terça-feira, julho 27, 2010

Novas edições:
Danger Mouse + Sparklehorse,
Dark Night Of The Soul


Danger Mouse + Sparklehorse
“Dark Night Of The Soul”
Parlophone / EMI Music
3 / 5

Depois de uma primeira vida na forma de disco (com capa mas sem música), eis que conhece finalmente edição (agora na forma mais “clássica” com capa e com música) o álbum que, com imagens (e alguma mais participação criativa) de David Lynch e o protagonismo na composição dividido entre Mark Linkous (Sparklehorse) e Danger Mouse se apresenta sob o assombrado título Dark Night Of The Soul. Resolvida a disputa legal que fez com que os autores optassem por lançar o disco naquela bizarra forma original (juntando-lhe um CD-R onde se recomendava a quem o comprasse que usasse como entendesse), eis que finalmente encontramos as canções que são, afinal (e apesar do relativo peso das imagens de David Lynch) a “alma” do disco onde surge uma multidão de colaboradores como Julian Casablancas, Suzanne Vega, Iggy Pop, James Mercer (dos The Shins e parceiro de Danger Mouse nos Broken Bells), o ex-Grandaddy Jason Lytle, Black Francis (dos Pixies) ou os Flaming Lips. A imagem da capa é logo sugestiva… E remete claramente para os universos visuais de David Lynch. Porém, para quem espera num disco que o tem entre a equipa criativa como protagonista um reencontro com a pop planante e texturalmente eloquente dos dois álbuns que, com Angelo Badalamenti, o realizador criou para a voz de Julee Cruise em finais de oitenta e inícios dos noventas, Dark Night Of The Soul é uma surpresa, o tema Everytime I'm With You, com a voz Jason Lytle sendo aqui o único instante capaz de estabeler essa ponte. Já o sombrio epílogo ao som da faixa que dá título ao álbum caberia na banda sonora de qualquer filme do realizador… Na essência Dark Night of the Soul é um a colecção de canções que seguem por alguns dos caminhos do panorama indie actual, a presença de características do som dos Sparklehorse sendo a mais presente das marcas autorais, a “assinatura” de Danger Mouse sendo porém clara em momentos como, por exemplo, os que se escutam em Insane Lullaby (que poderia ser uma canção dos Broken Bells em dia de neura). Como em qualquer disco cheio de convidados (e onde as suas presenças definem os trilhos que as respectivas canções tomam), Dark Night Of The Soul é um disco onde os grandes momentos alternam com outros menos arrebatadores. Certa, apenas, é a colecção de sombras, personagens intrigantes e males de alma que cruza estas canções… Como num filme de David Lynch…