segunda-feira, setembro 27, 2010

Susan, 25 anos

... e já passou um quarto de século. Na dinâmica da década de 80, Desesperadamente Procurando Susana, de Susan Seidelman, ficou como um filme carregado de simbolismo: o seu retrato de uma Nova Iorque a tentar superar a crise financeira (hélas!, dos anos 70) cruzava-se com a emergência de um novo look feminino, exemplarmente condensado nos contrastes das personagens assumidas por Madonna e Rosanna Arquette.
A súbita transformação de Madonna numa estrela planetária — com o álbum Like a Virgin (lançado em Novembro de 1984, durante a rodagem do filme) — fez com que, muitas vezes, Desesperadamente Procurando Susana fosse confundido com uma peça instrumental de uma banal "estratégia" de carreira. Para além de passar ao lado da notável composição de Madonna (o filme é, aliás, uma peça exemplar de unidade e consistência interpretativa), tal ponto de vista menoriza o trabalho de Seidelman no interior de um cinema americano, aliás novaiorquino, que voltava a apostar num romanesco enraizado na peculiar energia das ruas e dos cenários realistas.
É isso mesmo que a realizadora recorda numa magnífica entrevista a Dave Itzkoff, do New York Times, assinalando os primeiros 25 anos de Desesperadamente Procurando Susana; tudo aconteceu, afinal, como ela diz, antes de Madonna ser "Madonna" — o título: 'Once more into the groove'.