sexta-feira, julho 28, 2006

Candy, aliás Abbie Cornish

Que se passa com o cinema australiano? Sabemos que já não é o cinema dos tempos heróicos de Mad Max, que deu a Mel Gibson o estatuto de estrela planetária. Sabemos também que de lá chegam raridades da "animação" como Babe (1 e 2, já que o segundo capítulo da história do porquinho falante ainda era me-lhor que o primeiro). Este ano, por exem-plo, tivemos a estreia de um bizarro western australiano, Escolha Mortal/The Proposition, com argumento e música de Nick Cave. Mas que dizer de Candy? Talvez que corresponde a uma produção "mediana" cujo interesse (antes do mais, comercial) poderá merecer outra atenção por parte da nossa distribuição/exibição...
Candy é a história de Dan e Candy, ele viciado em heroína, ela por amor disposta a experimentar o que ele usa. Daí nasce uma narrativa dilacerada que, se é verdade que nem sempre consegue escapar a um certo determinismo dramático, não é menos verdade que se sabe manter próxima das suas personagens, respeitando a sua complexidade sem as submeter à condição de caso "sociológico". É o próprio realizador, Neil Armfield, que o sublinha, quando recorda que esta não é uma história de amor vulgar, nem uma tragédia vulgar.
Baseado no romance homónimo de Luke Davies, Candy tem, sobretudo, a seu favor um cast homogéneo, dominado por Heath Ledger e Abbie Cornish, respectivamente como Dan e Candy. Cornish, em particular, impressionante de intensidade emocional e delicadeza expressiva, parece poder vir a ser um caso muito sério no panorama internacional do cinema de língua inglesa. Encontrá-la-emos, lá mais para o final de 2006, no novo filme de Ridley Scott, A Good Year, contracenando com Russell Crowe, Marion Cotillard e Albert Finney.

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