terça-feira, maio 25, 2010

Mais que ressuscitar um Lázaro

Estava de visita a Chicago (nos EUA), quando o começou o cerco a Serajevo, impedindo-o de regressar a casa. O que fora uma viagem de turismo acabou por se prolongar mais que o esperado. Escreveu um primeiro conto em inglês em 1995. E acabou por se fixar nos EUA, onde ainda hoje vive. Estas poucas linhas sobre a história de vida de Aleksandar Hemon (n. 1964, com família de ascendência bósnia e ucraniana) definem marcas que see projectam ainda na sua escrita.

O seu segundo romance, O Projecto Lazarus carrega no seu código genético inúmeros traços de identidade comuns à história pessoal do seu autor. O livro propõe a narrativa, em parelelo, de acontecimentos separados por cem anos. Na Chicago de 1909 Lazarus, um jovem emigrante, judeu e de origem ucraniana, é morto, resultado de um receio pelos anarquistas que davam que falar na cidade. Cem anos depois, dois homens radicados nos EUA (mas de origem bósnia) deixam-se intrigar pela história de Lazarus e partem em busca de pistas na Europa, onde nascera e enfrentara tempos difíces. Os cem anos que separam os tempos revelam pontos de contacto, lugares que se cruzam e possíveis ligações… Ao acompanhar as duas histórias, Hemon acaba por caracterizar vidas que, como a sua, partiram da Europa de Leste para os EUA, na verdade acabando por fazer de O Projecto Lázaro, mais que uma tentativa do ressuscitar da memória de um jovem morto em 1909, um retrato, em duas épocas, sobre a emigração.