sexta-feira, abril 14, 2006

Porky's Chainsaw Massacre

Muito se tem falado de Hostel, de Eli Roth, filme que esta semana chegou aos nossos ecrãs. Trata-se de uma tentativa de reinvenção de modelos do cinema de terror, mas que enferma de um sadismo doentio, que já lhe valeu em alguns textos o rútulo de porn gore… O filme mostra-nos cenas de umas férias de turismo sexual de dois jovens americanos e de um islandês que conhecem algures em Amsterdão. Juntos partem rumo aos arredores de Bratislava, em busca de um hotel onde, segundo lhe prometera um estranho de leste que conheceram em final de noite em Amsterdão, as mulheres são lindas e, por dinheiro, se faz tudo o que se quiser… Tudo… Ele não mentiu, já que o hotel das beldades fáceis não é mais que um pólo de recruta involuntária de pessoas que, raptadas, acabam servidas a clientes que pagam para matar. Com todos os requintes de malvadez, berbequim sobre carne, alicates sobre dedos, maçarico para queimar olhos, e o que mais as psicoses de cada um entenderem aplicar às suas vítimas… A ideia até parecia potencialmente interessante, e podia levantar reflexões sobre os limites do sadismo no bicho homem. Mas acaba por transformar o filme numa carnificina de reality show, gratuita e ensanguentada, horrores atrás de horrores, doseando gore gratuito onde alguma inteligência crítica e interventiva poderia ter feito a diferença. A primeira hora é triste e pueril caça ao corpinho perfeito. E a sequência final, um mergulho num matadouro que nem o pior pesadelo poderia imaginar, para destruir o corpinho que se paga, mas onde a realização escorrega no terror fácil pela exposição das mutilações, em vez de apostar numa investigação profunda sobre os motivos que podem levar psicopatas, engravatados, a pagar para matar o semelhante… No fundo, uma ideia com potencial para investigar demónios profundos do sadismo e da perturbação psicopata, acaba transformado num híbrido de Porky’s com Massacre no Texas. Pueril e profundamente desinteressante. Isto para não falar na ostensiva localização da história num espaço real, o que valeu, justificadamente, críticas severas do embaixador da Eslováquia nos EUA. Pueril, também aqui, assim como irresponsável, a atitude do realizador.