quarta-feira, outubro 24, 2007

O disco americano, que o foi

Ano Bowie – 65
‘Young Americans’ – Álbum, 1975


Durante a sua residência no Rower Theatre, em Filadélfia, em Julho de 1974, Bowie entrou pela primeira vez nos míticos Sigma Sound Studios, a “casa” do som negro que caracterizava a cidade. A sua antiga paixão pelo rhythm’n’blues (que podemos recordar nos singles que editou antes de 1966) ganhou nova visibilidade. Pediu a Coco Shwab (a sua assistente pessoal) uma lista de novos discos de referência na música negra, entre os quais títulos da emergente cena disco. As sugestões de 1984, em Diamond Dogs ditavam o rumo de um novo álbum que, meses depois, ganhou forma nesse mesmo estúdio em Filadélfia, contando novamente com Tony Visconti na produção e com um distinto lote de músicos, entre os quais o guitarrista Carlos Alomar e o baixista Willie Weeks. As sessões foram rápidas, gravado quase todo o álbum no curso de apenas duas semanas. Este foi desde o início um disco nocturno, gravado noite fora num tempo em que Bowie vivia com horas trocadas. Numa etapa posterior, já com o disco supostamente gravado, Bowie passou uma temporada em Nova Iorque. E aí aprofundou uma amizade com John Lennon que, meses antes, havia conhecido em Los Angeles. Juntos entraram em estúdio, trabalhando uma versão de Across The Universe (dos Beatles) e um inédito, Fame, que viria a dar o primeiro número um americano a Bowie. Os temas, naturalmente, entraram à última hora em Young Americans, tornando-se peças fundamentais no seu alinhamento. O disco acabou por reflectir plenamente a vontade de abordar a música negra norte-americana, abrindo novos caminhos na obra de Bowie com continuidade, mais tarde, em álbuns como Let’s Dance (1983) ou Black Tie White Noise (1993). Foi bem recebido, sobretudo nos EUA, onde Bowie se viu elevado de estrela de culto a figura de primeira linha do showbiz. Young Americans é um disco não unânime entre admiradores de Bowie. Mas, como os seus demais títulos de 70, teve imediato impacte junto dos seus contemporâneos. Os Roxy Music mostraram igual paixão negra em Love Is The Drug. E Rod Stewart fez o mesmo em Atlantic Crossing...