segunda-feira, outubro 31, 2005

David Fonseca no número um

O novo álbum de David Fonseca, Our Hearts Will Beat As One entrou directamente para o primeiro lugar da tabela nacional de vendas. O disco superou, em vendas, a outra grande entrada da semana, a de Robbie Williams, com o seu novo álbum Intensive Care. No top desta semana destacam-se ainda as presenças de Playing The Angel dos Depeche Mode no quinto lugar (era primeiro na semana passada), Vivo dos Clã em sétimo, Tudo ou Nada de Katia Guerreiro em nono, Humanos, dos Humanos, em décimo primeiro e You Could Have It So Much Better, dos Franz Ferdinand em vigésimo terceiro.

domingo, outubro 30, 2005

Discos da Semana: 31 Outubro

The Rakes "Capture/Release"
N.G.: Com a nova geração brit dividida entre três frentes (a clonagem Coldplay, a reinvenção pós-punk e a candidatura à vaga deixada pelos Libertines), cada nova banda em cena perfila-se em sua família. Os The Rakes, londrinos, conciliam contudo o requinte melodista e a carteira de referências captada na herança pós-punk (são sobretudo evidentes marcas dos Gang Of Four e Wire) com um sentido de urgência e acção directa menos polida que os Libertines tomaram como bandeira (se bem que pareçam mais influenciados pelo aprumo despenteado de uns Strokes que pelo desgoverno básico de Barat e companhia). Como extra, doseiam na sua música uma evidente pulsão rítmica aprendida em noites de música de dança, estabelecendo aí potenciais pontes com os Bloc Party. Mas são diferentes, e na definição da sua identidade conta não só esta abertura de referências sonoras como uma personalidade urbana, jovem, socialmente consciente de si, do seu espaço e gentes, e que se traduz em palavras que podemos localizar entre o cinismo witty de uns Art Brut e o mais directo tom streetwise de um Mike Skinner. O disco, além de retratar uma Londres actual e atenta e ser musicalmente fruto deste tempo de redescoberta de um rock urgente ensopado em melodias pop, é também, e acima de tudo, uma colecção de belíssimas canções.

Mafdalda Arnauth "Diário"
N.G.: Depois de três magníficos álbuns na EMI (sobretudo os dois primeiros) e de um best of (um tanto precoce, mas que se entende por fechar um ciclo editorial), Mafalda Arnauth inicia uma segunda etapa com mais um álbum que procura vincar a sua forma de estar no fado: firme na sua identidade e tradições, segura na sua postura e voz, mas sem receio de olhar além do horizonte. Mais que apenas palco de uma certa luminosidade (que parece quase redutor lugar comum quando dela se fala), o álbum abre portas a novas ousadias, de um diálogo com sopros à Argentina de Mascio, ao Brasil de Jobim, à França de Aznavour... Não é ainda um La Lhorona, mas vai a caminho...

Fiery Furnaces "Rehearsing My Choir"
N.G.: Depois do visionário Blueberry Boat de 2004 e da soberba colecção de singles pop reunida este ano em EP, esperava-se com ansiedade o que de novo nos trariam os manos Friedberger, certo que seria surpresa... e, em princípio, suculenta. Pois a primeira das premissas encontra resposta em Rehearsing My Choir, ou seja, é surpeendente, leia-se diferente. Quanto ao resto... Dedicatória à avó, o álbum é uma tentativa falhada de construção de um conceito de música falada e contadora de histórias. Estruturas minimalistas, breves afloramentos rock escola de 70, e dose familiar de texturas electrónicas todo-o-terreno, servem memórias faladas, muito faladas mesmo, que começam por cativar a atenção, mas logo se revelam monótonas, musicalmente mal resolvidas, palco para uma boa ideia mal encenada. Uma desilusão.

Stevie Wonder "A Time To Love"
N.G.: É verdade que um primeiro single até entusiasmou. Mas, afinal, era como o recente Musicology de Prince. Um bom aperitivo, para uma refeição de pacote, cansada, fraca, incapaz de reinventar cenas do passado (aquele, remoto, de 70 e início de 80, em que Stevie Wonder nos deu grandes momentos de sabor soul e funk, de Innervisions a Hotter Than July). O lado baladeiro azeiteiro fácil de que I Just Called To Say I Love You é memória, torna-se fantasma que assombra parte do disco, e dele faz pasto apenas para consolo de quem quer fazer muito esforço para celebrar no presente quem justificou a nossa admiração no passado. Se a vaga de regresso em forma de veteranos (McCartney, Rolling Stones, Brian Eno) é regra, esta é a excepção!

Nirvana "Sliver: The Best of the Box"
N.G.: Mais uma dose? Na verdade nada mais aqui temos que uma selecção dos temas (entre sobras, maquetes, versões alternativas) agrupados na caixa With The Lights Out, em formato dieta. Juntam-se mais três inéditos - Spank Thru (da maquete Fecal Matter, de 1985), Sappy (gravação de estúdio de 1990) e Come As You Are (uma maquete gravada num ensaio antes de Nevermind) - e pronto, passem para cá mais 19 euros! E o que virá a seguir? Bocejos unplugged? O melhor das mensagens de Cobain nos atendedores de chamadas de sua casa? Sesões espítrita com Madame Polly? Deixem o homem em paz... Que estas gravações eram coisa de trabalho, caseira, e não pasto vampírico para ouvidos obsessivamente fanatizados e gestores de conta (editores, viúva, ex-colegas) avidamente esfomeados...

The National "Alligator"
N.G.: Chega finalmente a Portugal um dos mais elogiados discos de rock para gente crescidinha do ano. Apesar de naturais do Ohio, os The National vêm de Nova Iorque e este disco serve para mostrar mais provas da versatilidade estilística que percorre a actual capital cultural do mundo. Alligator é um sólido e belo disco conservador, um herdeiro de escolas indie rock, entre paisagens baladeiras de requinte literário e surtos rock que parecem vindos de uma garagem, todavia bem arrumada e sem anseios de revolução. Na linha de uns American Music Club ou de uns Tindersticks menos sombrios, um bom disco rock adulto, urbano, sóbrio e com gosto pela palavra.

Yello "Solid Pleasure" + "Claro Que Si" + "You Gotta Say Yes To Another Excess" + "Stella" + "One Second " + "Flag"
N.G.: Os seis primeiros álbuns dos Yello são reeditados em CD com som remasterizado e faixas extra. A série de reedições foca o catálogo editado entre 1980 e 1988, ou seja a etapa mais visionária, ousada, sempre excêntrica e sedutora da música do duo suíço. Nestes discos regista-se a fase em que criaram algumas das mais desafiantes composições pop definidas sobre ferramentas electrónicas do seu tempo, contando por vezes com colaboradores como Billy McKenzie (dos Associates) ou... Shirley Bassey! As edições são da Universal (ainda sem confirmação de eventual distribuição nacional).

Também esta semana: Clã (DVD), Blondie (best of), We Are Scientists (ediçãop local só em Fevereiro), Tributo aos 40 anos de Rubber Soul, T-Rex (caixa), Scout Niblett, Spoon (edição local), Gris Gris, Electraleane, Lisa Gerrard (banda Sonora), Limousine, El Presidente, Thumbsucker BSO, Vashti Bunyan, Luomo, Jim White (banda sonora), Erasure (DVD), Tôt Ou Tard (Duetos a celebrar 10 anos da editora)

Brevemente
7 Novembro: Live 8 (DVD), Kate Bush, Human League (remisturas originais e raridadaes), David Bowie (antologia em 3 CD), Beastie Boys (best of), DK7, Luomo (reedição), Gang Gang Dance, Duran Duran (DVD + CD ao vivo), God Is An Astronaut, Clientele, Rogue Wave, Giles Peterson (radio sessions)

14 Novembro: Moby (DVD), Kasabian (DVD), Madonna, Abba (integral em caixa), A-ha, Framz Ferdinand (DVD), Nick Cave (banda sonora)

Novembro: Muse, Patti Smith (Horses em versão com extras), U2 (DVD), Maria Teresa de Noronha (caixa), Eurythmics (oito reedições + best of), Marianne Faithfull (DVD), Blondie (DVD), Kaiser Chiefs (DVD), Teresa Salgueiro, John Lennon (reedições), Queen (A Night At The Opera 30 anos), Pedro Abrunhosa (DVD), Fire Engines, John Zorn Electric Masada, Caribou (DVD), Rufus Wainwright (Want 1 + 2), The Mood Elevator, Sam Shinazzi Dezembro: Da Weasel (ao vivo), John Lennon (DVD), Jens Leckman, Antony And The Johnsons (single), Outkast, Pharell Williams, Kraftwerk (DVD), Pink Floyd (DVD)

Sem data: GNR (tributo com bandas hip hop e r&B), Camané (DVD), Madredeus (DVD), Amália Rodrigues (3CD antologia), John Lydon (CD + DVD)

Para 2006: X-Wife, Cindy Kat, Radiohead, The Strokes, Yeah Yeah Yeahs, Blur, Sparks, Every Move A Picture, White Rose Movement


As datas estão sujeitas a alterações. Nem todos os discos referidos têm edição nacional garantida pelas respectivas distribuidoras locais.

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Breakdance 2005

Já é possível ver na Internet (via site oficial de Madonna) o teledisco de Hung Up. Dirigido por Johan Renck — que, em 1999, dirigira o clip «japonês» de Nothing Really Matters —, Hung Up é uma espécie de celebração global que cumpre uma regra de ouro do universo formal de Madonna: sublinhar o contraste entre a universo solitário da protagonista e o apelo comunitário da sua música.
Neste caso, Madonna, vestida de rosa escuro, começa por ensaiar a sua dança num ginásio, ao mesmo tempo que vão emergindo diversos grupos (um deles de crianças) que mimam e reinventam a sua canção, integrando de forma inesperada e irónica alguns signos remotos dos tempos heróicos da breakdance. Com o evoluir do teledisco, a protagonista desdobra-se numa figura de negro que avança pela noite dentro e se vai integrando numa celebração de grupo, embora sem perder a sua duplicidade.
Na versão do teledisco (5m 32s), mais longa que a já conhecida «radio edit» (3m 25s) de Hung Up, a passagem das sequências de abertura para a apoteose final é feita por um intermezzo visual e sonoro em que o reforço dos graves vai a par de uma admirável utilização das imagens em câmara lenta. Resumindo, Madonna vem reocupar a linha da frente da actualidade mediática, num gesto de «roubo» exemplar: as marcas visuais de muito hip hop são, aqui, devolvidas à sua sensibilidade mais primitiva e, ao mesmo tempo, reaplicadas na celebração de um ritual puramente pop.

* Madonna.com

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'Village Voice' faz 50 anos

O semanário The Village Voice celebrou esta semana 50 anos de vida. Fundado em Nova Iorque em 26 de Outubro de 1955, soma 50 anos de jornalismo de investigação, análises das notícias do seu tempo e dos assuntos culturais, críticas e extensa agenda de tudo o que de importante acontece na cidade. Foi o primeiro dos tablóides orientados para as questões das artes e suas relações com a sociedade, abrindo um formato paradigmático para jornais que acabaram por ser designados como alternative weeklies. O Voice (como é carinhosamente designado em Nova Iorque), foi criado por Norman Mailer, Dan Wolf e Ed Fancher num pequeno T1 no Greenwich Village. Hoje soma 50 anos de jornalismo mundialmente reconhecido, com três Pulitzers (1981, 1986 e 2000), numa história feita de artigos e reportagens sobre política (sobretudo focando a cidade e quem nela vive), as artes, a música, a dança, o teatro, os livros, o cinema. Neste primeiro século de existência, publicou artigos de nomes como Ezra Pound, Henry Miller, e.e. cummings ou Allen Ginsberg, entre muitos outros. Entre os colunistas contou-se, nos anos 50 e 60 o famoso Jonas Meekas, que muita tinta fez correr sobre o cinema underground na sua Fifth Column. Linda Solomon também ali escreveu sobre a cena nocturna do Village na sua coluna Riffs. Todos os meses de Fevereiro o jornal tem consulta obrigatória pelos melómanos que, na edição especial Pazz & Jop, ali encontram listas Top Ten dos mais conhecidos críticos musicais norte-americanos.
Hoje o Village Voice é ainda de consulta obrigatória quando se passa pela Big Apple. De resto, é o melhor jornal da cidade. É gratuito. E indispensável leitura para saber de Nova Iorque, da sua vida, dos fenómenos culturais do nosso tempo, e apresenta algumas das melhores críticas de cinema e música do actual jornalismo norte-americano. Através do site oficial, podemos lê-lo todas as semanas, já que a edição online inclui todos os textos da edição em papel. E com o valor acrescentado de um vasto arquivo de artigos das semanas anteriores.
A edição da semana passada celebra os 50 anos de vida do jornal, republicando artigos sobre, por exemplo, manifestações de paz nos anos 60, a invasão do Central Park por hippies, o perfil de Andy Warhol ou um dos históricos textos de Jonas Meekas. O site dedica vasto espaço ao 50º aniversário, evocando textos, publicando um timeline de grandes acontecimentos e uma galeria de 50 capas históricas, entre as quais a de uma edição de Setembro de 2001, que aqui lembramos.
Site oficial

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SINGLES: Buggles, 1979

Quando os Buggles (o futuro produtor Trevor Horn e o colega Geoff Downees) se estrearam em 1979 com Video Killed The Radio Star, muitos leram na canção, não só uma manifestação da então emergente cena pop electrónica, como fruto de um desejo de futurismo, de antecipação científica que caracterizava muita da contemporânea new wave britânica. Contudo, mais que futurismo longínquo, a canção acabou por ser reconhecida pela história como um hino messiânico sobre a iminente entrada da pop na era da televisão, do teledisco. Não foi por acaso que, dois anos depois, a MTV escolheu esta canção (e seu teledisco, de Russell Mulcahy) para abrir as suas emissões. Hoje será injusto reduzir a obra dos Buggles a Video Killed The Radio Star (até porque outras igualmente interessantes encontramos no álbum The Age Of Plastic, que editaram em 1980). Mas esta é a sua grande contribuição para a história da música pop(ular). Usa novas ferramentas tecnológicas e formatos assimilados da herança kraftwerkiana, projectando as novas ideias num formato de canção clássico e de apelo imediato. Talvez por isso, mas não só, foi um dos primeiros êxitos globais da pop electrónica. No lado B do single encontramos Kid Dynamo, uma das canções que os Buggles reutilizaram, mais tarde, em The Age Of Plastic.

THE BUGGLES "Video Killed The Radio Star" Island, 1979
Lado A: Video Killed The Radio Star (Woolley/Horn/Downes)
Lado B: Kid Dynamo (Horn/Downes)
Produção: The Buggles
Posição mais alta no Reino Unido: 1
Teve edição portuguesa pela PolyGram


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Uma televisão para a música?

Estão a chegar os Prémios MTV (3 Nov., Pavilhão Atlântico) e a algazarra mediática começa a impor as suas regras: promove-se agitação e ruído, e tanto mais quanto não se tem nada para dizer. Provavelmente, o espectáculo vai ser excelente — esperemos que sim (tanto mais que, independentemente de gostos ou desgostos, o cartaz prometido é de luxo). Em todo o caso, esta é uma boa altura para colocar — e, no nosso caso, renovar — uma interrogação metódica: onde está a MTV prometida nos tempos heróicos dos anos 80 e do boom dos telediscos?
Claro que muita coisa mudou, a começar por aquilo que faz a aliança fundadora do canal: música + televisão. Mudaram as canções e os ritmos, os estilos e as experimentações (será que mudaram assim tanto?...). Mudou a televisão enquanto técnica, estética e mercado (e mudou mesmo muito). Mas, perante tudo isso, e também através disso tudo, como é que mudou a MTV? A resposta é, infelizmente, muito pouco optimista: mudou para o pior da televisão, passando a combinar uma lógica repetitiva e redundante (dominada pelas variantes mais reaccionárias daquilo a que ainda se vai dando o nome de hip hop) com os registos mais medíocres da reality TV (representando muitas vezes os adolescentes como desmioladas máquinas sexuais). Até mesmo aquilo que era um princípio básico do canal — a descoberta de nova(s) música(s) através da revelação dos respectivos telediscos — passou a ser uma envergonhada faceta de pouquíssimos tempos de programação.
Na prática, a MTV vende-se em nome da «juventude» e da «rebeldia», mas transformou-se numa paisagem de estranha preguiça criativa e banal conformismo ideológico — a não ser que consideremos que fazer televisão moderna é agitar muito as câmaras e falar em tom acelerado de «'tá bem»...
Claro que continua a haver muitos telediscos que vale a pena descobrir. Mas a ideia de uma televisão, não apenas com música, mas para a música, essa anda perdida no labirinto de um «marketing» maciço, repetitivo e sem imaginação. E a música não merece este estado de coisas.

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sábado, outubro 29, 2005

Cinemateca apresenta Cimino

Existe em DVD desde o ano 2000, mas é uma raridade nas salas: a versão original (217 minutos) de Heaven's Gate/As Portas do Céu (1980), de Michael Cimino, vai passar na Cinemateca (dia 3 de Novembro, às 21h30) — será a sessão de abertura do ciclo retrospectivo de Cimino, com a presença do próprio realizador na sala da Rua Barata Salgueiro.
Primeiro com O Caçador (1978), depois com As Portas do Céu, Cimino impôs-se como um dos nomes de referência do movimento transformador que abalou a produção americana nas décadas de 70 e 80 — na apresentação do seu ciclo, a Cinemateca chama-lhe mesmo «o último dos mavericks». Precisamente com As Portas do Céu e a sua delirante e caríssima produção, Cimino não só pôs em causa todo o património do seu estúdio (United Artists), como acabou por favorecer uma reacção normativa da indústria cujos efeitos — e restrições criativas — ainda hoje se sentem no sistema americano.
Cimino vai estar presente em mais duas sessões da Cinemateca: dia 4, às 21h30, e dia 5, às 21h30, para apresentar, respectivamente, O Caçador e O Ano do Dragão (1985). O ciclo inclui uma série de filmes escolhidos pelo próprio realizador como exemplos das suas maiores paixões cinematográficas — entre eles figuram A Bela e o Monstro (1945), de Jean Cocteau, e O Leopardo (1963), de Luchino Visconti.

* A odisseia de produção de Heaven's Gate está minuciosamente evocada no livro Final Cut, de Steven Bach (Newmarket Press, 1999, edição revista).
* Cinemateca
* Wikipedia: Michael Cimino

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Discos Voadores, 29 Outubro

Esta semana partimos da edição do álbum que reactiva os Gang Of Four para propor um percurso pelo pós-punk britânico, verificando como toda essa herança se projecta hoje em novas músicas, inglesas e não só…

Elbow “Station Approach”
Death Cab For Cutie “Soul Meets Body”
Devendra Banhart “Heard Somebody Say”
David Fonseca “Cold Heart”
Gravenhurst “The Velvet Cell”
Rogue Wave “Bird On A Wire”
Pixies “I Can’t Forget”
Animal Collective “Feels”
We Are Scientists “Nobody Moves, Nobody Gets Hurt”
Cindy Kat “Polaroide”
Depeche Mode “Suffer Well”
Goldfrapp “Number 1”
Broadcast “America’s Boy”
Elastica “Connected”
Mount Sims “9 Voltz”
The Fall “Youwanner”

Mesa “Deixa Cair O Inverno”
The New Pornographers “The Bones Of An Idol”
Ladytron “High Rise”
Gang Of Four “Natural’s Not In It (Ladytron Remodel)”
Gang Of Four “Damaged Goods”
The Rakes “22 Grand Job”
Franz Ferdinand “Walk Away”
The Jam “’A’ Bomb In Wardour Street”
XTC “Science Fiction”
Department S “Going Left Right”
Magazine “Rhythm Of Cruelty”
Gary Numan “Me I Disconnect From You”
The Monochrome Set “The Monochrome Set”
Human League “The Things That Dreams Are Made Of”
White Rose Movement “Pig Hale Jam”
Plaza “July 1st 1984”
Interpol “Length Of Love”

Discos Voadores. Sábado 18.00-20.00 / Domingo 22.00-24.00
Radar 97.8 FM


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FOTOGRAMAS: O Acossado, 1959

Jean-Paul Belmondo contempla uma foto de Humphrey Bogart exposta na fachada de um cinema de Paris — o cigarro fumegante, o gesto de desenhar os seus próprios lábios, o ollhar fixo e indecifrável faziam parte de uma mitologia que o herói da primeira longa-metragem de Jean-Luc Godard assumia como o seu próprio património mitológico. Em boa verdade, a pose de Belmondo envolvia algo de muito mais vasto e, sobretudo, mais radical: Godard e os seus companheiros da Nouvelle Vague (François Truffaut, Eric Rohmer, Claude Chabrol, Jacques Rivette, etc.) começavam a materializar nos filmes uma visão transformadora do cinema e da sua história que se tinha consolidado através de um militante trabalho crítico, em particular nas páginas dos "Cahiers du Cinéma".
À Bout de Souffle é, assim, o filme de um par romanesco — ela é Jean Seberg, revelada ao mundo por Otto Preminger em Santa Joana (1957) e Bom Dia, Tristeza (1958) — que vive uma história em que já não é possível salvar o romantismo de outros tempos. Adoptando as novas câmaras ligeiras, filmando uma tragédia íntima como se estivesse a fazer uma reportagem, concebendo a montagem como uma luta (literal) contra o tempo, Godard abria as portas e os medos de um novo continente de expressão. Se o conceito de modernidade cinematográfica começa em algum lugar nomeável, é aqui.

À BOUT DE SOUFFLE / O Acossado
França, 1959

Realização: Jean-Luc Godard
Produção: Georges de Beauregard
Argumento: J.-L G., a partir de uma história de François Truffaut
Interpretação: Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg

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'POST' DE ESCUTA: Every Move A Picture

A nova geração de bandas pop/rock de alma motivada pelo legado pós-punk começa a dar nas vistas. E 2006 vai ser deles... Depois da geração Franz Ferdinand e afins em Inglaterra, e Interpol e contemporâneos nos Estados Unidos, novos nomes entram em cena. Deste lado do Atlântico temos escutado os White Rose Movement, The Rakes, The Upper Room, Editors, The Departure (e brevemente por aqui, no Sound + Vision, passarão os Protocol). Dos Estados Unidos chegam-nos nomes como os Cloud Room, We Are Scientists, VHS Or Beta (que já têm mais um tempinho de vida, mas só agora deram nas vistas) e, entre alguns mais, os Every Move A Picture. Estes últimos são de São Francisco. A sua música mostra ecos de inspiração nuns Joy Division (e New Order), Duran Duran, The Cure, Psychedelic Furs e Depeche Mode e editaram há alguns meses o EP Signs Of Life que gerou imediato culto. O disco, em edição exclusiva em vinil, esgotou (estando ainda disponível, para downloads, no iTunes). E o entusiamo foi tal, que a V2 os chamou a si, lançando dentro de poucos dias um segundo EP, Opposition Party, e anunciando para 2006 a edição de um álbum de estreia.
No site oficial podem escutar três temas de Signs Of Life.

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Agenda de Concertos

Mais uma actualização do guia de sugestões Sound + Vision para os próximos tempos em palcos portugueses. Em diversos comprimentos de onda, muitos motivos para não ficar em casa:

OUTUBRO
John Zorn. Dia 30, Casa da Música (Porto)
Antony And The Johnsons. Dia 31, Coliseu dos Recreios (Lisboa)
The Rakes. Dia 31, Pavilhão de Portugal (Lisboa) com, Blasted Mechanism, Wray Gunn e Mesa. Noite MTV Live'N'Loud

NOVEMBRO
Jarboe Dia 1, Teatro Miguel Franco (Leiria)
The Gift + Blind Zero. Dia 1, Pavilhão de Portugal (Lisboa) com Skin. Concerto MTV 'Free Your Mind'. Entrada gratuita.
Alasdair Roberts Dia 2, Santiago Alquimista (Lisboa)
Final Fantasy. Dia 3, ZDB (Lisboa)
Seu Jorge. Dia 3, Aula Magna (Lisboa)
Mafalda Arnauth Dia 4, CCB (Lisboa)
Young Gods. Dias 4, Hard Club (VN Gaia) e 6, Aula Magna (Lisboa)
Meira Arsher + Gut Harries Dias 11, Teatro Municipa (Guarda) e 12, Casa das Artes (Famalicão)
David Fonseca. Dia 11, Auditório Olga Cadaval (Sintra)
Pink Martini Dias 11, Aula Magna (Lisboa) e 12, Santa Maria da Feira
Devendra Banhart. Dia 12, Aula Magna (Lisboa)
Pluramon + Julee Cruise. Dia 12, Casa da Música (Porto)
Michael Nyman. Dia 18, Casa da Música (Porto)
Sigur Rós. Dia 19 Coliseu do Porto, 20, Coliseu dos Recreios (Lisboa). Na primeira parte Amina.
Mercury Rev. Dia 22, CCB (Lisboa)
Coldplay. Dia 23, Pavilhão Atlântico (Lisboa). Goldfrapp na primeira parte
Xutos & Pontapés. Dias 24 a 26, Coliseu dos Recreios (Lisboa)
The Juan MacLean. Dia 24. Lux (Lisboa)
Rodrigo Leão + Ludovico Einaudi. Dias 24, Aula Magna (Lisboa), com Garoto na primeira parte; 25, Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra); 26, Teatro Sá Miranda(Viana do Castelo) e 30, Casa da Música (Porto)
Cristina Branco + Camané. Dia 26, Aula Magna (Lisboa)
King Britt. Dia 30, Lux (Lisboa)
Loosers Dia 30, ZDB (Lisboa)

DEZEMBRO
June Tabor Dias 2 Casa das Artes (Famalicão) e 3, Cine Teatro Aveirense (Aveiro)
Ludovico Enaudi. Dia 2, Sociedade de Geografia (Lisboa)
Toumani Diabaté Dia 3 Casa das Artes (Famalicão)
dEUS. Dias 4 e 5, Aula Magna (Lisboa) e dia 6 na Casa da Música (Porto)
Village People + Boney M Dia 18, Pavilhão Atlântico (Lisboa)
Yann Tiersen. Dia 20, CCB (Lisboa) e 21 na Casa das Artes (Famalicão)

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sexta-feira, outubro 28, 2005

Bauhaus no Porto em Fevereiro

Os Bauhaus deverão actuar no Coliseu do Porto a 17 de Fevereiro de 2006. A notícia é avançada pelo JN, que acrescenta que esse será o único concerto em Portugal nesta digressão da banda que ali mesmo, no Porto, encerrou a Resurrection Tour em 1998. Reunidos no final do Verão deste ano para um concerto no festival Coachella, perto de Los Angeles, 0s Bauhaus aproveitaram o momento para fazer nova digressão. Chamaram-lhe The Near The Atmsphere Tour e corre neste momento por salas norte-americanas e canadianas. A 28 de Janeiro chegam à Europa, com primeira data em Dublin no dia 28. Segundo o site oficial desta digressão, há concertos marcados até aos dias 15 e 16 de Fevereiro, reespectivamente em Barcelona e Madrid. A notícia de um concerto no Porto não está ainda oficializada no site.
Apesar de estarem a tocar apenas temas antigos, como sucedeu na Resurrection Tour (apesar de então nos terem mostrado uma versão de Severance, dos Dead Can Dance), os Bauhaus não rejeitam, desta feita, a hipótese de gravação de um novo álbum... Será boa ideia?

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Material photos

Reconhecemo-la — e julgamos conhecê-la — através de uma infindável galeria de imagens. Mas depois de todas vistas e revistas, quantas haverá ainda por descobrir?
O site oficial de Madonna decidiu tomar esta interrogação à letra e, em vésperas de lançamento do álbum Confessions on a Dance Floor (15 Nov.), abriu um novo projecto online: nada mais nada menos que a constituição de uma imensa base de imagens da «Material Girl». Já tem nome: Madonna Tagging Project. E também um objectivo preciso: "construir o maior arquivo fotográfico dedicado a um único tema: Madonna!"
Neste momento, estão reunidas apenas cerca de 1500 imagens, mas as contribuições estão abertas a todos os que quiserem enviar fotografias (de acordo com regras técnicas e temáticas que o próprio site define). Para já, podem ser vistas algumas preciosidades de princípio de carreira, como uma das imagens da chamada «série da boina preta» (fotos de Ian McKell, 1983), ou ainda vários fotogramas — um dos quais aqui reproduzido — do célebre anúncio para a Pepsi, em 1989, que integrava alguns versos de Like a Prayer (e que a própria Pepsi retiraria rapidamente de circulação, depois de ver o teledisco da canção).
O site pode ser percorrido por diversas formas de pesquisa, por exemplo por datas (anuais) ou procurando através de índices temáticos como blonde, MTV, Evita, Meisel (Steven), Ritts (Herb), Romanek (Mark), etc.
* Madonna Tagging Project

* Embora sujeito a actualizações muito irregulares (a última data de Fevereiro), vale a pena recordar que um dos melhores sites de imagens de Madonna é o Madonna Shots.

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SINGLES: David Bowie, 1982

Começamos hoje a publicar uma série de posts regulares sobre singles. Uns marcantes, outros esquecidos, mas todos eles fundamentais peças na história da música, quando a descoberta de canções se fazia a 45 rpm. Para começar, claro, um single de David Bowie com “sound” e “vision”, só para dar o mote:

Editado em 1982, Cat People (Putting Out Fire) assinalou a primeira entre as muitas importantes colaborações de David Bowie com o mundo do cinema na década de 80. Foi o realizador Paul Schrader quem, pessoalmente, convidou David Bowie a cantar e assinar a letra do tema-título para este remake do clássico do film noir de Jacques Tourneur, com Natassja Kinski e Malcolm McDowell. Giorgio Moroder, que Bowie havia conhecido quando estava a gravar The Idiot com Iggy Pop alguns anos antes, tinha já composto a banda sonora completa. Bowie juntou letra e uma interpretação fogosa, uma das suas melhores de 80. A versão incluída no single corresponde à melhor interpretação desta canção. Abre em regime tenso, melodia e ambientes instalados para acolher a voz. Rompem depois as guitarras, mas o requinte cénico, com ruídos da banda sonora, não desaparece nunca. Uma regravação menos texturalmente elaborada, mais rock’n’roll, foi depois incluída no álbum Let’s Dance (1983). O lado B do single inclui Paul’s Theme (Jogging Chase), um belíssimo instrumental de Moroder retirado da banda sonora.

DAVID BOWIE “Cat People (Putting Out Fire)” MCA, 1982
Lado A: Cat People (Putting Out Fire) (Bowie/Moroder)
Lado B: Paul’s Theme (Jogging Chase) (Moroder)
Produção: Giorgio Moroder
Posição mais alta no Reino Unido: 26. Nos EUA: 67
Não teve edição portuguesa


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Chegaram os Arctic Monkeys

Os ingleses não medem esforços quando chega a hora de procurar a next big thing na música pop. O mais recente candidato ao lugar conquistou esta semana não só a capa do semanário NME, como o primeiro lugar no top de singles (roubando-o… às Sugababes!) e ainda uma primeira polémica na imprensa musical brit, quando o vocalista desta banda de Sheffield não gostou de ver o seu grupo tratado como os Kaiser Chiefs de 2006, dizendo então raios e coriscos sobre os rapazes da que fizeram de Employmnet um dos grandes discos pop brit (não confundir com brit pop) de 2005. I Bet You Look Good On The Dance Floor é o single que assinalou o feito. Como a restante música da banda é mais uma aposta pop/rock 2005 com mira apontada ao cenário pós-punk, com evidentes ligações aos primeiros tempos dos Undertones. E com tudo para cativar os fãs órfãos dos Libertines, justificadamente desencantados com os medíocres Babyshambles. Os Arctic Monkeys são a nova aposta da Domino, a mesma editora dos Franz Ferdinand… Mas não há, ainda, competição possível entre ambos. Esperemos pelo álbum, agendado para 2006.
Site oficial

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Rufus Wainwright: dois em um

Rufus Wainwright vai editar, a 28 de Novembro, uma edição especial de Want, juntando num mesmo disco (duplo, claro) os álbuns Want (One) e Want (Two). A nova edição vai juntar dois inéditos ao alinhamento. Um deles será uma versão de Chelsea Hotel, de Leonard Cohen, em gravação ao vivo captada em Brighton. O outro é In With The Ladies, tema composto em parceria com Alex Gifford, dos Propellerheads. Esta segunda canção foi gravada durante as sessões de Want (um e dois) mas acabou excluída do alinhamento de qualquer dos dois álbuns. A junção dos dois álbuns num disco só completa a afirmação destes dois registos como um díptico agora com identidade reforçada (porque não fazem os Radiohead o mesmo com Kid A e Amnesiac?)…
Entretanto, Portugal é um entre os muitos países que continuam à espera do acesso a um EP ao vivo lançado, para venda exclusiva no iTunes canadiano, norte-americano e alemão. Alright, Already: Live In Montreal (capa na imagem deste post) foi gravado ao vivo em Dezembro do ano passado num concerto em Montreal. O alinhamento, de seis temas, inclui, Poses, This Love Affair, The Art Teacher, Rebel Prince, Crumb By Crumb e Gay Messiah.
Site oficial

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DNa, 28 de Outubro

Esta semana não há DN:música. A razão desta ausência deve-se à publicação de uma edição especial do DNa inteiramente dedicada aos 250 anos do terramoto de 1 de Novembro de 1755. O suplemento inclui visões sobre a Lisboa anterior ao terramoto, a descrição da catástrofe e vida nos dias que se lhe seguiram, uma explicação dos mecanismos geológicos que causaram o sismo, a reconstrução de Lisboa, o impacte do terramoto nas letras e nas ideias, uma visita à Lisboa reconstruída e uma história alternativa do que teria sido a cidade caso não tivesse havido sismo naquela manhã e uma selecção de livros recentemente editados sobre este acontecimento histórico… Textos de Ana Marques Gastão, Nuno Galopim, Paula Lobo, Isabel Lucas, João Céu e Silva e Sónia Morais Santos. Fotos de Augusto Brázio.
PS. Na próxima semana regressa o DN:música.

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quinta-feira, outubro 27, 2005

Cão e coelhos de plasticina

Lady Campanula Tottington é uma dama, very british, que enfrenta uma ameaça cíclica: coelhos que dão cabo do viçoso relvado da sua imponente mansão. Para resolver tão drástico problema, recorre aos serviços de Wallace, inventor genial, assistido por Gromit, cão de suprema serenidade e imbatível raciocínio. Conseguirão eles afastar os coelhos? Mas será que os vão aniquilar?...
Dizer mais seria como apresentar um romance de Agatha Christie, concluindo que... o criminoso é o mordomo. Importa, por isso, reter o essencial: os mais conhecidos bonequinhos de plasticina dos estúdios Aardman cumprem com brilhantismo o teste decisivo da passagem da curta para a longa metragem: Wallace & Gromit: A Maldição do Coelhomem, de Steve Box e Nick Park, é a confirmação exuberante de que, mesmo com algumas adendas digitais, a clássica animação de stop-motion mantém uma riqueza criativa que não cede a modernices postiças nem a ostentações meramente técnicas. Razão fundamental no sucesso do empreendimento: a existência de um sólido argumento que recupera a mais nobre dimensão humana das fábulas tradicionais. Humana? Com coelhos? Exactly so!
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'POST' DE ESCUTA: The Upper Room

The Upper Room é mais um nome a colocar na agenda de 2006. Com um single promissor editado há alguns meses (All Over This Town) e um teledisco bem apetitoso para o mais recente Combination a cativar entusiasmos, este quarteto de Brighton mostra heranças visíveis do pós-punk britânico que hoje é vasta matéria prima sob estudo por aquelas bandas, mas junta-lhes uma admiração pelos Smiths, outra por Phil Spector e uma atitude de abordagem directa à canção que lembra os Strokes. O álbum de estreia está praticamente gravado e será editado em inícios de 2006. Enquanto não chega o álbum os apetites podem ser saciados no site oficial da banda, que inclui até três ficheiros mp3 para download gratuito (um dos quais o belíssimo Combination) e três maquetes para escuta em streaming. No blogue Planeta Pop (ver link ao lado) pode ver-se o teledisco de Combination. Site oficial

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White Rose Movement: o segundo single

Meses volvidos sobre a edição de um single de estreia (em vinil!), os londrinos White Rose Movement apresentam no próximo dia 31 um segundo single (desta vez em CD). Trata-se de Alsatian, canção que revela inesperada mudança no som da banda, até aqui evidentemente entregue ao eixo Joy Division-Duran Duran, com pontual travo a Visage em CBSSD (na verdade, nada mais que um remake de Tar, o single de estreia do projecto de Steve Strange em 1979). O novo Alsatian mostra sobretudo a presença evidente da escola My Bloody Valentine, o que só contribui para nos levar a pensar que o álbum de estreia, que se espera para inícios de 2006, seja de variada gastronomia pop.
O single, a editar pela Independiente, inclui, além de Alsatian, uma remistura do tema principal pelos Phones e o inédito White Swan. O anterior Love Is A Number não teve distribuição física entre nós, estando apenas disponível no iTunes.
No site oficial podem já ver o novo teledisco de Alsatian, bem como o do anterior single.

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'POST' SCRIPTUM: Cláudio da Conceição

Um espantoso relato dos acontecimentos de 1 de Novembro de 1755 na cidade de Lisboa (e ecos do que se passou no resto do país), acompanhado de uma descrição detalhada dos dias que se seguiram ao terramoto fazem de Notícia do Terramoto, de Cláudio da Conceição, uma das mais interessantes edições livreiras nestes tempos em que se evocam os 250 anos sobre aquele que é ainda o mais violento dos sismos alguma vez registados na Europa. Cronista-mor no reino nos dias de D. Miguel, espírito conservador, frei Cláudio da Conceição colheu dados e relatos então a 70 anos de distância, uma das mais completas descrições do sismo, seus efeitos nas gentes e na cidade. E, ao pormenor, conta depois como reagiu uma Lisboa desmoronada, apontando um a um os decretos emitidos pelo rei e patriarcado com vista às primeiras manobras de intervenção, do enterro dos mortos e primeiros serviços religiosos à providência de alimento e abrigo aos necessitados, de leis restritivas (nas rendas, nas plantações, nas exportações) a respostas duras contra ociosos e ladrões. Em 105 páginas, um olhar antigo, que não esquece ainda o impacte da tragédia além-fronteiras, todavia filtrando teses para si incómodas de espíritos como Voltaire ou Kant.
“Notícia do Terramoto”, Cláudio da Conceição (Frenesi)

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Heaven 17 regressam aos discos

Os Heaven 17, nascidos de uma cisão dos Human League depois de editado o fulcral (mas ignorado) Travelogue, em 1980, gravaram mais um álbum de originais. O primeiro desde Bigger Than América (de 1997), o segundo desde o já mais remoto Teddy Bear, Duke & Psycho, de 1990… Na verdade o novo Before + After será o sétimo álbum de originais numa carreira que será eternamente marcada pelo genial Penthouse And Pavement, disco de 1981 onde se cruzavam léxicos pop electrónicos com temperos white funk. Before + After está gravado há já algum tempo e há muito esperava data de edição. As gravações terminaram, curiosamente, a 11 de Setembro de 2001, daí o título que agora serve o disco. O álbum será editado entre nós em inícios de Dezembro pela Ananana, naquela que será a estreia mundial do disco em formato físico (uma vez que está já disponível para venda por download via iTunes). No resto da Europa, Inglaterra inclusive, o álbum só será editado em 2006.
Antes da edição do disco, os Heaven 17 actuam ao vivo no Scala, em Londres, a 29 de Novembro. No site oficial pode já fazer-se escuta em streaming das canções.

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quarta-feira, outubro 26, 2005

Cronenberg: estreia, não estreia...

Tudo indica que um dos grandes filmes de 2005 — A History of Violence, de David Cronenberg — vai ser, entre nós, um dos grandes filmes de... 2006. Isto porque, depois de sucessivos anúncios de datas mais ou menos próximas, esse fabuloso exercício sobre o imaginário da violência made in USA passou para o próximo ano, em «data a confirmar».
Entendamo-nos: distribuidores e exibidores saberão, melhor que ninguém, como gerir as salas e as respectivas programações. Em todo o caso, algo se está a passar quando alterações deste género passaram a ser um acontecimento quase quotidiano. Como bem sabem os que trabalham nos meios de comunicação, já aconteceu até, no mesmo dia, uma distribuidora anunciar e desmentir a data de uma estreia...
E não façamos confusão: distribuidores e exibidores não têm de «prestar contas» à comunicação social. Apenas se estranha que a simples gestão de algo que é da sua exclusiva responsabilidade — onde e quando estrear os filmes — tenha entrado num processo de roda livre em que já poucos de nós conseguimos acreditar na simples justeza factual das informações divulgadas.
E, sobretudo, não baralhemos as coisas: deste modo, o mercado revela uma relação, no mínimo, disciplicente com as expectativas dos respectivos públicos. Isto porque, salvo melhor opinião, se programam filmes sabendo jogar com as expectativas dos espectadores e fazendo-os sentir que podem confiar na qualidade da própria oferta (a começar pelo seu simples calendário...).
No limite mais bizarro de tudo isto, parece haver cada vez mais entidades que investem quase todos os seus esforços nos grandes lançamentos, com chancela de blockbuster. Infelizmente, um mercado vive da diversidade e será sempre uma ilusão pensar que a sua dinâmica pode dispensar «coisas» como A History of Violence, que de blockbuster nada têm... Trata-se apenas de um filme excepcional, isto é, que não cumpre a «regra», seja ela qual for. Será isso razão para o penalizar?
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Depeche Mode destronam D'ZRT

Os Depeche Mode destronaram os D’ZRT e Playing The Angel é o novo número um do top nacional. Qualquer um a assinalar o feito seria digno de aplausos, mas sendo os Depeche Mode, a coisa ganha sabor especial. E reconforta quem pensava que, entre nós, a música com capacidade de cativar o mercado estava definitivamente arrumada no departamento novelas e afins... Esta é a primeira vez que os Depeche Mode ocupam o primeiro lugar do top português. Desde que há registos oficiais, a AFP registou, como melhores classificações para os Depeche Mode um quarto lugar com Ultra (1997), um quinto com Violator (1990), um sexto com Songs Of Faith And Devotion (1993), um décimo com The Singles 86-98 (1998) e um décimo primeiro com Exciter (2001). Além de Portugal, o novo álbum dos Depeche Mode, que somou um milhão de vendas na semana de edição, entrou também para o primeiro lugar na Alemanha, França, Itália, Polónia, Suíça, Noruega, Áustria, Dinamarca e Chile.
No top nacional desta semana encontramos ainda os Clã (5º lugar), Katia Guerreiro (8º), Humanos (10º), Mariza (14º), Franz Ferdinand (23º) e Sigur Rós (29º). Já esteve pior…

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Craig Armstrong em antologia

O compositor britânico Craig Armstrong vai editar brevemente entre nós uma antologia que recolhe uma série de temas que, nestes 15 anos de actividade, criou para o cinema. Film Wrks 1990-2005 inclui excertos das bandas sonoras de filmes como Romeo + Juliet e Moulin Rouge, ambos de Baz Luhrman, The Quiet American e The Bone Collector, ambos de Phlip Noyce, The Negotiator de F Gary Gray, Ray de Taylor Hackford, Plunkett & Macleane de Jake Scott ou o anúncio da Channel Nº 5, com Nicole Kidman, rodado no ano passado por Baz Luhrman. Craig Armstrong, compositor de formação clássica, nasceu publicamente através de colaborações com os Massive Attack, para quem fez arranjos de cordas. Em disco, estreou-se em nome próprio com o magnífico álbum Space Between Us, de 1998, editado pela Melankolic, etiqueta associada à Virgin Records, coordenada pelos Massive Attack.
Site oficial de Craig Armstrong

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Um guia para o iPod e iTunes

A PC Guia editou uma edição especial inteiramente dedicada ao iPod e iTunes. 130 páginas com um guia essencial para iniciados, respondendo a questões básicas, da apresentação dos vários modelos de iPod (mas ainda sem o nano!) instalação do iTunes e iPod, explicação sobre como comprar música online (no iTunes, já se vê…), conselhos como usar e explorar a music library do programa, sincronizar o iPod ou usar os próprios comandos do leitor de música portátil. Um capítulo adicional ensina a tirar maior partido do iPod, da edição de música sobre as canções ao equalizador, criação de playlists, combinações smart playlist e outros. A fechar, ensinam-se técnicas para explorar mais ainda as potencialidades extra-musicais do iPod, da audição de audiobooks à criação de uma agenda pessoal, transferência de informação do Windows ou procura de dados. Não faltam conselhos sobre personalização e manutenção do iPod e informação detalhada sobre as características avançadas do iTunes (rádio, gravação de CDs, utilização das capas dos discos, interacção com a loja online).
Esta publicação, em formato de livro, é acompanhada por um CD com 52 utilitários para o iPod e iTunes, três audiobooks (em inglês), 42 jogos e o iStory Creator.

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Radar no fim-de-semana

Este fim-de-semana na Radar

Fala Com Ela. Sónia Tavares, vocalista dos The Gift é a convidada desta semana. A poucos dias dos MTV Awards, para os quais o grupo está nomeado, palavras na primeira pessoa e os discos que a voz dos The Gift escuta em casa.
Sábado 12.00 / Domingo 19.00

Álbum de Famíla. O clássico Pet Sounds, obra-prima dos Beach Boys em 1966, um disco que abriu horizontes a novos domínios na composição e, sobretudo, nos conceitos de arranjo e produção.
Domingo 12.00

Discos Voadores. Partimos do álbum que assinala o regresso dos Gang Of Four para um percurso por memória do pós-punk britânico, verificando como algumas pistas de há 30 anos de projectam na música que hoje se faz. Ou, como partir dos XTC, The Jam, Magazine, Monochrome Set ou Tubeway Army e chegar a The Rakes, Franz Ferdinand ou White Rose Movement. Entre as novidades, escutam-se os Elbow, Rogue Wave, Animal Collective, David Fonseca e We Are Scientists, entre outros.
Sábado 18.00 / Domingo 22.00

Radar 97.8 FM

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segunda-feira, outubro 24, 2005

Uma noiva para o Natal

O novo filme de Tim Burton, A Noiva Cadáver (The Corpse Bride, no original) tem estreia entre nós no dia 22 de Dezembro. Trata-se de mais uma incursão de Burton pelos domínios da animação, num registo próximo ao de O Estranho Mundo de Jack (1993). O filme tem uma forte componente musical, cabendo uma vez mais a Danny Elfman a escrita, composição e interpretação das canções. As restantes vozes são de nomes como os de Johnny Deep, Helena Bonham Carter, Emily Watson, Tracey Ullman, Joanna Lumley, Christopher Lee ou o próprio Danny Elfman. A banda sonora, já editada nos EUA e Reino Unido, não tem edição prevista entre nós.
O filme conta a história de um rapaz e uma rapariga a quem os pais arranjaram casamento de interesse. Porém, em noite de ansiedade nos bosques, quando murmurava os votos de casamento, tentando decorá-los, o noivo coloca a aliança no que pensa ser um galho... Na verdade, é o dedo ressequido de uma noiva que havia morrido de desespero à espera de um outro noivo que nunca chegara e que, agora, se diz mulher do jovem assustado. Juntos mudam-se para a terra dos mortos... E por agora não contamos mais...
Dois trailers e excertos da banda sonora podem ser já consultados no site oficial.

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"The Nomi Song" editado em DVD

“Quem é Klaus Nomi? Um discreto mas brilhante génio ou uma farsa total? A oitava maravilha do mundo ou um erro trágico na linha de montagem da vida?” Palavras de dúvida, publicadas em 1980 na imprensa nova-iorquina. Questões a esclarecer, agora, em The Nomi Song, documentário de Andrew Horn acabado de editar em DVD no Reino Unido (sem projecto algum de edição portuguesa).
Cara pintada de branco, casaco estilizado ao jeito de um Dr. Caligari, cantando ora versões de Dietrich, ora árias de Purcell ou Saint Saëns, ora devaneios electro pop ora cantos de desespero teatral, cruzando a urgência pop da emergente new wave com canto lírico, foi um “ovni” na cena musical nova iorquina de finais de 70 e inícios de 80. Em 1981, o álbum de estreia Klaus Nomi horrorizou puristas, mas arrebatou espíritos ávidos de novidade. No ano seguinte, um segundo álbum, Simple Man, vincava a sua aproximação à pop. Mas por essa altura eram já visíveis os traços de debilidade que a sida decretara sobre o seu corpo. A doença, de que se começava a falar, levou-o em 1983.
The Nomi Song é um extraordinário exercício de cinema documental, e faz-nos (re)descobrir Klaus Nomi. Canções, surpreendentes imagens de arquivo e uma interessante colecção de depoimentos evocam uma vida que conheceu escape pela construção de uma personagem feita de música e puro exagero teatral. Começamos por tactear talento e sonho no East Village e acabamos em terreno profissional, discos editados, páginas nas revistas, fotos pelo mundo. Nomi tornou-se mais real que Klaus Sperber (o seu nome real), e acabou afogado na persona que criou. O DVD junta ao excelente filme uma série de extras, entre os quais cenas retiradas, entrevistas não usadas, imagens de actuações ao vivo entre 1979 e 82, comentário áudio do realizador, remisturas de cinco temas de Klaus Nomi e... a famosa receita de tarte de lima que Klaus fazia em casa e vendia para ganhar trocos adicionais.
Mais informação no Site oficial

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"A Guerra dos Mundos" em DVD

Chega ao mercado a 16 de Novembro a edição em DVD do filme A Guera dos Mundos, adaptação ao cinema por Steven Spielberg do histórico romance de ficção científica de H.G. Wells. O filme projecta a acção imaginada pelo escritor inglês há mais de cem anos num cenário mundano da América suburbana de hoje. E cruza a devastadora invasão da Terra por tripods alienígenas com cenas de uma família disfuncional (referência basilar em toda a obra de Spielberg) protagonizada por Tom Cruise, Dakota Fanning, Miranda Otto e Justin Chatwin. Além do filme, esta edição em DVD inclui um segundo disco cheio de extras, entre os quais documentários sobre a produção, a vida e obra de H.G. Wells, a presença de Gene Barry e Ann Robinson (actores na adaptção ao cinema de 1953) nesta versão de Spielberg ou um olhar sobre a pré-produção do filme, quando o realizador desenha as sequências de acção em computador através de processos de pré-visualização. Não falta um debate entre Spielberg e Tom Cruise sobre as principais características emocionais do filme, diários de produção, elementos sobre a criação dos tripods e extra-terrestres, a banda sonora e uma galeria de imagens.

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A televisão em debate no São Luiz

Amanhã, quarta-feira (26 de Outubro), pelas 18h30, o ciclo de debates «É a Cultura, Estúpido!» volta ao Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz, agora num novo formato. As sessões passam a ser temáticas, com um painel de convidados e a animação da conversa garantida por dois apresentadores rotativos. A Televisão, Tal Como a Conhecemos, Acabou é o tema inaugural desta terceira temporada. Na mesa estarão Nuno Artur Silva e Daniel Oliveira e os convidados Emídio Rangel, Manuel Falcão e João Lopes.

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Discos da semana: 24 Outubro

David Fonseca “Our Hearts Will Beat As One”
N.G.: A abertura, ao som de Who Are U?, agrada, mas engana. Parece estarmos em terreno de evidente continuidade. Uma balada bem desenhada, nocturna, dramatizada pela voz, dispensando a estrutura convencional da canção, mas remetendo-nos directamente para a herança dos Silence 4 e da estreia a solo de há dois anos, mesmo que sob regime mais exigente. A segunda canção não contraria a tendência. Mas é à terceira faixa que compreendemos que as duas primeiras não foram mais que o encerrar de um ciclo. Cold Heart é filigrana minimalista feita canção pop. E, pela sua frente, seguem-se alguns outros magníficos surtos de intensidade e fibra. Ainda parecendo tactear com cautela a definição do novo espaço, entre o dosear das baladas e o desejo em libertar energias, o álbum projecta uma nova dinâmica na música de David Fonseca, solta eventuais espartilhos e, sem romper com o seu passado, caminha em frente. É um disco de belíssimas canções, suportado por uma voz segura, arranjos que não afogam, e dominado pelo prazer da descoberta de um mundo novo. E, pela primeira vez, com um alinhamento contido no tempo: 11 canções! É o suficiente, convenhamos… A fechar, uma canção em português, na qual a novidade não é, necessariamente a língua (afinal, David Fonseca já o faz desde a estreia dos Silence 4 em 1998). A estrutura da canção é desafiante, e a adopção de discretas teclas, cruzadas com uma sugestão sinfonista e de uma estrutura rítmica mais intensa, progressiva, alimenta mais ainda o sabor a ousadia que, discreta, mas solidamente, faz deste disco o momento de afirmação do que o músico agora procura, como se fosse o primeiro dia do resto da sua vida… O melhor disco pop nascido entre nós este ano.

Gang Of Four “Return The Gift”
N.G.: Numa altura em que são evidentes fornecedores de matéria prima para a inspiração de tantas novas bandas britânicas, dos The Rakes aos Futureheads, ei-los que regressam. Para já, os Gang Of Four regravam alguns temas de uma obra marcante no cenário pós-punk britânico, algumas das quais colhidas na memória fundamental do seu álbum-chave, Entertainment! Um segundo CD oferece remisturas destas gravações por mãos amigas. E aqui, ao aceitar amigos (e estranhos) a bordo, não se pode sonhar com o impossível, balouçando este segundo CD entre as grandes ideias cedidas pelas intrervenções de uns Ladytron, Yeah Yeah Yeahs, Tony Kanal ou The Rakes, e as inconsequentes operações plásticas de uns Dandy Warhols (que andam mesmo desinspirados), The Others ou Amusement Parks On Fire. Mas vale pela descoberta de um nome fundamental de finais de 70, que a produção recente mostrou ter herança para dar e render.

Soulwax “Nite Versions”
N.G.: O interessante Any Second Now, do ano passado, representou uma importante contribuição para a contaminação do espaço da música feita para dançar por heranças rock’n’roll, afinal nada mais que aplicar à prática ideias cruzadas em discos pelos cabecilhas do projecto quando respondem à chamada como DJs, ou melhor 2 Many DJ’s. Agora, esses híbridos são revistos com clara tendência mais electrónica que eléctrica. Apenas interessante, ou seja, menos visionário que as formas originais, bem mais musculadas e capazes de convidar as pernas a mexer… Ou, por outras palavras, como reduzir a apenas uma dimensão uma ideia originalmente pensada em dois sentidos.

Louis XIV “The Best Little Things Are Kept”
N.G.: Nos anos 70, quando Ziggy era rei e Bolan a estrela, os americanos não digeriram bem o tempero camp do fenómeno glam rock e, não fosse a abordagem de cunho bem pessoal dos New York Dolls (mais em rota pré-punk que pop, mesmo assim), a coisa tinha sido completamente ignorada do lado de lá do Atlântico. Agora, mais de 30 anos depois, um tal Louix XIV (o nome não engana) apresenta um álbum de revisionismo glam que procura identidade entre a convocação do melodismo eléctrico de uns T-Rex e Bowie com escolas indie americanas de 90, e pontual surto de paixão beatlesca… Diferente, mas apenas… curioso.

Robbie Williams “Intensive Care”
N.G.: Depois de umas férias para repousar da globalização quase total da sua carreira (quase, já que os americanos não parecem querer ligar-lhe qualquer atenção), Robbie Williams encontrou novo parceiro em Stepyhen Duffy (Duran Duran, Lilac Time) e propõe um álbum que em nada parece mostrar as qualidades de compositor do seu novo parceiro. Mais dado a devaneios Dylanescos que ao apelo pop dos Duran Duran onde militou entre 1978 e 79 (antes da era Le Bon), Duffy parece aqui fora do seu lugar. E Robbie Williams também. Lá está o refrãozito fácil, a progressão orelhuda, e a eventual canção para se fazer à rádio. Mas, mesmo ensopado em truques de apelo maisntream, nem este é o álbum pop sólido que o cantor já deveria ter gravado a bem da evolução e maturação da sua carreira (seguindo o modelo George Michael em Listen Without Prejudice), nem o disco de grandes canções que seria de esperar de Stephen Duffy. Dispensável.

Murcof “Remembranza”
N.G.: Depois do excelente Martes e de um interessante conjunto de remisturas, o projecto do mexicano Fernando Corona fecha-se no template por si criado e acaba numa crise de claustrofobia com final infeliz. Despido do sentido paisagista que ecoava em Martes e dos cruzamentos entre géneros (sobretudo entre escolas electrónicas e música contemporânea) e jogos de colagens que então nos revelou, parece desta feita não querer mais que estudar texturas e mais texturas, na boa escola Brian Eno instrumental de finais de 90. Ou seja, chatinho…

Também esta semana: Safety Scissors, Múm (reedição), Dirty Three, Deep Purple, Soulwax (remisturas), Her Space Holiday, Phil Manzanera, Bruce Springsteen (DVD), Prodigy (best of), Anja Garbarék, New Order (dois DVDs, um de telediscos, outro com um documentário), George Harrison (reedição de Concert For Bangladesh), Coloma, Pixies (DVD), Flaming Lips (DVD)

Brevemente:
31 Outubro: Clã (DVD), Blondie (best of), We Are Scientists, Tributo aos 40 anos de Rubber Soul, T-Rex (caixa), Mafalda Arnauth, The National (edição local), Scout Niblett, Spoon (edição local), Gris Gris, Electraleane, Lisa Gerrard (banda Sonora), Limousine, El Presidente, Thumbsucker BSO, Vashti Bunyan, Luomo, The Rakes (edição local), Jim White, Nirvana (antologia), Stevie Wonder, Yello (reedições), John Lydon (antologia), Fierey Furnaces, Stevie Wonder, Erasure (DVD),
7 Novembro: Live 8 (DVD), Kate Bush, Human League (remisturas originais e raridadaes), David Bowie (antologia em 3 CD), Beastie Boys (best of), DK7, Luomo (reedição), Gang Gang Dance

Novembro: Moby (DVD), Kasabian (DVD), Madonna, Abba (integral em caixa), A-ha, Muse, Patti Smith (Horses em versão com extras), U2 (DVD), Maria Teresa de Noronha (caixa), Eurythmics (oito reedições + best of), Duran Duran (DVD + CD ao vivo), Marianne Faithfull (DVD), Blondie (DVD), Kaiser Chiefs (DVD), Teresa Salgueiro, Franz Ferdinand (DVD), John Lennon (reedições), Queen (A Night At The Opera 30 anos), Pedro Abrunhosa (DVD), Fire Engines, John Zorn Electric Masada, Caribou (DVD) Dezembro: Da Weasel (ao vivo), John Lennon (DVD), Jens Leckman, Antony And The Johnsons (single), Outkast, Pharell Williams, Amália Rodrigues (3CD antologia), Kraftwerk (DVD), Pink Floyd (DVD)

Sem data: GNR (tributo com bandas hip hop e r&B), Camané (DVD), Madredeus (DVD)

Para 2006: X-Wife, Cindy Kat, Radiohead, The Strokes, Yeah Yeah Yeahs, Blur

As datas estão sujeitas a alterações. Nem todos os discos referidos têm edição nacional garantida pelas respectivas distribuidoras locais.

domingo, outubro 23, 2005

John Peel em livro

Está já publicada a autobiografia em que John Peel estava a trabalhar e que, pela sua inesperada morte, há cerca de um ano, no Perú, implicou trabalho adicional da sua viúva, Sheila Ravenscroft, que terminou o texto. O livro, Margrave Of The Marshes, que não terá certamente tradução para português, é uma colecção de memórias, desde os dias de escola à descoberta da rádio, primeiro em estações pirata, depois na BBC Radio 1, onde Peel se afirmou como um dos mais marcantes visionários, abrindo terreno a inúmeras carreiras que apadrinhou e lançou. Afinal, não essa uma das funções do profissional nesta área? Como poucos, manteve-se atento às sucessivas vagas de novidade, determinante nas descobertas do psicadelismo, glam rock, punk, new wave, som indie de 90, manifestações de redescoberta do punk em 90 e emergência das novas electrónicas. Só não se deu muito bem com metais e hipe hópes… O livro junta as histórias de paixão pela música pop com as de vida privada, estas últimas palco de um recente programa que tinha na Radio 4 da BBC, Home Truths, onde falava do seu dia a dia familiar em Peel Acres, a sua residência no campo (onde os Blur gravaram um EP ao vivo em meads de 90).
Ao mesmo tempo que é editado este livro, biografia de um dos mais determinantes radialistas da história da música pop, chega também ao mercado o álbum de tributo a John Peel que inclui, entre outras, gravações dos T-Rex, Pink Floyd, David Bowie, Jimi Hendrix, The Doors, Tim Buckley, Joy Division, The Fall, New Order, The Clash, Undertones, Blur, Pulp, Bell & Sebastian e muitos mais.

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Sound + Vision "live": Depeche Mode

Casa cheia para mais uma noite Sound + Vision “ao vivo”, desta feita na Fnac Chiado. Os Depeche Mode e a recente edição de Playing The Angel foram o ponto de partida. Mas a viagem seguiu por memórias, feitas de “sound” e “vision”, procurando primeiro mostrar como, depois de uma etapa de evolução e demarcação de uma linguagem musical, ainda não havia, em 1985, um conceito de imagem capaz de suportar a projecção mais vasta de uma carreira que nessa altura somava já quatro álbuns de originais, um best of bem sucedido e uma mão cheia de singles de sucesso em alguns países europeus. A entrada em cena de Anton Corbijn e, pouco depois, a rodagem de 101 por D.A. Pennebaker trouxe finalmente uma face ao som. Entre 1986 e 1993, os Depeche Mode editaram os melhores discos da sua carreira e a música chegou… às massas. Além deste diálogo entre evolução do som e da imagem falou-se ainda de 101 como primeira manifestação do fenómeno reality TV, da inexplicável quase inexistente relação dos Depeche Mode com o cinema e da música do grupo como mais que apenas uma manifestação de pop electrónica. Aqui está a lista de telediscos (e excertos de filmes) que se escutaram e viram:

“Precious” Uwe Flade, 2005
“Just Can’t Get Enough” Clive Richardson, 1981
“Everything Counts” Clive Richardson, 1983
“Behind The Wheel” Anton Corbijn, 1987
“Personal Jesus” Anton Corbijn, 1989
“Walking In My Shoes”, Anton Corbijn, 1993
“Home”, Steven Green, 1997
“Route 66” Excerto do filme 101, de D.A. Pennebaker, 1988
“But Not Tonight” Tamra Down, 1986 (com excertos do filme Modern Girls, de Jerry Kramer)
“One Caress”, Kevin Kerslake, 1993

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Ainda e sempre... os Abba!

O clássico Waterloo, dos Abba, com o qual os quatro suecos venceram o Festival da Eurovisão em 1974 e projectaram internacionalmente uma das mais bem sucedidas carreiras da história da música popular, ganhou a votação efectuada durante a gala que comemorou, na noite de sábado, os 50 anos do certame. É, portanto, oficialmente, a “melhor canção” da história desta manifestação da música popular europeia que, depois de arranque discreto em meados de 50 foi determinante na definição de um gosto transversal europeu pop(ular) em 60 e 70, ainda marcante em 80, ganhando progressivo lugar de indiferença em 90, e acabando remetida hoje para fenómeno de demarcação de identidade a Leste. Os Abba venceram uma votação baseada em 14 canções escolhidas entre as quase mil que o festival apresentou desde 1955. Em segundo lugar ficou o histórico Volare (Nel Blu Dipinto Di Blu) de Domenico Modugno (sgundo lugar para a a Itália em 1958) e em terceiro, o menos imponente Hold Me Now de Johhny Logan (a terceira vitória irlandesa, em 1987).
Os Abba conheceram neste certame a porta para uma carreira planetária. Já tinham tentado em 1973, mas haviam acabado em segundo lugar na final sueca. Em 1974, mascarados a rigor napoleónico, venceram o festival com… 24 pontos. A Itália, segunda classificada, com Gigliola Cinqueti, que tinha vencido dez anos antes com Non Ho L’Eta, acabou com 18 pontos. Portugal terminou em 14º (e último lugar) com E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, que somou magros três pontos. Convém aqui recordar que o sistema de votação era diferente, cada país tendo então dez pontos para distribuir, como entendesse, pelas demais canções. Podia dar todos os pontos a uma só canção. Ou cinco a uma, dois a outra e um a mais três. Ou quatro a uma e dois a duas ou um a mais duas. Ou correr dez a um ponto cada. Como mandasse a votação relativa de cada júri nacional… Um sistema polémico, que originou uma vitória ex-aequo em 1969 (Espanha, Reino Unido, França e Holanda), o ano da Desfolhada de Simone de Oliveira, e protesto português e escandinavo no ano seguinte. Pois é verdade, Portugal tomou posição de força e ficou de fora, voluntariamente, em 1970, ano em que teria sido representado por Sérgio Borges (ex-Conjunto Académioco João Paulo) com Onde Vais Rio Que Eu Canto. O sistema mudou definitivamente em 1976, para o actual doseamento de pontos em notas de 12, 10, 8, 7, e por aí a diante… Ou seja, aquela nostalgia que todos recordamos do “la norvege… douze points…. Norway… twelve points…” não tem os mesmos 50 anos que agora celebra o Festival…
No site Eurovision TV há reportagem alargada sobre a gala, fotos, e arquivos em PDF com as votações totais. E uma bela galeria de vídeos antigos.
PS. O tradicional mau gosto lusitano deu, na votação por televoto de sábado, pontuação máxima à pior das canções a concurso, o terrível Hold Me Now de Johnny Logan. Segundo lugar aos Brotherhood Of Man, com Save Your Kisses For Me (Reino Unido, 1976) e terceiro aos Abba.

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sábado, outubro 22, 2005

Discos Voadores, 22 Outubro

Esta semana os Discos Voadores propõem um destaque alargado, na segunda hora, à já longa carreira de David Sylvian, com referências que passam pelos Japan (de Adolescent Sex de 1977 e Visions Of China de 1981), Rain Tree Crow (Blackwater, de 1991) ou Nine Horses (Darkest Birds, de 2005), em registo a solo (Orpheus, de 1987) ou em colaborações com Ryuichi Sakamoto (Forbidden Colors, de 1982), Robert Fripp (Jean The Birdman, de 1993) ou Tweaker (Linoleum, de 2001). Aqui fica o alinhamento completo, com e sem Sylvian:

We Are Sientists “Nobody Move, Nobody Get Hurt”
Cindy Kat “Polaroides”
Depeche Mode “John The Revelator”
Soulwax “Compute (remix)”
DK7 “Where’s The Fun”
Young Gods “Skinflowers”
Ladytron “Weekend”
Robocop Kraus “You Don’t Need A Doctor”
Mobius Band “Twilight”
Gravenhurst “The Velvet Cell”
Why? “Fall Saddles”
David Fonseca “Cold Heart”
Cloud Room “Hey Now Now”
Franz Ferdinand “Walk Away”
The Fall “Heads Will Roll”

Animal Collective “Turn Into Something”
Granddaddy “At My Post”
Clã “Eu Ninguém”
Nine Horses “Darkest Birds”
Japan “Adolescent Sex”
Japan “Visions Of China”
David Sylvian + Ryuichi Sakamoto “Forbidden Colors”
David Sylvian “Orpheus”
Rain Tree Crow “Blackwater”
David Sylvian + Robert Fripp “Jean The Birdman”
Tweaker “Linoleum”
Old Jerusalem “180 Days”
Sigur Rós “Hoppipola”

Discos Voadores. Sábado 18.00-200 / Domingo 22.00-24.00
Radar 97.8 FM

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The Rakes ao vivo em Lisboa

Os The Rakes, parentes próximos do som de uns Bloc Party (e que agora vêm finalmente editado entre nós o seu bem interessante álbum de estreia Capture/Release), são um dos nomes confirmados para a Indie Night da série de concertos Live’N’Loud com que a MTV chamará a atenção dos lisboetas para a edição 2005 dos MTV European Awards (que o Pavilhão Atlântico acolhe a 3 de Novembro, bilhetes já esgotados). A Indie Night terá lugar a 31 de Outubro sob a pala do Pavilhão de Portugal no Parque das Nações e contará, além dos The Rakes, com actuações dos Blasted Mechanism, Wray Gunn e Mesa.
Antes da Indie Night haverá, no mesmo local, mais duas sessões Live’N’Loud, uma dedicada à world music no dia 28 (com, entre outros, Gentlemen e Terrakota) e ao som urban no dia 29 (com, entre outros, Miss Dinamyte, Expensive Soul e Sam The Kid). A 1 de Novembro, ainda a anteceder a noite da cerimónia MTV, o Free Your Mind Concert levará, também a este local, concertos dos The Gift, Blind Zero e de Skin. Ao contrário dos Live’N’Loud, com bilhetes a dez euros por noite (e pacote de 25 euros para as três), o Free Your Mind Concert é de entrada gratuita.
Entretanto, na edição de hoje do DN, é publicado um artigo sobre a produção dos MTV Awards em Lisboa, ficando certo que a capital portuguesa ali mais não manda que na marcação de quartos, refeições, transportes locais e, claro, na cedência do Pavilhão Atlântico. Contratos, segurança, marcações, viagens, eventuais acções promocionais, decisões, agendas… tudo vem feito de fora e já bem embalado. Só para português ver, portanto.

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RETRO: Echo & The Bunnymen, 1984

Apesar de ainda activos (há poucas semanas editaram o álbum Siberia), os Echo & The Bunnymen ficarão todavia registados na história pop como uma das mais bem sucedidas (artística e comercialmente) entre as bandas nascidas do pós-punk britânico. Na sua génese está uma força mítica da herança punk de Liverpool, os Crucial Three onde, além de Ian McCulloch (mais tarde o vocalista dos Echo & The Bunnymen) militavam ainda Julian Cope (que partiu para formar os Teardrop Explodes) e Pete Wylie (logo depois nos Wah!). Da separação dos Crucial Three nasceram três bandas que muito contribuíram para a criação de um novo foco de agitação em Liverpool, os Echo & The Bunnymen resultando da reunião de McCulloch com o guitarrista Will Sergeant e, mais tarde, o baixista Les Pattison. Depois de um single de estreia gravado com a ajuda de uma caixa de ritmos, aceitaram o baterista Pete De Freitas na banda e encontraram a formação que caracterizaria a etapa mais criativa da vida do grupo, entre 1980 e 85, na qual se cristalizou um raro casamento entre a herança viva do pós-punk britânico e encantos pelo melodismo e texturas do psicadelismo de finais de 60 (sobretudo convocando aqui os Doors à carteira de memórias).
Depois de uma bela estreia em Crocodiles (1980) e de sinais de confirmação de visão e ambição no mais duro Heaven Up Here (1981) e de feliz nova aferição de um rumo mais desafiante em Porcupine (1983) apresentam em 1984 o álbum pelo qual sempre serão recordados. Ocean Rain (que a publicidade em 1984 apresentava, com algum exagero, mas bom gosto, como “the greatest album ever made”), parte das experiências de construção de uma pop mais sofisticada de Porcupine e avança por terrenos ainda mais convencionais e clássicos nas formas, conciliando a escrita das melhores canções de toda a carreira do grupo com as guitarras com personalidade de Sergeant, sumptuosos arranjos de cordas e um evidente sentido de espaço e drama. Gravado em Paris, completado em Liverpool (depois de esgotado o tempo de estúdio e orçamento previsto), é um dos mais belos álbuns pop de 80, maduro, seguro, capaz de ligar o seu tempo a toda uma série de escolas fundamentais. The Killing Moon é a mais inesquecível das canções dos Echo & The Bunnymen. Silver e Seven Seas, dois exemplos superiores de arte pop. E Nocturnal Me ou Ocean Rain exemplos da filigrana de detalhes que os arranjos e produção deste disco trabalharam com afinco, dele fazendo uma das obras-primas pop de 80.

Se gostou, experimente:
House Of Love “House Of Love” (1988)
Ian McCulloch “Candleland” (1989)
The Verve “Urban Hymns” (1997)


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sexta-feira, outubro 21, 2005

Depeche Mode amanhã na Fnac Chiado

Este sábado, o Sound + Vision propõe, em parceria com a Fnac e a EMI, um encontro com a música e imagem dos Depeche Mode. O encontro tem lugar dia amanhã, pelas 21.00 horas na Fnac Chiado. João Lopes e Nuno Galopim falam do novo Playing The Angel, e fazem um percurso por memórias fundamentais na carreira do grupo, passando por telediscos marcantes (grande parte deles assinados pelo fotógrafo Anton Corbijn) e o inevtável filme de D.A. Pennebaker sobre a digressão que deles fez fenómeno global em finais de 80. Este último, 101, é não só um documento de uma digressão determinante na solidificação da carreira dos Depeche Mode, mas também um olhar por quem estava do outro lado do palco: o público.
Fnac Chiado. Sábado, 22 Outubro, 21.00

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500 discos em 5 livros

A Editorial Estampa acaba de lançar entre nós uma colecção de cinco pequenos livros sobre os discos mais vendidos das cinco primeiras décadas da história da cultura pop/rock. Título comum: Os 100 Álbuns Mais Vendidos da Década De…, um volume por década, dos anos 50 aos 90. Os livros têm o formato de um booklet de CD, com capa dura, apresentando cada qual os cem álbuns mais vendidos da respectiva década no mercado norte-americano. Cada álbum é evocado em duas páginas, uma recordando a sua capa, a outra evocando a sua história (e de quem os assinou) e pequenas curiosidades, não esquecendo uma ficha completa com alinhamento integral, nome do produtor, editora, data da gravação e de lançamento, participantes, singles dele extraídos, número de cópias vendidas, posição mais elevada no top de vendas, e quantidade de Grammys recolhidos. Cada livro apresenta ainda diversas estatísticas de vendas em cada década e um texto de contextualização que caracteriza as tendências estéticas e de mercado de cada período em análise.
Os livros, como objectos, são um mimo. Mas o critério de selecção é o calcanhar de Aquiles de uma pequena colecção que tem o seu interesse histórico e arquivista, mas que nem sempre evoca o que de musicalmente mais significativo e determinante aconteceu na década em questão. Os discos são recordados pelo número de vendas. E apenas no mercado americano. Onde estão os Sex Pistols em 70? O primeiro Pink Floyd em 60? Bowie em 70? Radiohead nos 90? Isto para não falar num Leonard Cohen, num Tom Waits, nuns Talking Heads, Smiths, De La Soul, Kraftwerk ou Depeche Mode, musicalmente determinantes, e por acaso todos eles até relativamente bem sucedidos?
Graficamente apelativa, a colecção é contudo apenas um retrato do sucesso, não da música em si. Um documento, sem dúvida, mas de sabor incompleto. Interessante para lembrar o que os americanos escutaram. Mas em nada capazes de traduzir o que a história realmente recordará como determinante na evolução da música. Como podem os anos 90 ser traduzidos… por Shania Twain, Garth Brooks e uma banda sonora com Whitney Houston?
PS. Apesar desta colecção recordar a história pop/rock à boa maneira RFM, aconselham-se mesmo assim os volumes dedicados aos anos 50 e 60. A lógica de selecção é a mesma de 70 a 90. Mas nesses dias alguns dos melhores discos editados (excepções e não a regra, é certo) chegaram a ser descobertos pelas multidões. E as capas… As capas justificam o prazer visual que se saboreia ao virar de casa página destes dois primeiros volumes.

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Human League recordam raridades

Enquanto esperamos pelo final das gravações de um novo disco de originais, os Human League apresentam mais uma compilação, desta feita reunindo versões longas, faixas raras, lados B e remisturas editadas entre 1980 e 1990. O alinhamento de Original Remixes And Rarities inclui Being Boiled (a versão alternativa incluída em Travelogue), The Sound Of The Crowd (versão do máxi original), Hard Times (lado B de Love Action), Non-Stop (lado B de Open Your Heart), Don't You Want Me (Extended Dance Mix), Mirror Man (Extended Version), You Remind Me Of Gold (lado B de Mirror Man), (Keep Feeling) Fascination (Improvisation), Total Panic (lado B de Fascination), The Lebanon (Extended), Life On Your Own (Extended), Electric Dreams (Extended), Human (Extended) e Heart Like A Wheel (Extended). O álbum terá edição a 7 de Novembro (distribuição nacional assegurada pela EMI).
Os Human League editaram recentemente uma versão remasterizada e com temas extra (as versões longas dos três singles extraídos do álbum) do LP de 1984, Hysteria. Também recente é o álbum ao vivo Live At The Dome, documento da sua mais recente digressão.

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DN:música, 21 Outubro

Hoje, no suplemento DN:música, do Diário de Notícias:

David Fonseca. Entrevista e crítica a Our Hearts Will Beat As One. NG
Danae. Entrevista a propósito da estreia em Condição de Louco. DP
Bor Land. Entrevista com Rodrigo Cardoso sobre os cinco anos de vida da editora. Destaques do catálogo Bor Land. E a apresentação da compilação Can Take You Anywhere You Want. TP
Nils Peter Molvaer. Entrevista e crítica a Er. IS
Young Gods. Entrevista e crítica à antologia XXX, que recolhe gravações editadas entre 1985 e 2005. DP
Klaus Nomi. Entrevista a Andrew Horn, realizador do documentário The Nomi Song. Perfil de Klaus Nomi. Crítica à edição em DVD de The Nomi Song. NG
Discos. Why? (destaque), Laura Veirs (destaque) Tim Fite, Elbow, Black Dice, Broadcast, Sugababes
Jazz. Thelonious Monk Quartet com John Coltrane, Ornette Coleman & Pat Metheny
Clássica. Fritz Wunderlich, Dietrich Fischer-Dieskau, Leonard Bernstein (Mahler)
Digital. iPod Nano. TP
Sons. Denon S-101. JVH
Disco Histórico: Bjork, Debut (1993) IS

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Número com Jay Jay Johanson

A sexta edição do Número Festival decorre entre os dias 4 e 13 de Novembro, em Lisboa. Este ano a programação deste certame dedicado ao multimédia assenta sobre o mote “jogos neurológicos”. A programação musical desta edição do festival resume-se a duas noites no Clube Lua (Jardim do Tabaco), entre os dias 11 e 12 de Novembro. Estão anunciadas, entre outras, as actuações de Jay Jay Johanson, DJ Rupture, Schneider TM, Opiate, Nell’Assassin, Mécanosphere, Mau, The Lithium, Producers, Banguru e os muito promissores U-Clic.

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quinta-feira, outubro 20, 2005

ZDB comemora hoje 11 anos de vida

A galeria ZDB (Rua da Barroca, 59), espaço de referência para manifestações activistas de cultura alternativa em Lisboa, comemora hoje o seu décimo primeiro aniversário com uma sessão fora de portas... As weird psycho pop sessions que asssinalam a noite de festa ZDB terão lugar a bordo de um cacilheiro, que parte do cais de ferrys do Cais do Sodré pelas 21.30. A bordo seguem, como protagonistas da noite, os Animal Collective, cujo novo álbum Feels, editado esta semana, gerou impressionante unanimidade junto da crítica nacional e se prepara para fechar o ano como um daqueles títulos certos nas listas de balanço dos melhores pelos quais recordaremos 2005. Além dos Animal Collective, a noite a bordo do cruzeiro ZDB segue também o argentino Alan Courtis, figura de referência no activismo de música e artes extremas na América do Sul das últimos décadas. Os bilhetes para estão à venda a 20€ (venda no dia) e 12€ (sócio zdb). Reservas por mail para zdb@zedosbois.org.
A programação musical da ZDB para este mês inclui ainda sessões com Monno (dia 21), Carlos Bica e Alexandre Soares + Jorge Coelho (dia 22), Tucanas (dia 28), Adriana Sá + Hugo Baptista e gigantiq (dia 29) e Kevin Blecdon + Planningtorock e Melted Men (dia 31).
Da programação de Novembro, destaque, dia 3 para a presença de Final Fantasy, o projecto pessoal de Owen Pallet, violinista dos Arcade Fire que este ano editou o magnífico Has A Good Home. Ainda em Novembro há concertos com Meira Archer (dia 10) e Lou Barlow (dia 11).
Site da ZDB

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Blur com EP para mudar de vida

Os Blur vão editar, talvez ainda este ano, um EP no qual deverão ensaiar e mostrar o novo rumo pelo qual a sua música vai seguir e, certamente, dominar o álbum que vai chegar aos escaparates só em 2006. O EP, tal como o álbum, vai mostrar uns Blur reduzidos a apenas três elementos, sem guitarrista adicional que preencha o antigo lugar de Graham Coxon. E aqui reside a fonte de inevitável mudança. Em declarações à XFM, Damon Albarn deixou claro que não pretende um novo álbum cheio de paisagens e texturas elaboradas. Uma das razões desta opção deve-se ao que considera ser a sua relação "básica" (palavra sua, sim) com a guitarra. E rematou, afirmando que quer tocar canções de três acordes sem ter de estar a olhar para as cordas da guitarra... Albarn acrescentou que o sucessor de Think Tank será por isso "agressivo" e "relaxado" (a primeira palavra possivalmente apontando ao som, a segunda à atitude em estúdio). E parece evidente a vontade em não projectar os espaços vistados pelo seu projecto Gorillaz em território da casa-mãe. Blur simples e directo? E agressivos? Não os ouvimos assim desde Popscene...

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