sábado, fevereiro 26, 2011

Diálogos (com o jazz por perto)


Duetos para clarinete e piano, com o jazz por perto, entre a música de Bernstein, Gershwin, Novaceck e D’Rivera, pelo clarinetista Jon Manasse e pelo pianista Jon Nakamatsu, em gravação editada pela Harmonia Mundi.

O jazz correu entre algumas das obras que, na primeira metade do século XX, ajudaram a inventar, aos poucos uma identidade claramente americana na música para orquestra. Afinal, nada mais senão uma expressão natural do aqui e do agora que definia uma música que assim procurava expressar uma resposta à velha questão “quem sou eu” lançada pelos compositores (e de certa forma aqueles ao seu redor a quem se dirigiam) sem apontar necessariamente todas as suas genéticas a tradições europeias que, sobretudo até Charles Ives, haviam definido os caminhos de muita da música que, do outro lado do Atlântico, nascia a pensar nas salas de concertos. George Gershwin e, mais tarde, Leonard Bernstein, são dois exemplos maiores de compositores que levaram à sua música não apenas um patamar de diálogo entre o jazz e as tradições “clássicas” ocidentais, mas também uma evidente curiosidade por expressões da cultura popular a que, na verdade, o jazz não era também presença estranha. A Sonata for Clarinet and Piano (1942) de Bernstein e Three Preludes (1926) e I Got Rhythm (do musical Girl Crazy, de 1930), de Gershwin, são assim peças centrais neste disco onde os caminhos do jazz e os da tradição ocidental de genética europeia se cruzam, o retrato caminhando depois rumo ao presente com Four Rags For Two Jons (2006) de John Novacek e The Cape Cod Flies (2009) de Paquito d’Rivera (estas duas em primeiras gravações). Duetos para piano e clarinete, ou seja, duas vozes com história no jazz, juntando aqui a dupla Jon Manasse e Jon Nakamatsu.