quinta-feira, setembro 29, 2005

A classe média segundo Chabrol

Claude Chabrol está de volta com A Dama de Honor, um filme de requintada observação de medos e fantasmas da classe média francesa — é verdade que esta é a sua área mais frequente, mas também é verdade que, aos 75 anos, ele está longe de ser um cineasta instalado no seu próprio prestígio. Sobretudo, há muito que se libertou da preocupação "oficial" de repetir a imagem de marca de experimentador da Nova Vaga francesa (onde, para todos os efeitos, ocupa um lugar fundamental, a par de Godard, Truffaut, Rohmer ou Rivette).
A Dama de Honor baseia-se num romance de Ruth Rendell. Centrado numa relação bizarra, enraízada numa lógica quase demoníaca do amor, o filme organiza-se em torno de um par de magníficos actores: Benoît Magimel (Os Ladrões, A Pianista) e Laura Smet (espantosa actriz de 22 anos, filha de Nathalie Baye e Johnny Hallyday). Muito cuidado em todos os campos expressivos, A Dama de Honor tem uma magnífica direcção fotográfica do português Eduardo Serra — neste momento, aliás, Serra roda o seu quinto filme com Chabrol, La Comédie du Pouvoir, com estreia francesa prevista para o próximo mês de Dezembro.
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