratas e tesouros. Divertiu uma mão cheia de plateias na altura mas está longe de ser um “caso” sério do cinema dos oitentas.

Novas edições:
Vários, Kistuné Maison – Vol. 11
The Indie Dance Issue


Vários
“Kistuné Maison – Vol. 11 – The Indie Dance Issue”
Kitsuné Records
2 / 5

Muito se falou já aqui sobre como, nas suas últimas edições, os volumes da série Kitsuné Maison têm perdido o viço que, em tempos, delas fazia fulcral janela de aprentação de nomes e canções em clima indie com gosto pelos cruzamentos entre as heranças das guitarras e os terrenos electro, com a pista de dança sempre na linha do horizonte. Ao décimo primeiro volume, que se apresenta com o sub-título The Indie Dance Issue, não há grandes surpresas. Ou seja, nem se inverte a tendência nem do alinhamento parecem nascer daquelas novidades que nos fazem querer ir descobrir o que possa haver além deste ou daquele cartão de visita eventualmente aqui lançado. Repetem-se modelos já cansados, vezes sem conta retomando aquele gosto (já tantas vezes ensaiado) pelas formas dos oitentas em clima indie (e dançavel ) do presente. Há uma boa representação dos Is Tropical (através do single The Greeks, todavia já disponível no álbum da banda), assim como aqui reencontramos o bem recomendável Silver Screen, single que apresentou há poucos meses os Beat Connection. O piscar de olho a memórias hi-nrg de Twist, de Peter & The Magician ou a pop electrónica delicada de Sermon, com assinatura The Touch, são depois as únicas peças a salientar num alinhamento essencialmente despido das boas ideias que, noutros tempos, moravam habitualmente nesta maison.

Cinema, por Nova Iorque


Se há coisa que não falta em Nova Iorque são salas de cinema. Para todos os gostos, todos os tamanhos de ecrã e todos os números de cadeiras por sala... A oferta é vasta e vai muito além dos multiplexes que servem a oferta do momento. Ficam aqui três exemplos de salas onde, em Manhattan, podemos ver o cinema que foge à carteira de blockbusters e afins.

Começamos pelo IFC Center. Mora no número 323 da Sexta Avenida, perto da West 3rd Street, em pleno Greenwich Village. É um pequeno conjunto de salas, com programação atenta não apenas às novidades em diversos circuitos independentes, mas com frequentes ciclos e reposições que ali levam filmes mais antigos.

Podem consultar o site aqui.


O Angelika Film Center é uma das instituições de Nova Iorque. Encontramo-lo na esquina da Mercer Street com a Houston Street, a um quarteirão da Broadway. Junta uma série de pequenas salas, com uma programação que apresenta boas novidades do cinema independente, produções internacionais e, frequentemente, documentários. Tem um belo bar no piso da entrada. Nos últimos tempos o Angelika abriu salas noutras cidades norte-americanas.

Podem consultar o site aqui.


Abriu em 1970 e é uma cinemateca, com um arquivo de filmes e duas salas de exibição. O Anthology Film Archives encontra-se na esquina da 2ª Avenida com a Esat 2nd Street. As salas estãop longe do conforto das mais modernas, mas a programação é sempre interessante.

Podem consultar o site aqui.
New York Counterpoint
de Steve Reich (1985)


Nova iorquino de berço, Steve Reich ainda hoje faz o seu dia a dia de trabalho na baixa de Manhattan. A cidade onde sempre trabalhou (e nem sempre como músico) foi por si celebrada numa peça criada para clarinete e fita magnética em 1985. New York Counterpoint apresenta o registo pré-gravado de dez pistas, sobre o qual uma 11ª é interpretada ao vivo.

quinta-feira, julho 28, 2011

O melhor cartaz do ano?


Está agendado para a abertura, a 31 de Agosto, do 68º Festival de Veneza: o novo filme interpretado e realizado (co-escrito e co-produzido) por George Clooney, The Ides of March, segue a trajectória de um candidato fictício do Partido Democrata à Presidência dos EUA e baseia-se na peça Farragut North, de Beau Willimon (por sua vez inspirada na campanha de Howard Dean para as eleições primárias, em 2004). Com Clooney contracena um elenco que inclui Ryan Gosling, Paul Giamatti e Marisa Tomei. O cartaz do filme merece que o consideremos desde já, no mínimo, como um dos melhores de 2011.

Pop (com coreografia)


São uma banda talvez mais (re)conhecida pelo seu trabalho em telediscos que pelas canções que, na verdade, são o motivo pelos quais os fazem. O certo é que os Ok Go acabam de lançar mais um single e, com ele, mais um teledisco. Desta vez assinalando uma colaboração com a Google e a companhia de dança Pilobolus. Aqui fica All is Not Lost. A realização é assinada em conjunto pela banda, pela companhia de dança e por Trish Sie.

Novas edições:
Scott Matthew, Gallantry's Favourite Son


Scott Matthew
“Gallantry's Favorite Son”
Glitterhouse
3 / 5

Muitos descobriram Scott Matthew ao som de algumas das canções que se escutavam na banda sonora de Shortbus, de John Cameron Mitchell. Contudo, a sua carreira já somava alguns feitos por essa altura, desde um disco a bordo dos Elva Snow (banda que formou com Spencer Corbin, um antigo colaborador de Morrissey) a colaborações em bandas sonoras de filmes japonses. Australiano, mas de vida profissional talhada em Nova Iorque, Scott Mathew (não confundir com Scott Mathews, que o “s” causa aqui tanta diferença quanto o faz o “b” entre Ryan e Bryan Adams) é um cantautor de voz frágil e trovas melancólicas que, disco após disco, tem vindo a cimentar uma linguagem muito pessoal. Gallantry's Favorite Son, o seu mais recente disco de originais, continua a mostrá-lo fiel a um caminho que é claramente o seu. Canções delicadas, onde uma voz magoada partilha com o dedilhar das cordas de uma guitarra ou as teclas do piano as bases estruturais de canções que, todavia acolhem um interesse cénico mais elaborado, em arranjos que convocam uma outra dimensão de acontecimentos. Gallantry's Favorite Son não procura nunca uma ideia de sinfonismo, antes um gosto pelo vestir de canções que nunca perdem o horizonte da fragilidade e simplicidade que mora na sua medula. Como os seus discos anteriores, este é um disco que pede audições, habituação, tempo, aos poucos sugerindo uma certa familiaridade. Não será ainda o momento para de Scott Matthew fazer um “caso” de aclamação reconhecimento maior, mas em nada deixará descontentes aqueles que o têm acompanhado (ou estejam disponíveis para descobrir mais um interessante cantautor do nosso tempo).

Pela avenida


As avenidas de Nova Iorque são longas, cruzam vários bairros e, assim, vestem diferentes personalidades. A 6ª avenida nasce acima de Calan Street, na baixa de Manhattan e termina junto ao Central Park, por alturas da rua 59. É substancial a mudança de personalidade que os edifícios ganham por alturas da Herald Square (ruas 33 e 34), apresentando no segmento que parte daí até ao Central Park um perfil mais ligado a serviços, sendo várias as grandes companhias que têm aí a sua sede. A avenida foi renomeada como Avenue of The Americas, mas toda a gente lhe chama ainda a sexta avenida...


Três olhares pelos chamados edifícios XYZ, na sexta avenida, perto da rua 50. São exemplos da arquitectura de arranha céus dos anos 60. Têm perto de 50 andares cada um.

Pelas ruas de Nova Iorque (19)

New York, New York
de Martin Scorsese (1977)


Nova Iorque é cenário frequente para o cinema de Martin Scorsese. De “clássicos” como Taxi Driver ou Goodfellas a títulos mais recentes como Gangs Of New York ou mesmo Shine a Light (filme-concerto com os Rolling Stones), a cidade é presença recorrente nas suas imagens e narrativas. Em finais dos anos 70 levou inclusivamente o nome da cidade ao título de um filme. Um musical, com Liza Minelli e Robert De Niro, que nos remete a memórias da vida musical da cidade nos anos 40, depois da guerra. O filme inclui a canção que lhe dá título e que depois seria êxito ainda maior na voz de Frank Sinatra.

G. D. Spradlin (1920 - 2011)


Notável actor secundário de várias décadas do cinema americano, G. D. Spradlin faleceu no dia 24 de Julho, em San Luis Obispo, California — contava 90 anos.
Era um daqueles actores que, mesmo num papel breve, deixava sempre uma impressão muito forte, frequentemente temperada por uma profunda inquietação. Vimo-lo em títulos tão diversos como Will Penny (1968), de Tom Gries, Zabriskie Point (1970), de Michelangelo Antonioni, O Padrinho - Parte II (1974) e Apocalypse Now (1979) [foto], ambos de Francis Ford Coppola, O Homem das Lentes Mortais (1982), de Richard Brooks, A Guerra das Rosas (1989), de Danny DeVito, ou Ed Wood (1994), de Tim Burton.
Manteve também uma actividade regular na televisão, tendo interpretado, por exemplo, a personagem do Presidente Lyndon Johnson na mini-série Robert Kennedy & His Times (1985), de Marvin Chomsky. Com uma sólida formação teatral, trabalhou até finais da década de 90: os seus derradeiros títulos foram A Profissional (1996), de Renny Harlin, e Dick (1999), de Andrew Fleming.

>>> Obituário no New York Times.

quarta-feira, julho 27, 2011

Michael Cacoyannis (1922 - 2011)


Graças ao impacto internacional de Zorba, o Grego (1964), foi um dos nomes mais internacionais de toda a história do cinema grego — Michael Cacoyannis faleceu em Atenas, no dia 25 de Julho, contava 89 anos.
Baseado no romance de Nikos Kazantzakis, Zorba, o Grego tornou-se um fenómeno internacional potenciado pela fama do seu protagonista e produtor, Anthony Quinn, acabando mesmo por se confundir durante muito tempo com a imagem simbólica do próprio cinema da Grécia. Em qualquer caso, as suas características estão longe de condensar o essencial da trajectória artística de Cacoyannis, nascido Mihalis Kakogiannis (em Limassol, Chipre). Há mesmo quem considere que o melhor do seu trabalho está antes de Zorba, o Grego, nomeadamente em títulos como Stella (1955), com Melina Mercouri, e Electra (1962), com Irene Papas. Tendo realizado dezena e meia de filmes, procurou quase sempre elencos multinacionais, em particular integrando notáveis actores ingleses; Alan Bates, por exemplo, também protagonista de Zorba, o Grego, surgiu naquela que seria a sua derradeira realização: The Cherry Orchard (1999), adaptação de Chekhov, também com Charlotte Rampling. Com uma importante actividade como encenador de teatro e ópera, dirigiu em 1983, nos EUA, uma versão musical de Zorba.

>>> Obituário no Daily Telegraph.

Pearl Jam por Cameron Crowe

Vinte anos de memórias, uma avalancha de imagens inéditas e... David Lynch a entrevistar Eddie Vedder: Pearl Jam Twenty é o filme de Cameron Crowe (Quase Famosos) sobre a banda de Seattle — cartaz e trailer já aí estão (notícia na Rolling Stone), com estreia anunciada para o Festival de Toronto, em Setembro. E no mercado português? Nada, para já.

A mercantilização de Sónia Brazão


A devoração pública de Sónia Brazão tem qualquer coisa de ritual sadomasoquista. Depois do primeiro massacre a que foi sujeita a sua história ("coma", "suicídio", etc., etc.. etc.), reencontramo-la agora como mero peão de um xadrez de obscenidades especulativas ("milagre", "felicidade", etc., etc., etc.). Com a vida humana reduzida a banal objecto da mercantilização, factos, afectos e emoções são tratados como dejectos mediáticos. E em absoluta igualdade com as peripécias das telenovelas.
Há um outro nome para isto tudo: a lenta agonia do jornalismo, aliás todos os dias sancionada e ampliada pelos espaços de discussão (?) em que muitos internautas se limitam a prolongar a grosseria de tão metódica e violenta desumanização dos nossos olhares e pensamentos.
Quando se enfrentará e avaliará também a responsabilidade deste universo na (de)formação dos cidadãos? Ou ainda: que é preciso acontecer para que se reconheça que a célebre comunicação social — sublinho: social — é a questão política central do nosso mundo?

Uma estreia com sabor a Verão


Eleanor Friedberger, a voz dos Fiery Furnaces, em disco de estreia a solo. Tem por título Last Summer e aqui fica um aperitivo, ao som de My Mistakes. A canção evoca a faceta mais luminosa e pop da banda que ajudou a transformar num dos casos notáveis da década dos zeros. Promete...

Telediscos dos oitentas
este domingo na Fnac Chiado


É uma espécie de sessão extra do Sound + Vision Magazine. No próximo domingo, pelas 18.30, os autores deste blogue estarão no auditório da Fnac Chiado para apresentar uma série de telediscos que traçam memórias dos dias de lançamento da MTV. Ou seja, quando a música pop compreendeu o verdadeiro potencial do teledisco numa nova etapa da história do relacionamento da música com a televisão.

Part Time
“What Would You say?”
Mexican Summer
2 / 5

Onde mora a fronteira entre a evocação e a citação? Entre a assimilação (e integração) de referências e a mera revisitação de ideias? Estas são questões que podemos lançar ao som de Part Time, projecto nascido em San Francisco e com David Speck como timoneiro. Apresentam-se como quarteto (assim o mostra a sua página no Facebook) e, pelas canções do seu álbum de estreia, correm ecos de um tempo passado, entre as formas e sons cruzando referencias que nos podem conduzir a nomes e discos de finais dos anos 70 e inícios dos oitentas. O álbum abre ao som de Thunderbolts of Love, canção que nas entrelinhas parece evocar o clássico West End Girls dos Pet Shop Boys. Mais adiante o alinhamento integra In This Filthy City, que por sua vez lembra os Cars (a banda que colocou em cena a figura de Ric Ocasek). Pelos restantes instantes do disco vagueamos entre pistas que, tema após tema, avançam sobre memórias de uma pop melancólica, suportada por teclados, que fez escola por essas alturas... Porém, contra o que escutámos já em álbuns de bandas relativamente recentes como os Chromatics ou Glass Candy, o que nos chega via Part Time em What Would You Say? poucas vezes parece caminhar para além das fronteiras da evocação, da reutilização de formas e sons, perdendo-se de certa forma uma noção de contemporaneidade que, acima de tudo, poderia ter definido um conjunto mais nítido de pontos de vista pelas referências evocadas.

Há barcos no cais


Barcos entre prédios? A perspectiva do olhar pode enganar, mas na verdade estamos num dos muitos cais que circundam Manhattan, este com o valor acrescentado de ser desde há já alguns anos um verdadeiro pólo turístico da cidade. Estamos na baixa de Manhattan, logo acima do Finantial District, relativamente próximos do local onde antes moravam as Torres Gémeas e mais perto ainda da Câmara Municipal. O cais de que se fala é o chamado Pier 17 e o local em seu redor corresponde ao South Street Seaport, zona definida onde Fulton Street encontra o East River e à volta da qual podemos encontrar uma verdadeira multidão de lojas, restaurantes, um centro turístico e um museu.


Três olhares pelo cais e pelo veleiro Peking, que ali está já ancorado há algum tempo integrando o Maritime Museum (que junta a este outros navios que ali em redor podemos encontrar). Criado em finais dos anos 60, o museu estende-se por uma vasta área da frente ribeirinha, juntando ao Peking outros navios e a estes zonas expositivas em terra e uma biblioteca sobre assuntos relacionados com o mar.


Uma das melhores vistas de Manhattan sobre a ponte de Brooklyn e esse outro grande bairro de Nova Iorque pode ser captada a partir do cais 17.

Pelas ruas de Nova Iorque (18)

No Sleep 'Till Brooklyn
dos Beastie Boys


Não é exactamente uma canção sobre a cidade, mas sobre como Brooklyn (um dos cinco bairros de Nova Iorque) é uma espécie de meta sonhada para descansar depois de vencida a estrada em tempo de digressões... No Sleep Till Brooklyn foi um entre os singles extraídos do álbum Licenced To Ill que deu projecção global aos Beastie Boys em 1987.

Podem ver aqui o teledisco que acompanhou então esta canção.

Novas cores para um clássico


Alguns exemplos de novas cores para um modelo com história. O modelo Gazelle, da Adidas, em propostas a pensar nos dias de Verão, em laranja, azul e verde (existe também uma versão em lilás), mantendo linhas muito próximas dos originais.

terça-feira, julho 26, 2011

Moda sob o signo de "Mad Men"


É uma variação perversa de Mad Men: a série sobre os malefícios do tabaco, perdão, da publicidade, renasce através da promoção de roupas. É um casamento perfeito: a nova colecção da Banana Republic apresentada através de um portfolio que faz justiça ao look de um mais notáveis acontecimentos televisivos dos nossos dias. Em baixo: January Jones e Jon Hamm, isto é, the real thing.

António Nogueira Leite vs. Amy Winehouse


Através de informações que circulam pela blogosfera, ficamos a saber que António Nogueira Leite, vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos, escreveu no seu Facebook a propósito da morte de Amy Winehouse: "cá para mim comeu qualquer coisa que lhe fez mal".
Como??? 
Em boa verdade, importa resistir à insinuação que a informação pode atrair: nenhum cargo (político, económico, etc.) é sintoma ou prova de qualquer degradação do discurso seja de quem for. Dito de outro modo: o que choca não é que um alto funcionário de uma das maiores instituições do Estado português escreva palavras de tão brutal menosprezo pelo factor humano. O que choca é que já não haja Estado para se demarcar deste desvio colossal.

O futuro segundo Miranda July

Apresentado no último Festival de Berlim, o novo filme de (e com) Miranda July, The Future, é um pequeno grande exercício sobre a transparência equívoca do quotidiano — afinal, se invertermos as coordenadas do real, deparamos com a inquietação do surreal. Ou talvez o inverso... Em qualquer caso, o cartaz faz justiça à complexidade filosófica do problema. Entretanto, vala a pena ler a entrevista que ela deu à revista Modern Painters.

Num mundo feito de cristais

Foto: Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin

Por todas as razões é um dos discos mais aguardados deste ano. Chama-se Biophillia, tem data de lançamento agendada para finais de Setembro e é o novo álbum de Björk. Enquanto não chega o álbum vão chegando aos poucos primeiros sons e primeiras imagens. Neste caso o teledisco que serve Crystalline, o primeiro single. A realização é de Michel Gondry.