terça-feira, maio 27, 2008

Sydney Pollack (1934-2008)

J.L.: Foi actor — estudou com Sandford Meisner em meados da década de 50, começou em séries televisivas e estreou-se no cinema em War Hunt (1962), de Denis Sanders, filme em que contracenou com Robert Redford, que viria a tornar-se um grande amigo e protagonista de sete dos seus filmes, de A Flor à Beira do Pântano (1966) a Havana (1990), passando por África Minha (1985).
Foi realizador — pertencendo a uma geração que se assumiu já como herdeira dos grandes clássicos americanos, ao mesmo tempo que começava pela televisão, deixou uma obra em que, nomeadamente no género melodramático — O Nosso Amor de Ontem (1973), Sabrina (1995), Encontro Acidental (1999), etc. —, sempre se afirmou ligado ao património tradicional de Hollywood.
Foi produtor — através da sua companhia, Mirage Entertainment, não só produziu a maioria dos seus filmes, como esteve ligado a alguns projectos invulgares, incluindo Sensibilidade e Bom Senso (1995), de Ang Lee, Assalto e Intromissão (2006), de Anthony Minghella, e ainda o telefilme Recount (estreado há poucos dias pela HBO), sobre a contagem dos votos na eleição presodencial americana de 2000.
Sydney Pollack foi uma personalidade marcante da história do cinema americano dos últimos 40 anos, símbolo modelar de uma atitude moral e politicamente liberal, ao mesmo tempo que empenhado na preservação da grande arte narrativa de Hollywood. No plano formal, foi um brilhante encenador do formato largo (scope), por isso mesmo assumindo uma sistemática atitude de resistência aos abusos das televisões, sempre que amputam tal formato para o "quadrado" televisivo, nessa medida anulando, literalmente, metade da imagem original — este seu depoimento denuncia tal crime estético, servindo-se de imagens de A Intérprete (2004), sua derradeira longa-metragem de ficção (depois, realizou ainda o documentário Esboços de Frank Gehry).



* Sydney Pollack: obituário no New York Times.