segunda-feira, abril 25, 2011

Gonzalo Rojas (1917 - 2011)


Nome grande da poesia chilena contemporânea, galardoado com o Prémio Cervantes (2003), Gonzalo Rojas faleceu no dia 25 de Abril, em Santiago do Chile, cerca de dois meses depois de ter sofrido um grave acidente vascular cerebral – contava 93 anos.
Na juventude, até ao começo da década de 40, esteve ligado ao grupo surrealista 'Mandrágora', vindo a publicar o seu primeiro livro de poemas, La Miseria del Hombre, em 1949. Em 1973, na sequência do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende, impondo uma ditadura militar, exilou-se, tendo leccionado em várias universidades, nomeadamente em Rostock (antiga RDA); embora tenha podido regressar ao Chile em 1979, o regime manteve-o afastado do ensino. Antes do Cervantes, recebeu o Prémio Nacional de Literatura do Chile e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (este atribuído pelo Rei de Espanha), ambos em 1992. Entre os títulos marcantes da sua obra incluem-se Contra la Muerte (1964), Transtierro (1979) e Materia de Testamento (1988).

Qué se ama cuando se ama?

Qué se ama cuando se ama, mi Dios: la luz terrible de la vida
o la luz de la muerte? Qué se busca, qué se halla, qué
es eso: amor? Quién es? La mujer con su hondura, sus rosas, sus volcanes,
o este sol colorado que es mi sangre furiosa
cuando entro en ella hasta las últimas raíces?

O todo es un gran juego, Dios mío, y no hay mujer
ni hay hombre sino un solo cuerpo: el tuyo,
repartido en estrellas de hermosura, en partículas fugaces
de eternidad visible?

Me muero en esto, oh Dios, en esta guerra
de ir y venir entre ellas por las calles, de no poder amar
trescientas a la vez, porque estoy condenado siempre a una,
a esa una, a esa única que me diste en el viejo paraíso.

[antologia de poemas em A media voz]

>>> Obituário no jornal El Pais.