domingo, julho 25, 2010

Cinema 3D: luz e sombra

Face à convulsão do 3D, importa insistir no mais básico relativismo: o processo de "reconversão" dos filmes para as três dimensões não é linear em termos artísticos, muito menos no plano económico. Exemplo esclarecedor o deste gráfico [publicado em The Wrap], referente à "ascensão e queda" do 3D no mercado de exibição dos EUA: no fim de semana de estreia de Avatar, a percentagem de receitas acumuladas nas salas com 3D foi de 71%; apenas nove meses mais tarde, com o filme Despicable Me [animação com voz de Steve Carell], o mesmo índice de consumo baixou para 45%.
Aliás, ainda no mesmo site, num magnífico e bem fundamentado artigo, 'The dark flaw in 3D's bright future', Steve Pond lembra que estão longe de estar resolvidos os problemas que decorrem de uma significativa perda de luminosidade nas projecções em 3D — por um lado, há cada vez mais espectadores a queixarem-se dessa limitação; por outro lado, cineastas como o autor de Inception, Christopher Nolan [foto], consideram tal perda como uma limitação expressiva que confere às imagens um carácter "sombrio" alheio a qualquer opção técnica ou formal.
Nada disto exclui a possibilidade de ainda virmos a encontrar muitas e fascinantes maravilhas no cinema 3D. Trata-se apenas de não dar por adquirida uma evolução que, da tecnologia à economia, nunca será linear nem automática.