quinta-feira, novembro 30, 2006

Viva a rainha!

Herculean é o single de avanço para o álbum de estreia do novo projecto de Damon Albarn, dos Blur, The Good The Bad And The Queen. O álbum tem edição marcada para 29 de Janeiro, com segundo single já agendado para edição duas semanas antes. Até lá, fica o som de Herculean, um dos melhores singles do ano, em gravação ao vivo (que ainda não vimos teledisco "oficial" da coisa):

Natal a caminho, compilação em disquinho

Depois de Sufjan Stevens e Aimee Mann (e também... oops... Billy Idol), eis que entra em cena mais um disco pensado para o Natal de 2006. Com o título It’s Not Like Christmas, é uma compilação de 18 faixas que reúne nomes como os Envelopes, Duels, El Perro del Mar, David Ford, Ingo Star Cruiser, Electric Soft Parade ou Amusement Parks On Fire em volta de novas leituras de clássicos de Natal (de Little Drummer Boy a... Last Christmas), um ou outro inédito pelo meio. A cereja sobre o bolo é uma gravação de um colectivo formado por elementos dos Futureheads, Field Music, The Golden Virgins e Kathryn Williams, que juntos respondem como Joseph & The Mary Chain. Muito natalício, pois... O disco terá edição física apenas em vinil, a 11 de Dezembro, mas está já disponível para download no iTunes.

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quarta-feira, novembro 29, 2006

Primeiras impressões a solo

O guitarrista dos Strokes Albert Hammond Jr. apresenta-se em disco a solo. Terminada a digressão com a sua banda (que os trouxe até nós para um inesquecível concerto em Lisboa), tempo agora para escutar um belíssimo álbum onde se cruzam gostos pessoais com canções destinadas ao último disco dos Strokes, mas que acabaram de lado... Eis, Back to the 101, para começar a descobrir este Yours To Keep.

Sushi Safari

O novo disco dos Air, previsto para 2007, vai acrescentar ao som do grupo uma série de tonalidades orientais, na forma de uma série de instrumentos japoneses. Além disso, o álbum contará com a colaboração da equipa criativa responsável pelo recente disco de Charlotte Gainsbourg (ou seja, Neil Hannon e Jarvis Cocker), assim como a produção de Nigel Godrich. Promete... A menos que seja tão mau como o disco de Charlotte Gainsborg...

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terça-feira, novembro 28, 2006

Discos da semana, 27 de Novembro

Lindstrom “It’s a Feedelity Affair”
De tantos a tantos anos o disco sound conhece novos adeptos com vontade de arregaçar as mangas e o reinventar. Mas é igualmente frequente a forma como muitas destas tentativas de reinvenção rapidamente resvalam para o kitsch e o derivativo, a memória de 90 podendo recordar neste capítulo promessas como M People, Joey Negro ou Ultra Naté que, depois de primeiros sinais cativantes, acabaram na vala comum da inconsequência. Tal não parece ser o destino do norueguês Hans Peter Lindstrom que, por si só, cada vez mais se assume como o mais sólido porta-estandarte do nu-disco. Depois de mostrar espantosa capacidade em caminhar por terrenos “perigosos” no genial I Feel Space, sem nunca resvalar para o lado errado da coisa, eis que nos dá em It’s A Feedelity Affair um dos melhores álbuns de música electrónica dos últimos tempos, um dos mais sólidos depoimentos de reinvenção das genéticas do disco sound e a mais viçosa declaração de salvação para a música de dança nos últimos meses... Estão aqui marcas de um bom gosto que não esconde nascer de pistas com etapas (de facto) duvidosas como Vangelis ou Giorgio Moroder, todavia convocando o que de melhor trouxeram à história de 70 (There’s A Drink In MY Bedroom and I Need A Hot Lady é dos mais sérios candidatos a descendente directo de I Feel Love alguma vez criados). Todavia, a mais evidente das marcas de referência nesta música parte da memória (a redescobrir) de Patrick Cowley, um dos inventores do hi-nrg, por muitos apenas conhecido pelas criações e produções que assinou para Sylvester na primeira metade de 80. Disco de sabor a ficção científica!

Beirut “Gulag Orkestar”
É uma das maiores revelações de 2006, soa descradamente a paisagens rurais algures perdidas nos Balcãs, tem nome de cidade libanesa... Mas vem de Albuquerque, no Novo México. Este é o projecto de Zach Condon, um jovem músico que encontrou primeiros estímulos na música de Stephin Merritt e dos Beach Boys, mais tarde a fé nos Neutral Milk Hotel. Tudo referências de topo! O seu álbum de estreia cruza identidades características do rock alternativo dos nossos dias com assimilações de traços da música cigana da Europa de Leste, sem esquecer uma pitada de indie folk e um saudável sentido lo-fi que garante a verdade primordial de uma visão apenas possível numa etapa em que os sonhos ainda comandam a vida. Zach revela-se um magnífico escritor de canções. E quando dispensar os por vezes excessivos (e frequentemente apenas plásticos, portanto, decorativos) gimmicks colhidos a Leste, poderá voar bem mais alto. Mesmo assim, uma das mais sólidas promessas de 2006!

Banda do Casaco “Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos”
Este não só é um dos mais importantes discos do Portugal musical de 70, como um caso à parte na discografia da Banda do Casaco. À parte, porque, por um lado, representa a sua obra mais próxima da ideia primordial que da eventual arte final que dela poderia ter evoluído. À parte, porque sintetiza conceitos (musicais e líricos) ensaiados nos dois primeiros álbuns e promove uma assimilação de colheitas feitas junto de heranças do Portugal (musical) profundo, com resultados mais pungentes que os que escutaríamos em discos posteriores. A sátira incisiva nas palavras de António Pinho e as visionárias opções musicais de Nuno Rodrigues conhecem aqui um momento de afirmação superior, corajoso na desmontagem de um país onde criticar a recente revolução gerava erupções de intolerância. Este é um disco nascido de uma saudável inquietação não alinhada, onde além das ideias e palavras se ensaiava uma noção de world music antes mesmo do conceito se inventado. Texturalmente fértil, cenográfico. Como poucos, um disco ácido, ousado, firme, verdadeiro. A reedição do ano (houve mais?)...

Também esta semana: Tori Amos (caixa), Joseph K (antologia), Pavement (reedição), Chumbawamba

Brevemente:
4 de Dezembro: Humanos (ao vivo CD + DVD), Sam The Kid, Heaven 17 (best of), Steve Reich (caixa), Johann Johansson, Xutos & Pontapés (DVD), Cristina Branco

Dezembro: Sonic Youth (lados B), Bernardo Sassetti, Clash (caixa de singles)
Para 2007: JP Simões, U-Clic, Klaxons, The Good The Bad and The Queen, Mika, John Cale, Amélia Muge

Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento

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segunda-feira, novembro 27, 2006

Cuidado com o... colesterol

Elegante e certeira, uma das melhores comédias do ano opta pelo humor bem escrito em detrimento da caricatura fácil. Primeira longa-metragem de Jason Reitman (filho de Ivor Reitman, o realizador de Ghostbusters), Obrigado Por Fumar (Thank You For Smoking, no original) adapta o livro homónimo de Christopher Buckley, e sabe das páginas fazer cinema. Integrando elementos da linguagem televisiva como consequente elemento com peso cénico e narrativo (não enquanto solução de realização), esta é a história de Nick Naylor (Aaron Eckhart), um lobista que trabalha como porta voz de uma academia de estudos sobre tabaco, na verdade um afloramento disfarçado (mas não tanto assim) das grandes tabaqueiras. Não lhe falta a palavra, o espírito, a lata, o oportuno desvio da atenção, seja em trabalho, seja nas conversas com o filho, que o tem por ídolo e que, quando pergunta ao pai porque é o governo americano o melhor do mundo, ouve como resposta: “o seu infindável sistema de recursos jurídicos”...Em cruzada pela devolução de um estatuto de glamour ao tabaco, engendra com um anedótico mega-agente new-age-zen-sushi (e por aí adiante) uma eventual cena de fumo num potencial blockbuster de ficção científica. Em serviço ao decano dos tabaqueiros, suborna o insubornável ex-Marlboro Man vitimado por doença incurável... Em defesa dos que lhe pagam o ordenado, enfrenta um senador anti-tabagista (William H. Macey) que, a dada altura, quer apagar, digitalmente, os cigarros dos filmes clássicos dos anos 30 e 40. Em hora de almoçar, junta-se ao MOD Squad (de Merchants of Death), trio que a ele junta os lobistas pelo álcool e armas... Em busca de boa imagem, cai na cama de uma bela jornalista, e o artigo sai-lhe pela culatra. Mas, eventualmente, terá resposta. Porque, além da comédia, Obrigado Por Fumar é, também, um interessante e inteligente manifesto de resistência do poder da argumentação pela palavra, numa era de fácil esgotamento de mensagens pela imagem´.
Texto originalmente publicado na revista '6ª', do Diário de Notícias

domingo, novembro 26, 2006

Discos Voadores, 25 de Novembro

Na semana da estreia de um novo Bond, o ovni teve ordem para aterrar… Memórias da história do espião menos secreto do mundo… E, claro, nada de tocar a canção do novo filme!

To My Boy “The Grid”
Justice Vs Simian “We Are Your Friends”
Every Move A Picture “On The Edge Of Something Beautiful”
The Legends “Closer”
Balla “Saltei de Mim”
Small Sins “Threw Them All Away”
Shirley Bassey “Goldfinger”
The Pipettes “We Are The Pipettes”
Metric “Combat Baby”
The B-52’s “Legal Tender”
Love Is All “Make Out Fall Out Make Up”
PJ Harvey “Naked Cousin”
TV On The Radio “Hours”
I’m From Barcelona “Ola Kala”
Stowaways “Learn To Get What You Want Out Of Life”
The Raconteurs “Broken Boy Soldier”

Rufus Wainwright “Katonah”
The Good, The Bad and The Queen “Herculean”
Sérgio Godinho “O Ás da Negação”
John Barry “On Her Majesties Secret Service”
Matt Munro “From Russia With Love”
Nancy Sinatra “You Only Live Twice”
Lulu “The Man With The Golden Gun”
Duran Duran “A View To A Kill”
Belle Chase Hotel “Goldfinger”
My Bloody Valentine “We Have All The Time In The World”
Pulp + David Arnold “All Time High”
Aimee Mann + David Arnold “Nobody Does It Better”
Tom Jones “Thunderball”
Moby “007 Theme”
The Rapture “Whoo! Alright… Yeah. Uh Huh”
The KBC “Not Anymore”


Discos VoadoresSábado 18.00 – 20.00 / Domingo 22.00 – 24.00
Radar 97.8 FM ou www.radarlisboa.fm

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Amadeo na Gulbenkian

Ninguém deixa de fazer uma obra de arte intensa por falta de técnica, mas por falta de outra coisa que se chama temperamento
Amadeo de Souza-Cardoso (1910)


Exposição obrigatória na Galeria de Exposições Temporárias no edifício da sede da Fundação Gulbenkian, até 15 de Janeiro.
Diálogos de Vanguarda. Entre contemporâneos. Os de Amadeo. É impressionante compreender a afinidade de linhas, ideias, visões. Reconhecer a integração inequívoca de Amadeo entre os maiores visionários do modernismo. E, no fim, saborear as marcas de identidade que sublinham a diferença entre contemporâneos. As cores, sobretudo, ora expressando um sentido de luz característico da paisagem portuguesa. Ou o viço quente das romarias.

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sábado, novembro 25, 2006

A ameaça... fantasma

Esta semana, a paródia pop aponta a uma galáxia distante, há muito tempo atrás. French and Saunders e A Guerra das Estrelas, não os filmes originais, mas as garridas sequelas digitais para muito batôn e robots e naves e diálogos em saldo... Há mais conteúdo neste diálogo de French and Saunders que em todo o episódio um... Ora vejam...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Faça você mesmo

Aqui está mais um exemplo de interacção ao serviço da música. Desta vez, a Current TV convidou anónimos a assistir a um concerto dos Shins em Austin, à borla, anunciado apenas por SMS, email e o velho passa-a-palavra. Cada qual levou a sua câmara digital e telemóvel e filmou a coisa. Enviou os clips para a estação. E ali se montou um vídeo colectivo para o novo single da banda, All Eyes On. O resultado final é mais curioso que genial, mas não deixa de ser mais uma interessante marca de sinais dos tempos. Aqui está o clip, antecedido pela história de como nasceu.


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Horóscopo

Enquanto a Universal Music leva o MySpace a tribunal, criticando infracções no campo dos direitos por indevida exposição de telediscos, mal reparando que ali (juntamente com YouTube) tem janelas de divulgação para muitos dos seus novos artistas, a quem a TV e rádio fecham a porta, a CBS (estação de TV americana) bate as palmas porque, depois de assinado um acordo com o YouTube, nele descarregando largas quantidades de clips de programas seus, o programa de David Letterman aumentou as audiências em nada mais nada menos que 200 mil espectadores diários! É por atitudes como estas (da CBS) que vemos a importância destes new media como fontes fundamentais de formação e estímulo de novos públicos. É por atitudes como esta (da Universal) que aconselhamos os profissionais do sector (facção mais conservadora e desatenta, leia-se a maioria das grandes estruturas) a procurar outro emprego a curto ou médio prazo, a abrir uma pequena editora voltada para nichos (as únicas que irão sobreviver ao vedndaval), ou a experimentar, sei lá, a jardinagem...

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quinta-feira, novembro 23, 2006

O Padrinho - 4

David Bowie e o "afilhado" (que tem muitos mais padrinhos, é verdade) Damon Albarn. Um encontro num canal de televisão francês em 2003 do qual nasceu uma versão de Fashion. Aqui fica ela...


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Novemente juntos?

Graham Coxon admitiu ao NME um eventual reencontro em estúdio com os Blur para daí nascer um derradeiro álbum da banda. Nas suas declarações sente-se desconforto, sobretudo pelo que terá de vir depois da gravação, nomeadamente a promoção e eventual digressão. Diz que terá de pensar mais sobre o assunto, mas não exclui a hipótese. Os outros "blurs" entretanto estão ocupados. Damon prepara-se para lançar o álbum de estreia do projecto The Good, The Bad and The Queen em Janeiro. Dave Rowntree está a preparar concertos com os The Ailerons, a banda com a qual acabou de editar um disco. E Alex James dedica o seu tempo aos media, nomeadamente à televisão... Esperemos então pelas férias, para ver se se entendem...

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quarta-feira, novembro 22, 2006

2006: Odisseia na... grelha

Mais uma nova dupla a ter em conta. Chamam-se To My Boy e, depois de um primeiro single apenas banal, revelam ao segundo um híbrido de electrónicas e pujança eléctrica que não deixa ninguém parado. Para ouvir em repeat... Este é The Grid, em teledisco de vénia evidente a 2001, Kubrick e... o Hal 9000.

Antony e a Orquestra

Anthny e os seus Johnsons vão dar um concerto especial, de uma só noite, em conjunto com a Brooklyn Philarmonic Orchestra. Vai ser na Brooklyn Academy Of Music, a 9 de Março.

I Predict A Riot

Três anos antes do Verão do Amor, um outro, menos pacífico, encheu cabeçalhos dos jornais britânicos com manifestações igualmente nascidas da emergente cultura jovem. A violência decorria de encontros, rapidamente transformados em cenas de pancadaria forte e feia, e não muito diferente do hooliganismo que hoje associamos ao futebol, entre grupos “culturalmente” rivais: mods e rockers. E culminou com uma série de distúrbios nas cidades à beira-Mancha de Brighton, Margate e Broadstaris e na zona de Hastings. Directamente nascido de Quadrophenia, um álbum dos Who de 1973, sobre dois dias na vida de um jovem mod, um filme com o mesmo título fez dos distúrbios em Brighton a sua sequência de referência. E com o tempo acabou reconhecido como uma das mais realistas representações do modo de vida dos mods e da cultura jovem da Inglaterra desses dias em que a revolução sexual e o rock’n’roll mudavam atitudes a velocidade de cruzeiro.

Surgidos em finais de 50, os mods eram jovens de classe média e popular, obcecados pelos novos estilos, sempre impecavelmente vestidos com fatos completos, cultores de jazz ou rhythm’n’blues (e, mais tarde, o som “beat” muito característico na Inglaterra de meados de 60), por oposição à contaminação directa do rock’n’roll americano idolatrado pelos rockers, cabedais negros e motos como iconografia de identificação, descendentes directos dos teddy boys ingleses dos anos 50. Culturas da aparência, com pouco mais de definido que roupas, cortes de cabelo, estilo de motos adoptadas e discos adorados, mods e rockers elegiam os seus deuses, os The Who sendo uma das bandas que, juntamente com os Small Faces ou Yardbirds, mais representou o ideário mod.
O álbum Quadrophenia (o título traduzindo as quatro personalidades distintas do protagonista, cada qual reflectindo um dos elementos dos Who), uma ópera rock, serviu, em 1978, de ponto de partida para o guião do filme com o mesmo título que assinalou a estreia na realização de Franc Roddam, num elenco onde se destacava o actor Phil Daniels (Jimmy) e se revelavam figuras como Sting e Toyah Wilcox, representantes da nova geração de músicos, garantindo pontes de atenção dos públicos de 70 para uma história de 60.

Tal como o disco, o filme toma por objecto as angústias da adolescência e a violência inerente a algumas das suas manifestações, nele se reconhecendo claramente a genética de uma banda que, como poucas, sobre criar hinos destinados a uma geração. Esta é a história de Jimmy que, como tantos outros mods, vive a semana num emprego banal, aí ganhando os trocos para as festas, anfetaminas e gasolina que o fim-de-semana exige. Por amigo de infância tem um rapaz que se fez rocker, debate que acaba todavia secundarizado perante o foco dirigido aos incidentes em Brighton, cenas de violência e caos na rua entre mods e rockers que acabam em tribunal e pesadas multas a pagar. Frente ao juiz destaca-se, pela pose, Ace Face (Sting), um rapaz de cabelos loiros e ar cool que Jimmy logo toma como expressão maior do sonho mod. A revelação da sua verdadeira identidade (não mais que a de um paquete em hotel de luxo) será, depois, a última gota num processo de desabamento de todas as anteriores certezas mod, a realidade por trás da aparência a obrigar Jimmy a um confronto derradeiro com o vazio da sua vida.













A presente edição em DVD tem em conta o estatuto de culto que Quadrophenia ganhou, justificando ser hoje apontado como um dos paradigmas do cinema retratista das culturas jovens nascidas do pós-guerra. Não só o filme pode ser lido em confronto com os esclarecedores comentários do realizador e dos actores Phil Daniels e Leslie Ash, como, num DVD adicional, são apresentados dois documentários que contextualizam a história e filme nos cenários que retratam. É particularmente interessante Um Estilo de Vida: Making of Quadrophenia, documentário sobre a relação do filme com as verdades da cultura mod, e com capítulos que tomam por títulos citações ou nomes de discos ou canções de bandas como os Blur ou Kaiser Chiefs. Ou seja, herdeiros de uma teenage angst que o tempo não apagou, antes, readaptou.
(Texto originalmente publicado na revista '6a', do Diário de Notícias)

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terça-feira, novembro 21, 2006

Discos da semana, 20 de Novembro

The Beatles “Love”
Um novo álbum dos Beatles? Sim e não. A música é dos Beatles. As gravações são dos Beatles. Os takes inéditos são, também, Beatles... Mas em Love o que os dois Beatles vivos fizeram foi apenas, e não mais, que dizer “sempre soube que eras bom” ou “podem ir ainda mais longe”. Palavras, respectivamente, de Ringo e Paul, a George e Giles Martin, os verdadeiros “autores” do trabalho que agora ser transforma em disco. A capa não deixa dúvidas: é mesmo um novo disco dos Beatles. Mas tão “novo” como o foi Let It Be... Naked, de 2003. Mas não tão “novo” quanto os singles Free As A Bird ou Real Love, de 1995 e 96, canções construídas a partir de gravações inéditas de John Lennon, registadas em finais dos anos 70, sobre as quais Paul, George e Ringo juntaram elementos adicionais. Love é, agora, a expressão final do processo de (re)construção de uma série de gravações dos Beatles, banda sonora do espectáculo do Cirque du Soleil em exibição no The Mirage, em Las Vegas, desde há alguns meses. Love é como um milimétrico DJ set de temas dos Beatles, todavia apenas possível em estúdio, tantas e tão precisas que são as colagens e sobreposições que convoca. Em muitas das “novas” canções reconhecemos inclusivamente takes diferentes dos usados nas gravações que conhecemos dos discos originais. Por exemplo, a voz de John Lennon em Strawberry Fields, por exemplo, surge de um ensaio. Há, ainda, arranjos adicionais, notória (e espantosa) sendo a nova presença de uma orquestra em While My Guitar Gently Weeps, em tom elegíaco, também aqui sobre um take vocal alternativo de George Harrison. Love soma 26 canções, ostensiva sendo a presença de outras mais 11 no corpo destas, muitas mais depois visíveis apenas ao microscópio, num exercício de trainspotting para fãs dos Beatles que se adivinha passatempo certeiro para os próximos dias. Uma visita à Internet dentro de uma semana certamente exibirá as primeiras listas de tesouros escondidos... No campo dos números, Love apresenta três quartos de canções colhidas entre 1967 e 69, os três anos criativamente mais entusiasmantes da carreira dos Beatles. 1968 é o ano mais bem representado (com 12 canções), seguido de 1967 (com nove) e 1969 (com oito, uma das quais apenas editada em 1970). Apesar de construído como banda sonora para um espectáculo, Love resiste sem imagem e respira a solidez de um álbum. Não se trata de um best of, já que se baseia sucessivos em trabalhos de fusão, mas vive da força de canções que o tempo transformou já em clássicos transversais. O disco ouve-se, contudo, com o prazer da descoberta de estranha, mas saborosa, novidade entre algo absolutamente familiar. É empolegante, revela uma mão cheia de boas ideias (a melhor das quais o novo sublime arranjo para cordas de While My Guitar Gently Weeps, e revela um mergulho pelo catálogo dos Beatles bem mais agradável de escutar de fio a pavio que o tríptico Anthology de meados de 90.
(versão editada de texto maior publicado na revista ‘6ª’, do DN)

Tom Waits “Orphans: Brawlers, Bawlers & Bastards”
O volume de música é colossal, mas a arrumação tão bem pensada que ajuda a uma eficaz digestão da oferta. Orphans é, sobretudo, um conjunto de olhares cruzados pelas rotas e destinos já percorridos, sobretudo procurando referências na discografia histórica de 70, o CD 2 a mostrar como o tempo apurou ideias e ali atinge a perfeição. Do vaudeville ao bar em fim de noite, das contaminações pelos blues à assimilação (e destilação) da country, um catálogo de ideias arrumadas como se de uma síntese se tratasse. E com traços de uma personalidade ainda insatisfeita ao cabo de tantas buscas, a sua verve mais animada pela vontade em continuar a experimentar a dominar parte do CD 1, no qual se verificam os mais evidentes traços de continuidade face à sua obra mais recente. Para ouvir com tempo. Sem pressa.

U2 “18 Singles”
Complemento áudio a uma operação bem mais interessante em livro (ou seja, a adaptação aos U2 do conceito Anthology, dos Beatles, em U2 By U2, traduzido para português, mas com evidentes sinais de ausência de revisão atenta a questões musicais). 18 Singles limita-se a baralhar e voltar a dar os singles mais óbvios dos U2, juntando-lhes uma versão morna de um clássico dos Skids, gravada em parceria com os Green Day e um outro inédito, menor, em jeito de banda em piloto automático. Banalidade para Natal, 18 Singles está muito aquém das antologias de 1998 e 2001, respectivamente abordando feitos dos anos 80 e 90. Desta vez, pouco mais há para contar...

Yann Tiersen “On Tour”
Terceiro álbum ao vivo de Yann Tiersen, On Tour foca essencialmente a sua faceta pop/rock (ora na forma de instrumentais, ora em canções), apresentando sobretudo novas canções, visitando pontualmente memórias de Tout Est Calme, juntando apenas dois momentos do anterior Les Retrouvailles (um deles na voz de Elisabeth Frazer). Guitarras, baixo e bateria são protagonistas, não deixando os violinos ou acordeão de sublinhar marcas de identidade de um compositor versátil cuja obra não quer cristalizar na sombra da música de genética minimalista que o revelou em finais dos anos 90. Uma vez mais, a surpresa mora num disco de Yann Tiersen.

Também esta semana: Cool Hipnoise, Rammstein, Foo Fighters (live), Clinic, Weekend (reedição), Doors (caixa 6 CD + 6 DVD), Rodrigo Leão (best of)

Brevemente:
27 de Novembro: Tori Amos (caixa), Joseph K (antologia), Pavement (reedição), Chumbawamba, Johann Johansson
4 de Dezembro: Humanos (ao vivo), Sam The Kid, Heaven 17 (best of), Steve Reich (caixa)

Dezembro: Sonic Youth (lados B), Bernardo Sassetti, Clash (caixa de singles)
Para 2007: JP Simões, U-Clic, Klaxons, The Good The Bad and The Queen, Mika, John Cale


Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento

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domingo, novembro 19, 2006

Discos Voadores, 18 de Novembro

Apesar de se estrear a solo num álbum menor, Jarvis Cocker merece a vénia do ovni, que aproveita o momento para evocar outros episódios mais estimulantes da sua carreira

The Magic Numbers “Take A Chance”
Peter, Björn and John “Young Folks”
Albert Hammond Jr “Cartoon Music For Superheroes”
Sérgio Godinho “A Deusa do Amor”
Tom Verlaine “A Stroll”
TV On The radio “Hours”
Jarvis Cocker “Baby’s Coming Back To Me”
The Good, The Bad And The Queen “Herculean”
2008 “Acordes Com Arroz”
Bedlam Rovers “Big Drill”
Love Is All “Make Out Fall Out Make Up”
Cansei de Ser Sexy “Fuckoff Is Not The Only Thing You Have To Show”
Klaxons “Gravity’s Rainbow”
Hope Of The States “Sing It Out”
Every Move A Picture “On The Edge Of Something Beautiful”

Balla “O Fim da Luta”
Gothic Archies “We Are The Gothic Archies”
The Legends “Closer”
Jarvis Cocker “Running The World”
Pulp “Death Comes To Town”
Pulp “Sorted For E’s & Wizz”
Pulp “Babies”
Pulp “This Is Hardcore”
Nnacy Sinatra “Bbay’s Coming Back To Me”
Charlotte Gainsbourg “5:55”
Jarvis Cocker + Kid Loco “I Just Came To Tell You I’m Going”
Jarvis Cocker “I Can’t Forget”
Jarvis Cocker “Don’t Let Him Waste Your Time”
Mazgani “Unaeging Games”

Discos VoadoresSábado 18.00 – 20.00 / Domingo 22.00 – 24.00
Radar 97.8 FM
ou www.radarlisboa.fm

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sábado, novembro 18, 2006

A madrinha

A gracinha da semana fica novamente por conta da dupla French and Saunders. Desta vez em genial paródia à colaboração (ou melhor, lição) de Madonna com Britney Spears...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Ordem para aprovar

Já vi o novo Bond... e gostei. Muito. Que Daniel Craig era bom actor não é novidade, mas que encaixa, como ninguém, no modelo do espião 007 segundo o legado histórico de Sean Connery, é notícia que se confirma. O filme devolve James Bond a atmosferas mais próximas dos livros de Ian Flemming. É violento, seco, mais pintura que moldura. Usa os condimentos clássicos, mas de forma nova, com parcimónia. Adeus gadgets inconsequentes para gracinha trálálá tipo caneta que rebenta ou carro que afinal também é barco... No melhor filme 007 desde For Your Eyes Only (1980), regressamos à essência de James Bond, com sobriedade. Pena, apenas a canção. Simplesmente a pior de sempre. Mas quem teve a ideia de a pedir a Chris Cornell?...

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O Padrinho - 3

Desta vez o padrinho é Lou Reed, e Bowie o afilhado atento às lições. Juntos, para interpretar o clássico I'm Waiting For The Man, dos Velvet Underground.

Boas vibrações

Brian Wilson vai autorizar e apadrinhar a realização de um biopic sobre si mesmo, tendo para tal contratado já como produtor o experiente Mark Gordon. Um argumentista será brevemente anunciado. Por enquanto está apenas garantida a autorização para usar o catálogo de Brian Wilson.

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quinta-feira, novembro 16, 2006

Colheita 06

Os Clinic em mais um single, aperitivo para um novo álbum que entre nós será editado na próxima semana. O teledisco de Harvest (Within You) mostra que não estão muito longe daquilo a que nos habituaram. É mais do mesmo, sim. Mas não é grave.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Em conversa: Pop Dell' Arte (3)


Conclusão, hoje, da publicação de uma versão editada de uma entrevista com os Pop Dell'Arte apresentada numa edição do suplemento DN:música em Junho de 2005.

A reflexão sobre a sociedade, as culturas e a afirmação sexual são os três pilares temáticos da obra dos Pop Dell'Arte?
João Peste - Chamava-lhe mais, talvez, libertação sexual... Essa é uma arrumação possível, sim. Faz sentido, mas não o tinha pensado assim. As coisas foram acontecendo. Se me perguntassem quais seriam as preocupações temáticas dos Pop Dell'Arte diria que também a resistência, a transformação. E sempre houve, de facto, uma carga forte relativamente à identidade e à orientação sexual, que tem a ver com o próprio contexto. Em Portugal as coisas continuam a ser tabu, e houve até situações ridículas de censura sobre coisas que fizemos, desde a capa do Illogik Plastik a letras... Situações que considero incompreensíveis.

A obra musical dos Pop Dell'Arte é muito versátil, mas há duas ideias que a marcam: a colagem (antes mesmo do conceito de samplagem vulgarizado) e o ready made . Conceitos introduzidos na música portuguesa pelos Pop Dell'Arte...
JP - Não tinha pensado nisso assim... Há um cheirinho ou outro de colagem no Hardcore dos GNR. Em relação ao ready made , não.

De onde veio a ideia de importar o conceito de colagem, habitualmente mais ligada à imagem (artes plásticas, cinema, fotografia) ou letras, para a música?
JP - A responsabilidade, aí, até cabe bastante a mim. Eu não era músico. Não tinha formação musical como o Zé Pedro ou o Luís San Payo. Por isso não foi uma estratégia, quase uma consequência. Quando me juntei às pessoas de Campo de Ourique queria participar nas bandas que se estavam a formar, e não sabia muito bem a fazer o quê. Não tinha formação nem um instrumento com o qual me identificasse. Se tivesse de optar por algum seriam as teclas, porque nunca me identifiquei muito com os instrumentos de cordas. São pesados e desconfortáveis (risos)... Mas achei sempre que poderia fazer música. Aliás, isso é uma consequência ideológica do punk rock. Depois, nos anos 80, embora directamente não pareça ligado a esta ideia, o conceito que os Einstuerzende Neubaten marcaram, mais conceptualmente que em termos de influência de sonoridade. Obviamente que havia uma tradição de arte moderna em relação à colagem, que apareceu em 1912 com o Braque e o Picasso. O conceito depois foi desenvolvido pelos futuristas, pelos dadas, pela pop art. Os Pop Dell'Arte tinham por referência esses movimentos artísticos, porque éramos um projecto arty , pelo menos da minha parte. Isto porque não me propunha a entrar no meio musical por ter determinados dotes musicais, mas pelas ideias que poderia ir buscar a outras áreas. Tinha frequentado o conservatório a estudar teatro, estava em sociologia, tinha determinadas ligações às artes plásticas e à literatura. E apesar desse lado arty , os Pop Dell'Arte nunca se assumiram como um projecto elitista, de alta cultura, mas sim um projecto pop. E, dentro da música, ligado ao rock. Posteriormente, houve a revolução na música de dança e isso também foi incontornável.

De resto, nada mais que uma evolução natural da cultura pop...
JP - Certas formas de expressão no final dos anos 80 e no princípio dos anos 90, a techno , as raves e as novas drogas foram, no fundo, uma apropriação do espírito do rock'n'roll pela música de dança.
José Pedro Moura - E o papel da música de dança é, em finais de 80, muito parecido ao do punk e new wave.

Foi a consciência de que houve um movimento cultural e social que se manifestou na música nos anos 80 que levou, nos 90, uma multinacional com a Polygram a assinar os Pop Dell'Arte?
JPM - Eu acho até estranho como é que o não fizeram mais cedo...
JP - E porque não continuaram?... Mas isso só quem estava lá é que o poderá explicar. Mas por pouco que o Sex Symbol tivesse vendido, e não foi tão pouco porque teve várias edições e está esgotado, não me parece que os números sirvam para justificar. Há coisas que não vendem e têm segundo ou terceiro disco. Se eles pusessem fora quem não venda sempre ao primeiro disco...

Mas porque se passou o que se passou?
JP - Compreendo que as bandas que existem no underground a determinado momento, quando sobrevivem acabam por assinar por multinacionais mais tarde ou mais cedo. A história está cheia de casos, e alguns até se mantêm a fazer coisas muito radicais. E até servem para as multinacionais justificarem que mantêm uma actividade artística. Mas o contexto português é muito diferente... E a coisa não aconteceu só connosco, mas também com os Mão Morta.
JPM - E aí tanto na BMG como na NorteSul.
JP - E não sei se os Mler Ife Dada tivessem sobrevivido o que lhes teria acontecido. Até porque as pessoas que estavam ligadas aos Mler Ife Dada, como a Anabela Duarte, o Pedro D'Orey e o Nuno Rebelo, que é o melhor músico da nossa geração, estão hoje em independentes. Este cenário é comum à troika das bandas ligadas ao Rock Rendez Vous de 1984 a 86, ou seja, nós, Mão Morta e músicos dos Mler Ife Dada.

Os problemas entre a PolyGram e a banda afectaram a actividade dos Pop Dell'Arte na segunda metade de 90?
JP - Houve ali um período de crise da minha parte. Uma crise pessoal que teve essas repercussões.

O EP So Goodnight , quando aparece em 2002, foi pensado como um cartão de visita para uma nova etapa?
JP - O So Goodnight foi, como então o disse, um EPA. Está tudo dito! (risos). Não era um cartão de apresentação de nada. Havia dois temas, o Mrs Tyler e o So Goodnight que estávamos a tocar e de que as pessoas gostavam. E não havia condições para fazer um álbum novo. E não nos parecia fechar esses temas na gaveta e esperar não sei quantos anos para que acontecesse alguma coisa. A realidade é esta: os Pop Dell'Arte não gravaram um disco novo porque não há dinheiro para os Pop Dell'Arte gravarem um disco novo! Não é haver falta de canções... Obviamente podíamos ir para a cozinha gravar o disco, ou para a garagem. Mas depois de termos trabalhado em determinadas condições... É que quando gravámos o Querelle e o Free Pop começámos logo nos estúdios Valentim de Carvalho. E mesmo quando gravámos a primeira maquete e o Divergências fizemo-lo nos estúdios da Musicorde em Campo de Ourique, com o Rui Remígio.

Há uma bitola de exigências mínimas nos Pop Dell'Arte?
JP - Não quer dizer que não poderíamos fazer um disco noutras condições, mas habituámo-nos assim. Não gravámos nestes últimos anos porque, quando os Pop Dell'Arte deixam de se editar a si próprios como banda, deixam de ter alguém que se interesse por si. E isto sem fazer a conversa do desgraçadinho. Mas o facto é que, à excepção da Polygram nos ter assinado a dada altura, houve sempre um virar das costas da indústria aos Pop Dell'Arte.

E como está o livro de memórias de que se já falou no passado?
JP - Adiado!... Como ainda tenho um sonho ou dois, dá sempre para ir adiando... Por um lado fui adiando porque uma pessoa constrói essas coisas a partir de um epicentro, e algum tempo depois a visão dessas mesmas coisas é bastante diferente. Se o tivesse feito corresponderia à visão daquela altura em que o comecei a fazer. Agora já tenho que pensar as narrativas de outra forma. Quando surgiu essa ideia, há dez anos, escrevinhei algumas coisas. Mas muito aconteceu depois disso... Mas pode fazer mais sentido uma história dos Pop Dell'Arte.

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Memória: Pop Dell' Arte, 1986

Pop Dell'Arte no teledisco de Querelle. Ou o complemento Sound + Vision à entrevista aqui recuperada nestes últimos dias.

terça-feira, novembro 14, 2006

Syd Barrett revisitado em EP

A versão de Arnold Layne, dos Pink Floyd, interpretada por David Bowie, juntamente com David Gilmour, no Royal Albert Hall, a 31 de Maio deste ano vai ser incluída num EP de edição limitada disponível apenas por download, perto do Natal. O Syd Barrett EP, de David Gilmour, conta, além desta colaboração com David Bowie, com uma outra versão de Arnoly Layne, com Richard Wright e, ainda uma leitura de Dark Globe, pelo próprio Gilmour. Esta edição representa mais uma anifestação da política de Bowie de autorização de edição de registos áudio ao vivo em exclusivo para o mercado online, na sequência dos lançamentos de outros dois EPs ao vivo, um com os Arcade Fire, outro recuperando quatro temas da Serious Moonlight Tour, de 1983. Para breve aguarda-se a reedição, neste formato, do Baal EP, de 1982.

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Em conversa: Pop Dell' Arte (2)


Continuamos hoje a publicação de uma entrevista aos Pop Dell'Arte, publicada no suplemento DN:música em Junho de 2005:

A sementeira de editoras independentes, como Ama Romanta ou a Dansa do Som, teve frutos?
José Pedro Moura - Há uma Borland, essas coisas. Mas são coisas muito pequenas. Se calhar é um mercado que interessa às grandes que não se desenvolva. Mas passados 20 anos a situação continua na mesma, senão pior.
João Peste - Estamos num contexto de "make it or break it"... Nesta primeira década do século XXI é extremamente importante as pessoas fazerem coisas, virarem-se umas para as outras e entrarem em interacção. Estamos a viver num período histórico de mudança. No início dos anos 80 estávamos a levar com um contexto ainda de fim de guerra fria, embora o que é hoje a União Europeia já germinasse desde há muitos anos...

Juntando aí o contexto peculiar do Portugal político, social e cultural do pós-25 de Abril...
JP - Era um contexto muito específico, sim. Mas era mais fácil encontrar uma continuidade nas coisas do que hoje, onde tudo parece descontínuo. Às vezes parece ficção-científica. Neste momento é importante as pessoas marcarem posições, tomarem atitudes. Porque, mais que nunca, o futuro depende de nós. Se soubermos utilizar a tecnologia ela pode-nos permitir uma série de coisas. As pessoas podem-se libertar sexualmente, ideologicamente, podem-se ultrapassar barreiras que antes eram intransponíveis na comunicação. Nos anos 80 denunciei aquilo a que chamava ditaduras culturais, que hoje não deixam de fazer sentido, embora possa estar nas nossas mãos que possam, mais que nunca, ser derrotadas. A proposta da Ama Romanta era a de as derrotar, ou pelo menos fazer resistência. A resistência, às vezes, já é uma derrota dessas ditaduras. Por vezes os projectos não existem para tomar o poder, mas para existir e resistir. A Ama Romanta e os Pop Dell'Arte, nesse aspecto, foram uma pièce de resistence. O tal exemplo...
JPM - E quando há uma administração mais reaccionária e conservadora, como a administração Bush, geralmente acontecem as coisas mais interessantes na música e outros tipos de expressão. Desde 2001 aconteceu um montão de coisas interessantes nos EUA, principalmente em Nova Iorque.

Em 1985, quando os Pop Dell'Arte apareceram, o meio pop/rock português era efervescente...
JPM - E hoje, apesar de haver mais facilidade ou mais meios para fazer as coisas, não há mais coisas a acontecer. Parece que as pessoas estão mais desmobilizadas.

E o que mobilizava então as pessoas?
JPM - Primeiro éramos putos, havia aquilo de fazer as coisas pela primeira vez, aquela descoberta contínua. Bem, mas agora também há putos, e as coisas não acontecem da mesma maneira. Depois havia o Rock Rendez Vous, um espaço onde se apresentavam bandas, que hoje não há. Havia as rádios independentes, e isto hoje, em termos de rádio, é um descalabro.
JP - Pelo facto do Rock Rendez Vous ter acabado nos anos 90 houve tentativas de fazer espaços que tivessem novamente uma certa atitude. O que mais se chegou a aproximar foi o Ritz Clube. Mas tinha uma série de condicionalismos. Se tivesse sido apoiado, o Ritz Clube teria sido o novo Rock Rendez Vous, não interessa se no Rego ou na Praça da Alegria. Mas tinha sido prometido um apoio da Câmara, que depois falhou. Os Pop Dell'Arte chegaram a tocar no Ritz Clube com intenção de ajudar a recolher fundos e criar uma situação em que o espaço pudesse surgir como um novo Rock Rendez Vous que faz tanta falta à sociedade portuguesa. E a coisa ficou em águas de bacalhau por causa da actual Câmara de Lisboa. Bastava o cachet de uma super-banda que toque numa noite das Festas da Cidade, e isso pagava as obras para que Lisboa tivesse um espaço para corresponder ao que o Rock Rendez Vous foi.

Não havia no Portugal de 80 uma vontade em criar, pela primeira vez, uma cultura alternativa entre nós?
JP - Uma cultura alternativa que não acontece só na música. Nessa altura começam a aparecer os primeiros fanzines, os primeiros realizadores de certo tipo de cinema, e até mesmo na vida nocturna, no Bairro Alto, ou mesmo a ideia de moda, que até então quase não existia em Portugal. Foi o safanão que o país teve de dar depois de 48 anos de ditadura.
JPM - Que aconteceu também em Espanha, mas eles agarraram a coisa de outra maneira. Cá, não...
JP - As coisas não são tão comparáveis assim, porque há grandes diferenças entre os dois países, mas é verdade que a Espanha conseguiu construir uma identidade nova, pós-moderna ou como lhe quiserem chamar. E nós ainda estamos a fazer os projectos.

Na altura, os Pop Dell'Arte, como tantos outros projectos, estabeleciam pontes entre a cultura musical alternativa e outras formas artísticas. Uma confluência de gostos e curiosidades?
JP - Quando penso nisso tudo não deixo de achar que sou um falhado. Os objectivos que tínhamos não conseguiram vencer. Eu sabia que o projecto Ama Romanta estava condenado à partida, porque começávamos logo com uma situação de défice. Não estávamos também à procura de lucro... E isso também levou a que se mantivesse a atitude. Como não havia a ilusão de que podíamos dar a volta e ganhar dinheiro com isto, isso fez com que se mantivesse uma certa pureza de intenções. E hoje estamos a deixar a fase industrial para uma informacional, e a própria expressão indústria musical deixará de fazer sentido.
(continua amanhã)

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Os Klaxons, mais uma vez

Enquanto esperamos pela edição do álbum de estreia, prometido para finais de Janeiro, aqui fica mais um single dos Klaxons, cruzando entusiasmos pós-punk com uma intensidade rítmica herdada da club culture menos plácida dos anos 90. Este é Gravity's Rainbow:

segunda-feira, novembro 13, 2006

Discos da semana, 13 de Novembro

Balla “A Grande Mentira”
Dos vários projectos de Armando Teixeira, Balla é aquele que o músico habitualmente aponta como o que lhe está mais próximo. E, talvez por isso, aquele em que mais evidentemente surgem reflexos claros de um processo de amadurecimento que, ao longo dos anos, dele têm feito um nome de referência no nosso panorama pop. Três anos depois de Le Jeu e seis volvidos sobre Balla (e dez sobre o Tango Infernal dos Boris Ex Machina, onde se lançam primeiras ideias neste sentido), o novo álbum não só revela marcas do tempo que passou, como a solidificação assimilada de uma série de linguagens que Armando Teixeira hoje domina. Inclusivamente na construção das letras, tão honestas, escorreitas e plenas de vontade em dialogar com o ouvinte como nunca antes tinha revelado. A Grande Mentira é o melhor disco de Balla e um dos raros momentos discográficos do Portugal de 2006 que merece aplauso. É um disco de canções sóbrias, arranjos precisos, nunca afogando a canção em artes finais despropositadas. Pop em partilha com uma pulsão de personalidade ao jeito do que ouvimos em cantautores, o cinema ainda como companhia próxima (e aí eventuais familiaridades com a obra de Barry Adamson, visíveis em Junk e Vou fazer-te Brilhar). A fechar um lote (de dimensão correcta) de dez canções, o Oub’Lá dos Mão Morta em leitura devidamente travestida com elegância, à Balla. Há já algum tempo que se não ouvia pop assim entre nós!

Jarvis Cocker “Jarvis”
Valente desilusão! Apesar de recrutar para o alinhamento, regravando na sua voz, as duas belas canções de travo retro, na linha da melhor pop ligeira de 60, que deu há um ano a Nancy Sinatra e de usar, mesmo escondido 25 minutos depois da última canção, o bem interessante Running The World, o álbum é um banal desfile de... nada. De facto, salvo estes três fugazes instantes, aos quais juntamos um quarto, Big Julie, de discreto tempero à la Pulp, todo o restante alinhamento é penoso desfile de banalidade pop/rock para guitarras deslavadas, melodias inconsequentes e charme zero. Resta saber se este é um tropeção ocasional (e todos temos direito a momentos menos inspirados) ou se Jarvis era, afinal, apenas a cereja sobre um bolo doce a que chamávamos Pulp...

Albert Hammond Jr. “Yours To Keep”
Em tempo de ferias dos Strokes, o guitarrista Albert Hamond Jr edita um delicioso álbum de luminosa guitar pop, a solo. O álbum conta com uma série de convidados de luxo (de Sean Lennon a Jody Porter, dos Fountains of Wayne), resgata e transforma algumas canções apresentadas em discos e concertos dos Strokes e, sobretudo, revela uma alma tranquila, capaz de explorar tanto as heranças da new wave como recontextualizações urbanas de heranças folk, oferecendo-nos um híbrido que nada fica a dever à eventual curiosidade que sucesso da banda a que pertença eventualmente aqui projecte. O disco tem vida própria, personalidade bem afirmada (pontualmente em evidente sintonia com os Strokes, como sucede em In Transit, o que é apenas natural).

Depeche Mode “Best Of – Volume 1”
Mais um best of dos Depeche Mode?. Eles que editaram uma colectânea em 1985, duas outras, de revisão integral de singles, em finais de 90, mais seis caixas com singles... Que há de novo, então, aqui? Martyr, o novo single, é dispensável sobra, tão inconsequente e descartável quanto o foi Only When I Loose Myself, da antologia de 1998... O restante alinhamento, naturalmente, é feito de pérolas centrais à história pop de 80 e 90. Mas é no DVD que se justifica a edição. Sobretudo nos telediscos anteriores a Black Celebration (1986), cinco deles aqui trazidos à era digital pela primeira vez: Just Can’t Get Enough, Everything Counts, People Are People, Master and Servant e Shake The Disease. Fracos, quase medíocres, é certo, despidos de uma ideia de imagem, mas essenciais no relato de uma história que corria o risco de ver a etapa visual de 1981 a 85 fechada na memória de um VHS com mais de 20 anos. E só por isto, a coisa já vale a pena.

Também esta semana: Jamiroquai (best of), Tributo folk aos Beatles, Joanna Newsom, Damien Rice, Albert Hammond Jr, Pet Shop Boys (DVD), Ann Pierlé, Stowaways, Gnarls Barkley (ed especial), Neil Young (live 1970), Xutos & Pontapés (DVD), Mark Stewart, The Jam (caixa de singles), The Best Of Bond

Brevemente:
20 de Novembro: Cool Hipnoise, Beatles, Crowded House, Rammstein, Tom Waits, U2 (best of), Foo Fighters (live), Nine Inch Nails, Clinic, Weekend (reedição), Doors (caixa 6 CD + 6 DVD), Yannn Tiersen (ao vivo), Rodrigo Leão (best of)
27 de Novembro: Tori Amos (caixa), Joseph K (antologia), Pavement (reedição), Chumbawamba, Steve Reich (caixa), Johann Johansson
4 de Dezembro: Humanos (ao vivo), Sam The Kid, Heaven 17 (best of)

Dezembro: Sonic Youth (lados B)
Para 2007: JP Simões, U-Clic, Klaxons, The Good The Bad and The Queen, Mika, John Cale

Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento

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domingo, novembro 12, 2006

Discos Voadores, 11 de Novembro

A edição de uma antologia dos Luna a provocar um percurso pelas memórias e feitos de Dean Wareham, desde os dias dos Galaxie 500 aos duetos com Britta Phillips.

Yo La Tengo “I Should Have Known Better”
Pernice Brothers “B.S. Johnson”
I’m From Barcelona “Tree House”
Sérgio Godinho “A Deusa do Amor”
The Good, The Bad and The Queen “Herculean”
Clinic “Harvest”
Luna “California (All The Way)”
Small Sins “Threw Them All Away”
The Legends “Closer”
The Gift “645”
Cansei de Ser Sexy “Fuckoff Os Not The Only Thing You Have To Show”
The Pipettes “We Are The Pipettes”
Love Is All “Make Out Fall Out Make Up”
Klaxons “Gravity’s Rainbow”
White Rose Movement “Love Is A Number”

Tom Waits “Long Way Home”
Stowaways “Learn To Get What You Want Out Of Your Life”
TV On The Radio “Hours”
Luna + Tom Verlaine “Moon Palace”
Galaxie 500 “Parking Lot”
Galaxie 500 “Blue Thunder”
Galaxie 500 “Fourth Of July”
Galaxie 500 “Submission”
Luna “Anesthesia”
Luna “In The Flesh”
Luna “Tiger Lilly”
Dean Wareham + Britta Phillips “Night Nurse”
Luna “Superfreaky Memories”
Mazgani “Unaeging Games”
Sonic Youth “Do You Believe In Rapture?”


Discos VoadoresSábado 18.00 – 20.00 / Domingo 22.00 – 24.00
Radar 97.8 FM ou www.radarlisboa.fm

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sábado, novembro 11, 2006

Discos Voadores 2.0 no Incógnito

Segunda noite Discos Voadores no Incógnito. Aqui fica o set list integral:

Brian Eno “An Ending (Ascent)”
Junior Boys “FM”
Moby “Alone”
Fort Dax “Oxenfolly”
The Orb “Little Fluffy Clouds”
Lemonjelly “Element”
Kelley Polar “The Rooms In My House Have Many Parties”
Ultramarine “Happy Land”
Gothic Archies “We Are The Gothic Archies”
Goldenboy “Campari Soda”
Add N To X “Plug Me In”
Hot Chip “Tchaparian”
The Knife “Forest Families”
Regina Spektor “Fidelity”
Windsor For The Derby “Melody Of A Fallen Tree”
Small Sins “Threw Them All Away”
Mates Of State “So Many Ways”
Chiara Mastroiani + Benjamin Biolay “Dance Rock’N’Roll”
The Cloud Room “Beautiful Mess”
Cat People “Anyone Can Tell You”
The Young Knives “Ladborough Suicide”
Clinic “Harvest”
Arcade Fire “Neighborhood # 2”
Beck “Elevator Music”
Idle Hands “Loaded”
The Veils “One Night On Earth”
The Jesus & Mary Chain “April Skies”
Franz Ferdinand “Walk Away”
White Rose Movement “Girls In The Back”
The Sounds “Painted By Numbers”
Metric “Combat Baby”
Blondie “In The Sun”
X-Wife “Ping Pong”
Kasabian “Reason Is Treason”
Editors “Fingers In The Factories”
She Wants Revenge “Tear You Apart”
Boy Kill Boy “Suzie”
Raveonettes “Love In A Trash Can”
Blur “Song 2”
Interpol C’Mere
Shout Out Louds “The Comeback”
Cansei de Ser Sexy “Fuckoff Is Not The Only Thing You have To Show”
The Pipettes “We Are The Pipettes”
Yeah Yeah Yeahs “Cheated Hearts”
Elastica “Connected”
Raconteurs “Steady As She Goes”
Dirty Pretty Things “Bang Bang You’re Dead”
Dead 60’s “Riot Radio”
Arctic Monkeys “I Bet You Look Good On The Dance Floor”
Forward Russia “Nine”
The Rakes “22 Grand Job”
Love Is All “Make Out Fall Out Make Up”
Bauhaus “Ziggy Stardust”
David Bowie “Rebel Rebel”
White Rose Movement “Love Is A Number”
Every Move A Picture “On The Edge Of Something Beautiful”
The Killers “Somebody Told Me”
She Wants Revenge “I Don’t Want To Fall In Love”
Duran Duran “Careless Memories”
Vitalic “My Friend Dario”
The Kills “The Good Ones (Tiga Remix)”
Siouxsie & The Banshees “Hong Kong Garden (Marie Antoinette version)”
New Order “Ceremony”
Bow Wow Wow “I Want Candy (Kevin Shields Version)”
LCD Soundsystem “Daft Punk Is Playing In My House”
We Are Scientists “Nobody Moves Nobody Gets Hurt”
The Strokes “Juicebox”
Kaiser Chiefs “Na Na Na Na Na”
The Smiths “Sheila Take A Bow”
Radiohead “Just”
Ladytron “Disco Traxx”
Cansei de Ser Sexy “Super Afim”
Bonde do Role “Solta O Frango”
Tiga + Jake Shears “You Gonna Want Me”
Woman In Panic “5 am”
Infadels “Can’t Get Enough”
Death From Above 1979 “Little Girl”
Klaxons “Gravity’s Rainbow”
White Stripes “Fall In Love With A Girl”
The Diodes “Time Damage”
Art Brut “My Little Brother”
International Noise Conspiracy “Up For Sale”
R.E.M. “What’s The Frequency Kenneth”
TV On The Radio “Wolf Like Me”
Sonic Youth “Incinerate”
David Bowie “Pretty Things Are Going To Hell”
Franz Ferdinand “Do You Wanna”
The Cure “Boy’s Don’t Cry”
The Smiths “Panic”
The La’s “There She Goes”
Pulp “Common People”
The Cloud Room “Hey Now Now”
Beck “Sexx Laws (Malibu Remix)”

e para fechar a noite…
Walter Carlos “Theme From A Clockwork Orange”

(E em Janeiro há mais!)

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(Never) Being Boring

A gracinha para o fim de semana, uma vez mais por conta da dupla French & Saunders. Apesar de quem dá a cara serem dois outros actores, a letra deste... tema... é puro French And Saunders. Desta vez na berlinda, os Pet Shop Boys...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Em conversa: Pop Dell' Arte (1)

Surgiram em 1985 para concorrer ao segundo Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous, acabando então brindados com o Prémio de Originalidade. Eram os primeiros passos de uma carreira fundamental na definição de uma cultura alternativa na música portuguesa. Apesar de uma intermitência nos discos e nos palcos, a obra dos Pop Dell'Arte é notável e justifica, ao celebrar 20 anos, que não seja dada como apenas um eco do passado. Aqui fica uma a primeira parte de uma entrevista com João Peste e José Pedro Moura, originalmente publicada no DNmúsica, em Junho de 2005

Uma das últimas aparições dos Pop Dell' Arte (antes do regresso em 2005 e de PopPlastik), foi no concerto Avariações, de homenagem a António Variações...
João Peste - Eu senti-me muito desconfortável a cantar as coisas do António Variações. Sinto-me piroso, no entanto aquilo, na voz dele, não é piroso. Era o génio dele, além de fazer aquelas brincadeiras como a Maria Albertina ... É preciso uma capacidade interpretativa para dar a volta àquilo. Gosto do trabalho dos Humanos, mas tiveram de ser pessoas muito bem escolhidas para cantar aquilo... Às vezes também me falam em fazer um disco de homenagem aos Pop Dell'Arte e é-me estranho imaginar como é que soaria... No espectáculo acabámos por fazer uma homenagem ao António Variações, mas sem respeitar a intenção que era a de fazer uma versão. Se calhar foi melhor assim, porque não ficámos com o peso na consciência de ter estragado um tema dele.

E esse foi um episódio pontual. Porquê esta intermitência na vida do grupo? Por onde têm andado os Pop Dell' Arte?
JP - Os Pop Dell'Arte têm andado recolhidos. Depois da saída do Luís San Payo e do concerto em Londres com o Nuno dos More República Masónica, os Pop Dell'Arte retiraram-se de cena. Mantivemo-nos como um núcleo a ensaiar, eu, o Paulo Monteiro, o Zé Pedro Moura e por vezes também o Tiago Miranda. Tirando o espectáculo do António Variações estávamos desactivados. Ensaiávamos não para um concerto ou fazer um disco, mas só para não perder o jeito. Este ano surgiu o convite da organização das Festas da Cidade para tocarmos no Fórum Lisboa. Entretanto apareceu um grupo de fãs a propor fazer um site dos Pop Dell'Arte. E tudo coincidiu com o vigésimo aniversário do grupo. Resolvemos, sem grandes compromissos, assumir o espectáculo para comemorar os 20 anos, mas sem grandes perspectivas para fazer grandes coisas a partir daí. Partimos um bocado reservados. Começámos a ensaiar com o Luís San Payo e neste momento temos algum material...

Quer dizer que entretanto apareceram algumas coisas novas?
JP - Sim, algumas coisas novas e estamos naquela fase de decidir, em função deste concerto, se vamos continuar ou não.

E aquela ideia, tantas fezes falada, de um possível álbum que se chamaria After The Future ?
JP - A questão foi que, na altura em que o grupo se mobilizou a seguir àquele concerto em Londres, acabou-se por abandonar esse projecto. O que não quer dizer que desse período não se pegue num ou noutro tema. Mas a fazer uma coisa nova terá de ser mesmo uma coisa nova.

As coisas novas reflectem algo que vos entusiasma musicalmente neste momento?
JP - Aquilo que nos influencia num determinado momento não é necessariamente aquilo que está então a acontecer musicalmente nesse instante. Mas há um desafio grande neste início de século, com esta sociedade nova sobre a qual não sabemos o que vai acontecer. Temos o pano de fundo da globalização, do problema da exclusão, do terrorismo internacional, do terrorismo do estado de nação. Tudo isso oferece algumas pistas e suscita alguma paixão em termos ideológicos a uma banda que cantava o Mai 86 em 86. E isso não se deixa de reflectir nas letras.

Esta efervescência social que vivemos não é matéria-prima ideal para uma banda que sempre esteve atenta ao seu tempo, aos fenómenos da sociedade e das artes?
JP - É irónico, porque nós aparecemos, quando fizemos o Mai 86, com uma certa visão. Mas só os tolos é que não mudam de opinião. Havia um certo niilismo e desencantamento, que tinha a ver com os anos 80, nas letras e na postura que se assumiu, que passados 20 anos não consigo manter. Olho para as coisas e vejo-as de um modo diferente, não sei se pessimista será a expressão ideal. O pessimimo ter-nos-ia levado a cruzar os braços. E acho que não foi isso que fizemos nem como Pop Dell'Arte nem como músicos ou pessoas. Criámos a Ama Romanta, tentámos fazer o máximo de coisas, e creio que neste momento, e vou dizer uma coisa horrível, seríamos um bom exemplo a seguir. Sobre essa perspectiva ideológica, já que noutras não seríamos nada um bom exemplo a seguir... Assumo o que disse! E digo que seríamos um bom exemplo, porque na época em que estivemos, no período em que aparecemos, não aceitámos as coisas como estavam e quisemos mudar. Inclusivamente, contribuímos para a mudança. As pessoas quando tomam atitudes mudam sempre qualquer coisa, mesmo que depois se vá parar à gaveta ou ao caixote do lixo (que se calhar é o destino de todos, embora não o queriamos aceitar facilmente). Neste momento creio que era importante as bandas e as pessoas mais novas reverem-se em certo tipo de atitude e maneira de estar, obviamente tendo como pano de fundo uma realidade diferente.
(continua amanhã)

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quarta-feira, novembro 08, 2006

O Padrinho - 2

David Bowie, com os dinamarqueses Kashmir, banda a milhas de outras que apadrinhou (Arcade Fire ou TV On The Radio para citar dois exemplos dignos da coisa), mas com um teledisco soberbo, precisamente neste tema, The Cynic, em dueto com o velho mestre.

terça-feira, novembro 07, 2006

O Melhor de 2006 - Uncut

E pronto, começou! A primeira das listas que apresentamos é a dos 50 álbuns do ano, segundo a revista “Uncut”. Relativamente previsível, revelando a falta de dinâmica que a revista começa a exibir desde há alguns meses... A surpresa? Os Scritti Politti em segundo. Um bom disco, mas não tanto assim!

1. Bob Dylan – "Modern Times"
2. Scritti Polliti – "White Bread, Black Beer"
3. Comets On Fire – “Avatar”
4. Joanna Newsom - "Ys"
5. Neil Young – "Living With War"
6. Arctic Monkeys – "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”
7. Midlake - "The Trials of Van Occupanther"
8. Hot Chip – "The Warning"
9. Sufjan Stevens – "The Avalanche"
10. Thom Yorke – "The Eraser"
11. The Flaming Lips – "At War With The Mystics"
12. Bonnie 'Prince' Billy – "The Letting Go"
13. Lindsey Buckingham – "Under The Skin"
14. Cat Power – "The Greatest"
15. Brightblack Morning Light – “Brightback Morning Light”
16. The Raconteurs – "Broken Boy Soldiers"
17. Ali Farka Toure – "Savane"
18. CSS – "Cansei De Ser Sexy"
19. Beck – "The Information"
20. Burial – “Burial”
21. Vetiver – "To Find Me Gone"
22. Espers – "Espers II"
23. Ghostface Killah – "Fishscale"
24. Howlin' Rain – “Howlin’ Rain”
25. Scott Walker – "The Drift"
26. TV On The Radio – "Return To Cookie Mountain"
27. Yo La Tengo – "I am Not Afraid Of You and I Will Beat Your Ass"
28. Tom Waits – "Orphans: Brawlers, Bawlers and Bastards"
29. Oakley Hall – "Second Guessing"
30. Neko Case - "Fox Confessor Brings The Flood"
31. Mastodon – "Blood Mountain"
32. Johnny Cash – "American V"
33. Clap Your Hands Say Yeah – “Clap Your Hands Say Yeah”
34. Grandaddy – "Just Like The Family Cat"
35. Sonic Youth – "Rather Ripped"
36. Scissor Sisters – "Ta-Dah"
37. OutKast – "Idlewild"
38. Lily Allen – "Alright, Still"
39. Lambchop – "Damaged"
40. Joan As Policewomen – "Real Life"
41. Jenny Lewis – "Rabbit Fur Coat"
42. Donald Fagan – "Morph The Cat"
43. Bruce Springsteen – "We Shall Overcome"
44. Kasabian – "Empire"
45. The Walkmen – “A Hundred Miles Off”
46. Band of Horses – "Everything All Of The Time"
47. Gnarls Barkley – "St. Elsewhere"
48. Muse – "Black Holes and Revelations"
49. Belle & Sebastian – "The Life Pursuit"
50. Drive By Truckers – "A Blessing And A Curse"

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segunda-feira, novembro 06, 2006

O Padrinho - 1

David Bowie com os Arcade Fire em Wake Up, gravação depois lançada em EP exclusivo no iTunes. Foi a primeira aparição em palco de Bowie depois da angioplastia de emergência que ceifou, antes do fim previsto, a vida da Reality Tour (concerto no Porto desmarcado na altura)... Não é um momento live genial, mas um encontro entre o primeiro grande divulgador dos Arcade Fire e a banda que, na altura, era já cas0 de culto global.

domingo, novembro 05, 2006

Discos da semana, 6 de Novembro

Vários “Plague Songs”
Há um ano, a organização britânica Artangel desafiou dez músicos, pedindo-lhes que criassem, cada qual, uma canção baseada numa das pragas bíblicas rogadas ao Egipto, relatadas no Êxodo, através das quais se tentou convencer o Faraó a libertar os escravos israelitas. A ideia começou por ganhar forma em Exodus, um concerto apresentado em Margate. E agora tem conclusão natural na gravação e edição de um disco com as canções encomendadas. O resultado mostra de tudo, algumas das partes claramente destacadas sobre a soma de um todo apenas mediano. Pérola das pérolas no alinhamento do disco, a leitura da praga da escuridão por Scott Walker em Darkness transporta-nos para uma dimensão sombria, negra de facto, formas menos abstractas que as expostas no recente álbum The Drift num espaço todavia ainda sem noção exacta de corpo. Entre as melhores leituras das dez pragas contam-se The Meaning Of Lice, por Stephin Merritt (pop “com piolhos”, em registo não distante do que escutamos no novo álbum dos Gothic Archies); Flies, texturalmente cativante sob orientação plástica de Brian Eno e Robert Wyatt (numa canção com sonoplastia consequente, sugerindo voo de repelentes insectos); The Fift Plague (a da pestilência e consequente morte de gado) por Laurie Anderson e ainda o simples, belo, Katonah, de Rufus Wainwright (num registo acústico, americano profundo, a lembrar The Maker Makes), sobre a décima e derradeira praga, a da morte dos primogénitos. Sem cativar nem incomodar, Imogen Heap (metade do duo britânico Frou Frou) faz da praga dos gafanhotos uma banal pop para FM generalista, Cody Chesnutt traz soul pouco estimulante a Boils, King Creosote canta sapos sem convicção em Relate The Tale, os Tiger Lillies adormecem qualquer alma hiperactiva em Hailstones. Elo mais fraco, o hip hop de trazer por casa à la Klashnekoff.

Mariza “Concerto em Lisboa”
Um ano depois de uma noite memorável frente à Torre de Belém, Mariza leva a disco a concretização de um sonho lançado pela essência de Transparente: registar um concerto com uma orquestra. A presença de Jaques Morelenbaum volta a ser determinante, não só enquanto autor novos arranjos para temas-chave recolhidos nos dois primeiros álbuns, trabalhados na linha do que se escuta em Transparente (conferindo coesão estética ao concerto), mas também como maestro e violoncelista (é arrepiante ouvir, sem rede, Duas Lágrimas de Orvalho). O álbum é fiel retrato da pulsão carnal de um concerto inesquecível. E serve, juntamente com uma edição paralela em DVD, de digno fim de ciclo para a etapa mais interessante (até agora) da obra de Mariza.

Vários “Acorda!”
Um interessante retrato de família do Portugal musical de 2006, com 60 nomes, de ilustres desconhecidos a bandas e artistas já editados em disco, sob criteriosa selecção, com vistas largas, de Henrique Amaro. A utilização do mp3 permite o armazenamento de um número maior de contribuições e, consequentemente, uma boa relação qualidade/preço à coisa. Destaques, entre os ainda não editados, para nomes como os diversas vezes já aqui referidos 2008, bem como Mazgani, Partisan Seed e StereoBoy.

Moby “Go – The Very Best Of Moby”
Começa a época oficial dos best ófes. Moby, em ano de pousio, aparece com uma colecção de 15 temas, entre os quais o inédito New York New York, com Debbie Harry e uma outra canção, claramente menor, com a francesa Mylene Farmer. Na verdade, a recolhe incide sobretudo sobre Play, 18 e Hotel, pontuais apenas os olhares ao passado mais remoto, do qual se destaca o “clássico” Go (sobre sample pilhado da banda sonora de Twin Peaks) e o magnífico Into The Blue (com voz de Mimi Goese, ex-Hugo Largo). Na verdade, nada de novo. Apenas uma colecção fácil para ganhar uns trocos, sem dar muito em troca.

Também esta semana: M Ward, Joana Amendoeira, Aimee Mann, The Who

Brevemente:
6 de Novembro: Balla, The Matches, Kool & The Gang (antologia), Moby (best of), Agnés Jaoui, Magic Numbers, We Are Scientists, Paul Weller (best of), Charlatans (best of), Abba (best of), Jamiroquai (best of), Tributo folk aos Beatles, Joanna Newsom, Damien Rice, Albert Hammond Jr, Pet Shop Boys (DVD), Ann Pierlé, Stowaways
13 de Novembro: Jarvis Cocker, Kaada, Gnarls Barkley (ed especial), Neil Young (live 1970), Xutos & Pontapés (DVD), Depeche Mode (best of), Weekend (reedição)
20 de Novembro: Cool Hipnoise, Beatles, Crowded House, Rammstein, Tom Waits, U2 (best of), Foo Fighters (live), Nine Inch Nails, Clinic

Novembro: Protocol, Goldfrapp (remisturas), Duran Duran (2 reedições), Jay Jay Johansson, Sons & Daughters, Bryan Ferry, The KBC, Third Eye Foundation, JP Simões, U-Clic, Joseph K (antologia), Pavement (reedição), Chumbawamba, Steve Reich (caixa)
Dezembro: Sonic Youth (lados B), Rodrigo Leão (best of), Humanos (ao vivo), Sam The Kid


Estas datas provém de planos de lançamento de diversas editoras e podem ser alteradas a qualquer momento

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Discos Voadores, 4 de Novembro

Celebram-se os 40 anos dos Velvet Underground, que em Outubro de 1966 se apresentavam pela primeira vez em disco, com o single All Tomorrow’s Parties.

Jarvis Cocker “Running The World”
The Good, The Bad and The Queen “Herculean”
Sérgio Godinho “O Ás da Negação”
Bright Eyes “Weather Reports”
Beck “Dark Star”
Jim James “Sooner”
Velvet Underground “Candy Says”
Small Sins “Threw Them All Away”
Windsor For The Derby “The Memory Of A Fallen Tree”
Van She “Kelly”
Graham Coxon “What You Gonna Do Now?”
Klaxons “Gravity’s Rainbow”
You Should Go Ahead “Wake Up Song”
Every Move A Picture “On The Edge Of Something Beautiful”

Nuno Prata “Não, Eu Não Sou Um Fantasma”
Tom Verlaine “Nice Actress”
The Raconteurs “Broken Boy Soldier”
Velvet Underground “Sunday Morning”
Velvet Underground “Here She Comes Now”
Velvet Underground “Beginning To See The Light”
Velvet Underground “I’m Sticking With You”
Velvet Underground “Who Loves The Sun”
Velvet Underground “Crash”
Luna “Ride Into The Sun”
Japan “All Tomorrow’s Parties”
Velvet Underground “Coyote”
Lou Reed + John Cale “Style It Takes”
Velvet Underground “Femme Fatale”
2008 “Acordes Com Arroz”
TV On The Radio “A Method”

Discos VoadoresSábado 18.00 – 20.00 / Domingo 22.00 – 24.00
Radar 97.8 FM ou www.radarlisboa.fm

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sábado, novembro 04, 2006

A couve lombarda contra-ataca

Na semana em que chega até nós uma exposição sobre o universo Star Wars (patente no Museu da Electricidade), aqui fica um olhar mais... alimentício, sobre as coisas. Os rebeldes dos produtos naturais contra o Império da comida feita em série... May the "farm" be with us... Nada como ver...

sexta-feira, novembro 03, 2006

Scorsese + Rolling Stones = Filme

Está confirmado. Martin Scorsese vai mesmo dirigir um filme com os Rolling Stones. O filme será centrado numa actuação com alinhamento próximo do que apresentam na actual digressão, e deverá contar com imagens já captadas no concerto do 60º aniversário de Bill Clinton. Uma laringite de Mick Jagger impediu filmagens adicionais previstas para o Beacon Theatre, em Nova Iorque, situação entretanto resolvida. Scorsese não revelou oficialmente nada sobre este filme, sabendo-se apenas que contratou já os serviços de Albert Maysles, um dos co-autores do filme Gimmie Shelter, sobre um histórico concerto dos Rolling Stones em 1969, para 300 mil pessoas, na Altamont Speedawy. Scorsese dirigiu já dois outros filmes musicais, um deles retratando o concerto de despedida dos The Band, em The Last Waltz (1978), o outro o documentário sobre Bob Dylan No Direction Home (2005).

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Uma boa divisão

Jack White está dividido. Dividido a 50 por cento, entre os Raconteurs e os White Stripes, naturalmente. E enquanto está na estrada com os Raconteurs, começa a pensar na gravação de um novo disco de White Stripes. Boa notícia, portanto.

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Há lata no Espaço!

Foi preciso esperar pelo sucesso global de um remake (melhor que o original, é verdade, e ainda por exibir e editar entre nós), para que uma das mais clássicas (e campy) séries de ficção científica de 70 visse ordem de edição em DVD nos territórios que, até aqui, só haviam tido acesso, por importação, a uma primeira edição em forma de capacete cylon. Amálgama de temperos colhidos em velhas mitologias, ideias aprendidas em catequese mórmon, juntando ainda pitadas de aventura ao jeito dos velhos westerns, tendo por base a essência narrativa e visual da space opera (que valeu até uma ameaça de processo por plágio pela 20th Century Fox, na ressaca do sucesso global de A Guerra das Estrelas), Galactica viveu vida curta nos ecrãs de televisão, apenas 24 episódios produzidos entre 1978 e 79, o fim decretado pelos executivos da ABC após apenas uma época, erro reconhecido depois de constatar que o problema maior não residia na série, mas antes no seu horário de exibição.
Galactica dava conta da odisseia de um comboio de naves em fuga de um genocídio contra a espécie humana e seus 12 planetas pelos cylons, um povo mecânico retratado na série por figuras de dois metros de altura e ar de lata de conservas hi-tech, corpo feito de armadura metalizada (na verdade tratava-se de plástico espelhado), olhar vermelho e cordas vocais de puro vocoder. Em busca de uma mitológica 13ª colónia humana, a Terra, protegidos por apenas uma nave de guerra (a Galactica), sobrevivência ameaçada a cada novo sistema pela eventual presença de cylons, desenham-se variações que chegaram mesmo a gerar uma adaptação ao cinema, sob o título Batalha no Espaço, em 1978.

Quase 30 anos depois, a inocência dos efeitos especiais, a ingenuidade narrativa e um elenco onde se destacavam algumas presenças de vulto como Lorene Greene (o velho “pai” Bonanza), Fred Astaire (que aceitou o desafio porque os seus netos o queriam ver na televisão) ou Patrick McNee garantem a Galactica um estatuto vintage que, mesmo longe do engenho ficcional de O Caminho das Estrelas ou do requinte visual de Espaço 1999, garante bons momentos de arqueologia num género que, entretanto, ganhou outro aprumo e ambição.A caixa agora editada reúne em seis discos a totalidade dos 24 episódios da série (a segunda, Galactica 1980, com histórias vividas na Terra, ainda por chegar ao DVD). E junta, num sétimo DVD um conjunto de extras, entre os quais longos minutos de cenas cortadas e documentários de produção recente (com muitos dos profissionais envolvidos, do elenco à equipa técnica) sobre as memórias e feitos da série.



PS. Versão editada de texto publicado no DN



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quinta-feira, novembro 02, 2006

The Good, The Bad & The Queen

A revelação dos primeiros sons do novo projecto de Damon Albarn promete... e muito! Herculean é um dos melhores singles deste ano, uma canção elegante, plácida, de elaborado ambiente e linha melódica convidativa. E claramente distinta do que nos foi mostrando nos Blur desde inícios de 90 (o mesmo não se podendo dizer do novo single a solo do ex-Blur Graham Coxn, que é pura revisitação de momentos mais eléctricos que em tempos viveu com o grupo). O novo projecto de Damon Albarn chama-se The Good, The Bad & The Queen, e conta com músicos já com experiência nos seus currículos: Paul Simonon (Clash), Simon Tong (Verve) e Tony Allen (Gorillaz). O álbum, o primeiro grande lançamento de 2007, está agendado para 22 de Janeiro. Depois segue-se digressão de oito datas pelo Reino Unido e Irlanda. Depois logo se vê...

Podem ouvir Herculean aqui.

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Os suecos de Barcelona

Numa altura em que se praparam para extraír um terceiro single do seu álbum Let Me Introduce You To My Friends (a escolha a recair sobre Treehouse), os I'm From Barcelona em som e visão, no teledisco do single anterior. Chama-se Collection Of Stamps, e foi um dos temas que mais se escutou por estes lados no Verão.
PS. Atenção às deliciosas citações a Jacques Tati... As cadeiras com rodas...



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De Minneapolis para Las Vegas

Ai as luzes, os casinos, os hotéis... Las Vegas é coisa de outro mundo e, musicalmente, lembra-nos os piores dias de Bobby Darin ou as matinées e soirées de Celine Dion... Mas nos últimos meses não só ouvimos falar de uma (quase certa) abertura de um CBGB’s por aquelas bandas como, agora, Prince revela que abrirá um clube na cidade, assim como dará concertos no Rio Hotel, pelo qual passarão ainda artistas da sua NPG Records... Está já Prince na idade do Casino? E logo ele que mostrou no seu último álbum o melhor esforço musical desde Diamonds & Pearls (1991)? A sua casa, em Minneapolis (na qual estive uma vez para a mais luxuriante festa a que alguma vez assisti), tem ar de coisa cara no departamento da manutenção. Mas... Las Vegas?!!!

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quarta-feira, novembro 01, 2006

O aperitivo

Fim da Luta é o single de apresentação do terceiro álbum de Balla, A Grande Mentira, que deverá chegar às lojas na próxima semana. Pop elegante, produção eficaz (sem gordura a mais) e historias e ideias para partilhar. Um dos melhores discos nacionais do ano. Aqui fica o teledisco do single, em jeito de aperitivo.



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Klaxons em Janeiro

O álbum de estreia dos Klaxons sai a 29 de Janeiro. Terá por título Myhts Of Thre Near Future e produção a cargo de James Ford (Simian Mobile Disco). O single Magick, o terceiro da banda, saíu esta semana em Londres.

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