quinta-feira, agosto 23, 2007

Para reencontrar a ficção científica (12)

Ray Bradbury
(n. 1920)

Apesar de não se considerar um autor de um género específico, Ray Douglas Bardbury assinou vários romances, contos e argumentos de ficção científica, entre os quais o fundamental Farenheit 451 (de 1951), romance que constitui com o 1984 de Orwell e o Admirável Mundo Novo de Huxley a santíssima trindade das distopias mais sombrias e repressivas que a literatura ofereceu ao mundo em meados do século XX.

Nascido em Waukegan, no Illinois (EUA) a 22 de Agosto de 1920, começou por publicar contos de ficção científica em 1938, vendendo uma primeira história à Super Science Stories em 1941. Alguns dos seus romances não são mais que colecções de contos em volta de um conjunto de personagens, um lugar ou uma ideia, um dos mais notáveis exemplos desta lógica de construção podendo ler-se no fundamental Crónicas Marcianas (1950), uma das mais imaginativas entre as narrativas de ficção alguma vez criadas com cenário em Marte.
Muitos dos seus contos e romances foram adaptados ao cinema e televisão. A sua primeira experiência nos grandes ecrãs data de 1953 com It Came From Outer Space, de Jack Arnold, filme criado a partir do conto The Meteor, seguindo-se, três meses depois, The Beast From 20.000 Fathoms, de Eugène Lourié, baseado em The Fog Horn. A mais famosa adaptação ao cinema de uma obra de Bradbury deve-se a François Truffaut, sobre Farenheit 451 (uma nova adaptação, por Frank Darabont, está em pré-produção). O escritor assinou ele mesmo uma série de argumentos para televisão e cinema, entre os seus trabalhos contando-se importantes colaborações com Ray Harryhousen (mestre de efeitos stop-motion nos anos 50), e textos para episódios de séries como Twilight Zone, ou Alfred Hitchcock Presents.
Em 2004 Bradbury entrou em choque com Michael Moore, quando este último usou o título Farenheit 9/11 para o seu documentário anti-Bush. Numa entrevista, chegou a chamar “um ser humano horrível” ao realizador, sublinhando que a sua crítica não se devia a questões políticas. No mesmo ano, o escritor foi condecorado por George W Bush com a National Medal of Arts


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Alguns títulos fundamentais:
1947. Dark Carnival
1950. Crónicas Marcianas (Europa América, 2002)
1953. Farenheit 451 (Europa América, 2002)
1957. A Cidade Fantástica (Caminho, 1986)
1969. Cântico À Humanidade (contos) (Europa América, 2003)