quarta-feira, julho 29, 2009

Política: o individual e o colectivo

Começo por recordar uma ideia já aqui expressa a propósito do aparecimento de três novos blogs da área política — Simplex, Jamais e Rua Direita — e com assumidas conotações partidárias: mesmo que possamos reconhecer algum efeito redutor proveniente desse enquadramento partidário (e também da proximidade de dois importantes actos eleitorais), revela-se, assim, uma diversificação das estratégias de diálogo que, em si mesma, é positiva. A Net não é o "abre-te Sésamo" da política, muito menos uma garantia automática de "boas" ideias, mas a sua crescente integração na dinâmica da cena política merece ser sublinhada.
Entretanto, surgiu no Simplex um curioso post, sintomático dos desafios que estão em jogo. É seu autor Diogo Moreira e tem um título, desde logo, significativo: 'Aviso à navegação sobre o duelo SIMplex/Jamais'. Nele se formula um interessante pedido: "(...) agradecia a ambas as partes que não tomassem os seus respectivos adversários como um colectivo uno e monolítico. Isso não é, de todo, a realidade dos bloggers que compõem o SIMplex, como penso que não será a realidade do Jamais."
Que se exprime aqui, afinal? O sentimento, partilhado por muitos sectores do eleitorado (veja-se o índice brutal a que chegaram as abstenções), de que muitas vezes a lógica "normalizadora" dos partidos tende a escamotear, ou mesmo a contrariar, a expressão de discursos — individuais ou de nichos — cujas componentes poderiam enriquecer a vida política e a intervenção social dos próprios partidos. Escusado será lembrar que tudo aquilo que está em jogo excede a simples capacidade de os partidos se exporem na Net — é o próprio conceito tradicional de partido que importa repensar.