quinta-feira, maio 27, 2010

Em conversa: Rufus Wainwright (2/3)

Continuamos a publicação de uma entrevista que serviu de base ao artigo “Há uma saturação no mundo da música pop”, publicado na edição de 10 de Maio do DN.

Vai compor uma segunda ópera?
Acho que da próxima vez que fizer uma ópera me vou concentrar apenas na ópera. Preciso de afastar-me de tudo o resto e concentrar-me na ópera para assim poder atingir o nível seguinte.

A ópera parece estar de novo na ordem do dia. Este é um tempo entusiasmante para quem quer fazer ópera?
Creio que sim. Há uma saturação no mundo da música pop e as pessoas mais novas estão a ficar cansadas de ver aplicadas sempre as mesmas ideias, num mundo totalmente comercializado. A experiência da ópera, em termos de acústica e como outra realidade teatral é cada vez mais entusiasmante. Este é um período excitante, sim.

Pensa poder gravar Prima Donna para editar em disco ou DVD?
Isso vai certamente acontecer.

All Days Are Nights: Songs For Lulu é um disco muito pessoal. Talvez mais ainda que os anteriores. E certamente mais despojado…
Este disco é como uma reacção física tanto à minha vida pessoal como à minha vida pública nos últims três a quatro anos, com a óprera, o trabalho com o Robert Wilson... Estas canções surgiram muito naturalmente. Vinham carregadas de sentido... Tive apenas de as espremer, como uma esponja.

Compõe habitualmente ao piano...
Ao longo dos anos vezes cheguei a compor à guitarra. Mas o piano.... Sempre fui bom pianista, mas nunca me senti um virtuoso. Por isso nesse campo também me quis desafiar a mim mesmo. Foi o que tentei fazer.

No último concerto, em família, no Royal Albert Hall, a sua mãe apresentou uma canção nova: Prosephina. Pensa cantá-la, senão mesmo gravar?
É uma canção espantosa... A Matha está a cantá-la de vez em quanto, porque a canção foi originalmente escrita para ela. Aquela versão no Royal Albert Hall acho que fica mesmo como um clássico.

Nos últimos anos os irmãos Wainwright revisitaram obras de grandes vozes de referência. Fez um disco dedicado a Judy Garland. Martha cantou Edith Piaf…
Somos uns garimpeiros... Os garimpeiros Wainwright... Estamos sempre à procura de pepitas de ouro no rio... Nada se perde...

Gosta de cantar versões?
Uma boa canção é sempre uma boa canção.
(continua)