quinta-feira, abril 29, 2010

IndieLisboa, 29 de Abril

Um dos melhores títulos da selecção de filmes este ano apresentadas na secção Indie Music, do IndieLisboa leva-nos hoje ao universo em redor de Stephin Merritt, a alma central dos Magnetic Fields (e de vários outros grupos, dos Gothic Archies aos The 6ths). Com o título Strange Powers: Stephin Merritt and the Magnetic Fields, o filme toma por centro da acção o estúdio que o músico instalou na sua própria casa em Nova Iorque (e mais tarde em Los Angeles), aí regressando entre breves visitas a momentos de palco, entrevistas com os restantes membros do grupo, admiradores (como, por exemplo, Peter Gabriel) e frequentes incursões por memórias de arquivo registadas em vídeo. Apesar de conduzir a arrumação do percusro dos Magnetic Fields segundo uma ordem cronológica, o filme evita o fastio era-uma-vez que tantas vezes torna as histórias de músicos e bandas um prazer exclusivo para admiradores e convertidos. O feitio nada fácil de Stephin Merritt (e quem o já entrevistou mais que uma vez confirma que não é fama tipo mito, é realidade), o seu humor peculiar, a inesperada entrada em, cena da sua mãe e de memórias que o fazem tapar a face com as mãos, são ingredientes que lançam constantemente motivos de interesse. As ideias, as canções e o mundo prático em volta de uma actividade artística são igualmente destinos frequentes num filme que sabe contar uma história. E que dá uma vontade tremenda de voltar a ouvir alguns dos discos ao regressar a casa. Passa à meia noite no Cinema São Jorge.

Outra das sugestões para o dia de hoje passa por J’ai Tué Mère, o filme que assinala a estreia do jovem canadiano Xavier Dolan. Com fortes traços auto-biográficos, a história foi transformada em argumento tinha Xavier 16 anos, acabando este por realizá-la (e vestir a pele do protagonista) aos 19. O filme centra-se na relação conflituosa, frequentemente vivida entre gritos, de um jovem de personalidade rebelde e uma mãe, amarga e frustrada, que o criou sozinha desde que, cedo, o pai os deixou. Hubert e a mãe vivem num suburbio de Montreal. E o ambiente que se vive em sua casa é o oposto ao ele que conhece na do namorado, filho de uma hippie de sorriso sempre colado no rosto. Ao saber da relação do filho, a mãe de Hubert convoca o pai e, juntos, decidem enviá-lo a um colégio interno. O filho não vai gostar… No título do filme não se leia contudo uma eventual situação de faca e alguidar na sequência desta decisão. Na verdade o título decorre de uma composição, apresentada por Hubert na escola, na qual falava da sua mãe como se esta tivesse morrido (situação que, naturalmente, nada contribuiu para a harmonia caseira logo que esta soube do sucedido)… J’ai Tué Ma Mère passa às 21.30 no Cinema City Classic Alvalade (repete ali dia 1, pelas 23.30).